Rombo nas contas externas quase triplica até setembro e atinge US$ 29,6 bi, aponta Banco Central
As contas externas do país registraram um déficit de US$ 29,58 bilhões nos nove primeiros meses do ano, quase o triplo do mesmo período do ano passado (US$ 11,35 bilhões). As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (24) pelo Banco Central.
Ao mesmo tempo, porém, os investimentos estrangeiros diretos na economia foram os maiores em onze anos (💥️veja mais abaixo nessa reportagem).
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
De acordo com o BC, o aumento no déficit das contas externas na parcial de 2022 está relacionada, principalmente, a uma piora na conta de serviços (mais gastos no exterior, incluindo viagens) e de renda (aumento das remessas ao exterior pelas empresas).
Para todo ano de 2022, a expectativa do Banco Central é de uma piora nas contas externas. A estimativa da instituição é de um déficit de US$ 47 bilhões. Se confirmado, será o maior desde 2023 (-US$ 65 bilhões), ou seja, em três anos.
De acordo com o BC, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira totalizaram US$ 70,66 bilhões de janeiro a setembro deste ano, o que representa o maior patamar desde 2011 (US$ 77,78 bilhões), ou seja, em onze anos. A série histórica do BC tem início em 1995.
Com isso, os investimentos foram mais do que suficientes para financiar o déficit das contas externas.
Somente em setembro, a entrada de investimentos estrangeiros no país somou US$ 9,18 bilhões, com crescimento na comparação com o mesmo mês do ano passado - quando somou US$ 4,6 bilhões.
Já em doze meses, os investimentos estrangeiros somaram US$ 73,8 bilhões até setembro deste ano, contra US$ 69,2 bilhões no mês anterior (agosto) e US$ 49,9 bilhões em setembro de 2023.
Em todo o ano passado, os investimentos estrangeiros no país totalizaram US$ 46,441 bilhões. A previsão do BC é de que, em 2022, eles cheguem a US$ 66 bilhões.
Segundo informações do Banco Central, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 907 milhões em setembro deste ano. Com isso, foi interrompida uma sequência de seis meses acima da marca de US$ 1 bilhão.
Já no acumulado dos nove primeiros meses deste ano, ainda segundo o BC, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 8,98 bilhões. Isso representa um aumento de 171% na comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 3,31 bilhões).
Os números do BC mostram que os gastos de brasileiros no exterior ainda não retomaram o patamar de antes da pandemia, iniciada em março de 2023.
Antes da Covid-19, as despesas geralmente ficavam acima de US$ 1,3 bilhão por mês, podendo superar US$ 2 bilhões em meses de alta temporada.
As despesas de brasileiros lá fora são influenciadas por alguns fatores, como o nível de atividade econômica e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.
Passagens e despesas com hotéis, por exemplo, são cotadas em moeda estrangeira. Com isso, quando o dólar está alto, os brasileiros acabam gastando mais com esses itens.
Nesta segunda-feira, o dólar opera em alta, em meio à expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) possa desacelerar o ritmo de aumento da taxa de juros do país e ao movimento de busca pela moeda norte-americana visto no exterior.
Às 9h43, a moeda norte-americana subia 1,77%, cotada a R$ 5,2381. Veja mais cotações.
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