Desafios de Galípolo, a alta de empregos verdes nos EUA e o que importa no mercado

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Galípolo é colocado à prova

Armínio Fraga, o comandante do Banco Central de 1999 a 2003, vê a confirmação de Gabriel Galípolo para comando da instituição como uma oportunidade de o governo Lula compreender alguns desafios do Brasil.

Ele conversou com a 💥️Folha na tarde de ontem, assim que o ministro Fernando Haddad confirmou a indicação, em nome do presidente da República.

  • "A minha expectativa é que, sendo ele uma pessoa da confiança, possa conversar com eles lá de dentro, e dizer: 'Olha, o Banco Central sozinho não resolve, e não é maldade de ninguém'", disse o economista.

💥️Restrições. Armínio Fraga declarou apoio a Lula nas eleições de 2022, mas hoje critica a administração das contas públicas.

Para ele, Galípolo tem desafios porque o contexto é de incerteza sobre o futuro dos gastos do governo, da inflação e do dólar.

💥️Sim, mas… Fraga vê essas restrições que ele enfrentará como algo positivo porque exigirão decisões acertadas.

↳ A primeira das restrições seria a própria autonomia dada ao presidente do BC, com mandato de quatro anos.

↳ Outra é a desconfiança ainda presente de agentes do mercado financeiro, que defendem um controle forte da inflação usando o patamar de juros que for necessário para isso.

↳ O alto preço político a ser pago pelo governo em caso de decisões equivocadas é outra dessas dificuldades no caminho.

💥️Fragilidade. O Brasil só fechou as contas no azul uma vez nos últimos dez anos, em 2022.

Déficits seguidos elevam a dívida pública, a inflação e o risco de calote aos investidores.

O resultado é o juro em patamar alto e o crescimento mais fraco.

💥️A meta. O governo tem como compromisso fechar as contas ao menos no zero a zero, sem déficit, em 2024 e em 2025.

O alvo de 2025, porém, era mais desafiador e foi relaxado meses atrás, o que aumentou a desconfiança de agentes do mercado.

Nos últimos meses, a alta das expectativas de inflação para 2025, os preços de hoje e o dólar valorizado são vistos como resultado dessa incerteza.

Nesse cenário, há quem defenda uma alta de juros na próxima reunião do Banco Central, em setembro, que desfaria parte dos cortes feitos entre 2023 e 2024.

↳ A taxa básica de juros, Selic, hoje está em 10,50% ao ano.

↳ A inflação corrente estava 4,50% em julho, acima do centro da meta, que é 3%.

💥️Mais repercussões. A confirmação de Gabriel Galípolo é vista com bons olhos pelo mercado porque retira a incerteza que pairava, apesar do nome dele já ser dado como certo.

A Bolsa de Valores reagiu positivamente e fechou em novo patamar recorde, com alta de ações de peso, como Vale, Itaú e Bradesco.

↳ Há quem alerte, assim como Armínio Fraga, que a credibilidade de Galípolo, mesmo que crescente, ainda não foi alcançada totalmente.

💥️Próximos passos. Se aprovado na sabatina do Senado, assume o cargo de Roberto Campos Neto, à frente da instituição desde 2023 por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e cujo mandato termina em 31 de dezembro.

Senadores da base aliada abriram articulações para a sessão ser realizada no dia 10 de setembro, mas enfrentam resistências. Alguns tentaram até a próxima terça-feira (3).

Atritos entre o Senado e o governo federal, incluindo o impasse criado pelo congelamento do pagamento de emendas parlamentares, são pedras no caminho.

Outro fator é o envolvimento de parlamentares nas campanhas municipais, o que reduz o quórum do Senado.

↳ Os próximos dias devem ser de negociações.

💥️Quem é: torcedor do Palmeiras, Galípolo, atualmente diretor de Política Monetária, é economista, com graduação e mestrado pela PUC-SP. Entre os autores favoritos, estão Machado de Assis e Dostoiévski.

Aos 42 anos — idade média de outros presidentes de bancos centrais —, foi auxiliar de Haddad na Fazenda em 2023 e colaborou com a campanha de Lula.

↳ Antes, presidiu o banco Fator. Isso é visto como facilitador do seu bom relacionamento com o mercado financeiro.

↳ Uma curiosidade: ele é namorado de Elisa Veeck, âncora da CNN Brasil.

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