Líder histórico do lobby das armas de fogo nos EUA demite-se 24
À frente do lobby das armas desde 1991, Wayne LaPierre anunciou que a sua saída dos cargos de vice-presidente executivo e diretor executivo da NRA se torna efetiva a 31 de janeiro e que o seu sucessor será um dos membros da sua direção, Andrew Arulanandam.
“Com orgulho por tudo o que alcançámos, anuncio a minha demissão da NRA”, disse LaPierre numa nota divulgada pela organização.
“Nunca deixarei de apoiar a NRA e sua luta para defender a liberdade da Segunda Emenda [da Constituição, sobre o direito ao porte de armas de fogo]. Nunca a minha paixão pela nossa causa foi tão profunda como hoje”, adiantou.
O início do julgamento do processo contra LaPierre e outros responsáveis da NRA movido pela procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, está agendado para segunda-feira.
LaPierre, de 74 anos, é conhecido pelas suas posições extremas sobre o porte de armas no país, incluindo que a solução para os tiroteios frequentes em estabelecimentos de ensino é colocar nos mesmos guardas fortemente armados.
A procuradora Letitia James alega que os principais executivos da NRA desrespeitavam as regras da organização sem fins lucrativos ao desviar milhões de dólares para financiar um estilo de vida luxuoso, incluindo viagens às Bahamas, safaris em África e passeios em iates.
Embora a sede da NRA seja na Virgínia, a procuradora-geral de Nova Iorque tem autoridade para investigar a organização, uma vez que a mesma foi fundada em Nova Iorque.
Um juiz de Manhattan rejeitou um anterior pedido de dissolução da NRA, advogando que havia maneiras de reformá-la – nomeadamente através da possível remoção dos principais executivos -, mas permitiu que grande parte do restante processo fosse levado adiante.
Na sequência desse processo, a NRA entrou com pedido de falência e pediu para ser reincorporada no Texas, num movimento que foi visto por um juiz de Dallas como uma tentativa de escapar ao processo em Nova Iorque, acabando por rejeitar a falência.
A NRA acusou Letitia James de travar “uma campanha de retaliação flagrante e maliciosa” por causa dos seus pontos de vista.
A NRA, que se assume como defensora da Segunda Emenda da Constituição sobre o porte de armas, foi fundada em Nova Iorque, em 1871, e conseguiu, em 1975, formar um braço de ‘lobby’ – o Instituto de Ação Legislativa – para influenciar a política do Governo.
Em 1977, formou o seu próprio Comité de Ação Política (PAC), para canalizar recursos para apoiar os legisladores defensores das armas.
Desde então, a NRA solidificou-se como o maior e mais poderoso grupo de ‘lobby’ de armas no país e que há anos monta uma oposição determinada a todos os esforços para reduzir ou restringir o acesso a armas de fogo, apoiando-se num orçamento multimilionário para influenciar os membros do Congresso sobre a política de armas.
Em 2023, a NRA declarou gastos em torno dos 250 milhões de dólares (230 milhões de euros) – muito mais do que todos os grupos de ‘lobby’ sobre a política federal de armas do país juntos, de acordo com a BBC.
A NRA tem um número muito maior de membros do que qualquer um desses grupos e usa parte dos seus fundos para financiar campos de tiro e programas educativos.
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