Incentivados pelo Hamas, palestinos na Cisjordânia se radicalizam contra Israel

As vielas estão envoltas em uma penumbra permanente, cobertas por lonas pretas para esconder os combatentes palestinos dos drones israelenses logo acima. Bandeiras verdes da facção terrorista Hamas e faixas "em memória de mártires" estão penduradas nos prédios, muitos gravemente danificados durante incursões e ataques aéreos de Israel para tentar conter uma crescente militância no território, alimentada pela guerra.

Este local, porém, não é Gaza ou um reduto tradicional do Hamas. É um campo de refugiados em Tulkarem, uma cidade na Cisjordânia ocupada por Israel, onde a facção relativamente moderada do Fatah mantinha o controle havia muito tempo.

Recentemente, conheci um comandante local desses jovens militantes, Muhammad Jaber, 25, em uma dessas vielas empoeiradas e destruídas. Um dos homens mais procurados por Israel, ele e outros combatentes como ele afirmam ter mudado de lealdade ao Fatah, que administra parte da Cisjordânia, para grupos mais radicais como o Hamas e o Jihad Islâmico, desde os ataques de 7 de Outubro.

Perguntado sobre que lição ele tirou da guerra em Gaza, Jaber fez uma pausa por um momento para pensar. "Paciência", ele disse. "E força. E coragem."

Campos de refugiados no norte da Cisjordânia, como o de Tulkarem, têm sido foco de militância por anos, muito antes da guerra Israel-Hamas, à medida que os combatentes resistiam à crescente instalação de assentamentos israelenses e ao fracasso do processo de paz em busca de um Estado palestino.

Após o 7 de Outubro, o Hamas incentivou todos os palestinos a se juntarem à sua revolta contra Israel, um apelo que parece ter sido atendido por alguns desses campos.

Militantes como Jaber querem expulsar os israelenses da Cisjordânia, que Israel ocupou após a guerra de 1967, e alguns, como o Hamas, querem expulsar os israelenses da região inteira.

Mais armas e explosivos estão sendo fabricados na Cisjordânia, de acordo com os próprios combatentes e autoridades militares israelenses. Eles afirmam que a Autoridade Palestina —dominada pelo Fatah— está perdendo terreno para as facções palestinas mais radicais, que recebem mais apoio do Irã na forma de dinheiro e de armas contrabandeadas para o território.

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O Fatah reconhece o direito de Israel de existir e coopera com seu Exército. Mas alguns dos militantes afiliados ligados ao grupo —parte das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, crucial para a segunda intifada do início dos anos 2000—, nunca respeitaram a Autoridade Palestina e seus compromissos com Israel e a ocupação. Alguns, como Jaber, simplesmente declararam sua nova lealdade às facções mais linha-dura.

Jaber, amplamente conhecido por seu nome de guerra, Abu Shujaa, que significa Pai dos Corajosos, comanda o ramo local do Jihad Islâmico, que domina o campo de Tulkarem. Ele também lidera um coletivo de todas as facções militantes daquela área, incluindo a Brigada dos Mártires de Al-Aqsa, conhecida como Khatiba. Jaber disse ter saído do Fatah porque o Jihad Islâmico e o Hamas estavam efetivamente lutando contra Israel.

Ele ganhou um status de mito depois de o Exército israelense anunciar que o havia matado durante uma incursão no campo de Tulkarem. Três dias depois, emergiu vivo no funeral de outros palestinos mortos durante aquela mesma incursão, sob gritos jubilosos dos residentes do campo.

Nós nos encontramos em uma viela com ruas transformadas em areia por tratores israelenses, antes de entrarmos em uma loja para evitar sermos avistados por drones. Magro e barbudo, vestindo uma camiseta preta da Hugo Boss com uma pistola Sig Sauer na cintura, Jaber era observado por seis seguranças. Alguns estavam armados com rifles M16 e M4 com carregadores cheios e miras ópticas.

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