Ministro da Saúde anuncia internato de especialidade para os enfermeiros a curto prazo
Luís Filipe Barreira começou a sua intervenção com uma mensagem de agradecimento dirigida à amiga de mais de 25 anos, Ana Rita Cavaco, com quem partilhou o sonho de construir uma “Ordem de portas abertas, irreverente, moderna, com capacidade para revolucionar a profissão”. Sonho que considera concretizado ao fim de sete anos como membros da direção da instituição.
Em relação ao evento realizado estes dois dias na Figueira da Foz, e que contou com cerca de 1400 profissionais de enfermagem, o Vice-Presidente da Ordem dos Enfermeiros referiu que “representa mais um passo no sentido do reforço da voz dos enfermeiros, assim como a sua crescente vontade e disponibilidade em participar no futuro de um sistema de saúde mais robusto, coeso e capaz de dar resposta às necessidades dos portugueses”.
Luís Filipe Barreira realçou o esforço sobre-humano exigido aos enfermeiros nos últimos anos, devido ao contexto vivido, fez referência às incertezas da atualidade relacionadas com a instabilidade económica, financeira e social, demonstrando, por isso, a urgência na adoção de uma estratégia de prioridades no setor da saúde.
Fazendo uma antevisão do futuro próximo da Enfermagem em Portugal, O Vice-presidente da Ordem salientou que “não há outro caminho que não seja o de valorizar os recursos humanos da saúde, de forma transversal, sem cedências”, de modo a evitar-se uma “degradação progressiva dos cuidados prestados”. Avançar “com o reconhecimento concreto da centralidade dos Enfermeiros no sistema de saúde”.
Em modo de conclusão, Luís Filipe Barreira, dirigiu-se a Manuel Pizarro, a quem considera um interlocutor atento e disponível, com um repto de que “é preciso ter a coragem de falar claro”, enumerando de seguida os temas prementes para os enfermeiros e que “interferem decisivamente na dignidade do exercício da profissão”: revisão da carreira de enfermagem, que irá permitir consolidar o desenvolvimento profissional atual; negociação com os sindicatos de uma nova grelha salarial, que reflita a diferenciação e os contributos destes profissionais no sistema de saúde; a inclusão da profissão de enfermeiros na lista de profissões de desgaste rápido com acesso à redução da idade da reforma e a criação do Internato da Especialidade para os Enfermeiros.
Manuel Pizarro, Ministro da Saúde, começou por agradecer o convite para estar presente na II Convenção Internacional dos Enfermeiros e salientou que “se trata de um diálogo muito relevante e muito útil que diz respeito à mais numerosa profissão do Serviço Nacional de Saúde e uma profissão, sem a qual não existiria Sistema Nacional de Saúde”.
O Ministro da Saúde acredita que alimentar conflitos entre profissões não tem nenhum valor para as pessoas e deve-se olhar para as profissões da saúde enquanto cooperantes. “A ideia de umas profissões terem predominância sobre as outras, é uma ideia conservadora, é uma ideia reacionária, e uma ideia que não merece consagração num mundo atual”, concluiu.
Em relação às urgências da classe que têm vindo a ser apontadas pelos enfermeiros, e perante uma “evolução natural”, Manuel Pizarro admite ser absolutamente necessário ser encontrado “um entendimento que faça uma consagração do funcionamento do internato da enfermagem. Assim, assumiu “que ainda este mês será constituído um grupo de trabalho bipartido entre o Ministério da Saúde e os seus diferentes organismos e a Ordem dos Enfermeiros para trabalharmos na forma técnica de concretizar a existência de um internato da enfermagem que eu desejo que esteja no terreno no próximo ano ou, quando muito, em 2025”.
O tema da redução da idade para atingir a reforma foi também abordado pelo Ministro da Saúde que o identificou como um tema “difícil, difícil, difícil”. Considera que poderão vir a ser encontradas soluções particulares e que “talvez possa haver espaço para um debate sério sobre soluções intermédias que compensem certas formas de desgaste”.
O final da sessão de encerramento da II Convenção Internacional dos Enfermeiros foi, ainda, marcada pela atribuição dos Prémios Valor e Excelência, para distinguir personalidades de diversos setores da sociedade que contribuíram para a promoção dos trabalhos dos profissionais de enfermagem, nomeadamente: Pedro Ramos, Clélio Meneses, Eduardo Oliveira e Élvio Jesus, Eduarda dos Santos Cordeiro, Filipe Mendonça (Menções Honrosas); Ana Rita Cavaco, (Promoção da Enfermagem Portuguesa); Ana Paula Fernandes, Angelina Francisco, Fátima Pessoa, Marco Neves, Maria Paula Branco, (Boas Práticas em Gestão ou Assessoria); Andreia Silva da Costa (Investigação); Beatriz Rodrigues Araújo, Jorge Brandão, Pedro Luís Ferreira, (Docência e Formação); Bruno Magalhães, (Empreendedorismo e Inovação); Rui Rocha, Enfermeiros Aeronáuticos – equipa de Enfermagem da Esquadra 751 (Prestação de Cuidados); Sérgio Deodato (Ética e Deontologia em Enfermagem).
Os temas em discussão no segundo dia da II Convenção Internacional dos Enfermeiros foram “Valor Económico da Enfermagem”, “Desafios colocados aos sistemas de saúde e à Enfermagem”, que contou com a participação de Fernando Araújo, diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, e ainda “Planeamento estratégico em Saúde”.
Com a chancela do Alto Patrocínio da Presidência da República, a II Convenção Internacional dos Enfermeiros VI Congresso dos Enfermeiros contou ainda com a apresentação de uma centena de trabalhos científicos, entre E-pósteres e comunicações orais.
Foto: OE.
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