Corretor é suspeito de golpes que somam R$ 35 milhões contra fazendeiros de Goiás

Epicentro da riqueza do agronegócio em Goiás, Rio Verde, no sudoeste do estado, é cenário nos últimos 15 dias de uma investigação policial que apura supostos golpes em produtores rurais que chegam a pelo menos R$ 35 milhões.

A suspeita da Polícia Civil é que um corretor que atuava no ramo havia pelo menos dez anos tenha recebido grãos de fazendeiros para comercializar com outras empresas e, após receber o valor, não teria efetuado os repasses aos produtores. Sua defesa alega que não há estelionato e que a empresa enfrentou dificuldades financeiras, que podem ser resolvidas com uma recuperação extrajudicial.

A 8ª Delegacia Regional de Rio Verde tomou conhecimento do caso no último dia 21 ao ser procurada por produtores rurais e, além de abrir a investigação, pediu que denúncias fossem registradas na delegacia. Foi o que passou a ocorrer.

Desde então, ao menos nove produtores prestaram depoimento e afirmam que não receberam os valores que deveriam ter sido pagos pelo corretor Vinícius Martini de Mello, dono da Total Grãos, que deixou a cidade após a deflagração do caso e está fora do país, segundo a polícia.

Para o delegado Marcio Henrique Marques de Souza, que investiga o caso, o valor pode aumentar, já que há contratos entre outros produtores de grãos e o corretor que ainda não venceram. A defesa dele afirma que os contratos vigentes aproximam-se de R$ 80 milhões e que, como a maior parte não venceu, "não há o que se falar em golpe".

Conforme os contratos venciam, diz a polícia, o corretor pedia mais prazo aos credores ou não respondia aos contatos dos produtores, até desaparecer da cidade goiana.

O valor aferido até agora, segundo a polícia, foi possível de ser obtido justamente pelo fato de o corretor fazer contratos e entregar cheques como garantia aos clientes. Porém os negócios não foram pagos.

"Os registros foram feitos nesta semana [semana passada], quando tiveram notícia de que o indivíduo tinha fugido de Rio Verde. Ele não está no Brasil", disse o delegado.

Mello deixou a cidade por causa das ameaças que têm sofrido —e que atingem também seus familiares—, segundo o advogado Emerson Ticianelli, que o defende no caso.

Além de produtores de Rio Verde, quarta cidade mais rica do agronegócio no país, produtores de municípios vizinhos podem ter sido vítimas. A Polícia Civil tem feito diligências nos últimos dias e acredita que o valor envolvido subirá, já que recebeu relatos de casos semelhantes em cidades da região de Rio Verde, mas que ainda não foram registradas pelas supostas vítimas.

"Esse valor pode subir mais, muito mais", disse o delegado. Em Goiás, outros nove municípios figuram na lista dos cem mais ricos do agro —entre eles cidades do próprio sudoeste do estado, onde fica Rio Verde, como Jataí, Chapadão do Céu, Mineiros e Montividiu.

CONTATO VIRTUAL

Mello enviou emails a credores há cerca de dez dias, em que se justifica afirmando que sofreu prejuízos no ano passado e que sua empresa ficou impossibilitada de efetuar os pagamentos. Disse ainda que busca formas de obter crédito e quitar as dívidas e que voltará à cidade para fazer isso.

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Como está fora da cidade e afirma receber ameaças, Mello diz que está disposto a prestar depoimento à polícia sobre o caso, mas de forma remota.

O advogado refuta que seu cliente tenha cometido estelionato e afirma que a empresa Total Grãos enfrentou dificuldades financeiras e que por isso não pagou os clientes.

"Me causa estranheza o fato de a autoridade policial local ter aberto um inquérito policial em decorrência das dificuldades financeiras de uma empresa. E, vou mais além ainda, abrir um inquérito policial sobre a informação de que houve R$ 400 milhões de desvio, sendo que sequer existem R$ 80 milhões de contratos", disse.

Circula entre fazendeiros e empresários que atuam com grãos na cidade a informação de que o montante devido por Mello seria de R$ 400 milhões, mas a polícia afirma que isso, até o momento, é somente especulação.

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