Lula vê Brasil 'isolado' e diz que se eleito fará reuniões com EUA, China, países vizinhos e da Europa
Ex-presidente Lula (PT) concede entrevista a rádio de Brasília — Foto: Reprodução
O ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência da República, afirmou nesta quinta-feira (27) que o Brasil está 'isolado' na política externa e que, se eleito, fará reuniões com Estados Unidos, China, União Europeia e países da América do Sul para buscar reaproximação.
Para Lula, "o único contencioso" do Brasil é o presidente Jair Bolsonaro (PL), que fala "bobagem" sobre outros países.
Lula, que completou 77 anos nesta quinta, deu as declarações ao conceder entrevista à Rádio Clube FM, de Brasília.
"Eu acredito que é possível reconstruir o Brasil do ponto de vista da política externa. Vou fazer reunião imediatamente com a União Europeia, vou fazer reunião com os Estados Unidos, vou fazer reunião com a China e vou fazer reunião com os países da América do Sul", afirmou.
"Não é possível a gente viver num país onde o presidente não conversa com ninguém. Ninguém convida ele para viajar nem ninguém quer vir aqui no Brasil. O Brasil está isolado. Um país que não tem contencioso internacional com ninguém. O único contencioso é o Bolsonaro falando bobagem contra os países vizinhos, coisa que não é papel de presidente. Um chefe de Estado não se mete nos problemas dos outros países, ele cuida do seu país", completou.
Ao longo do mandato, Bolsonaro entrou em polêmica com líderes de diversos países, entre os quais Argentina, Chile, Uruguai, Venezuela, Cuba, Noruega, Alemanha e Estados Unidos (na gestão de Joe Biden) — .
Durante a entrevista desta quinta-feira, Lula foi questionado sobre qual perfil buscará para o Ministério da Economia caso seja eleito.
O candidato, então, respondeu que se eleito buscará uma pessoa que tenha responsabilidade fiscal e responsabilidade social.
"O meu ministro da Economia será um perfil de um cara que tenha muita inteligência política e uma pessoa que tenha muito compromisso social. Será uma pessoa que tenha que pensar na responsabilidade fiscal, mas que tenha que pensar também na responsabilidade social", afirmou.
"Cada vez que a gente tem que segurar o dinheiro tem que pensar que tem gente passando fome, que tem gente dormindo debaixo da ponte, que tem criança abandonada. Temos que pensar que tem milhões de crianças que voltara para a escola com dois anos de atraso porque passaram dois anos sem estudar", acrescentou.
Lula tem reiterado que, se eleito, buscará revogar a emenda constitucional do teto de gastos, que limita as despesas da União à inflação do ano anterior.
Proposta em 2016 e em vigor desde 2017, a norma só pode ser alterada se a alteração for aprovada pelo Congresso Nacional, onde deve ser submetida a dois turnos de votação na Câmara dos Deputados e a mais dois turnos de votação no Senado.
Para ser aprovada, uma mudança constitucional precisa do apoio mínimo de três quintos dos parlamentares (308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores).
2 de 2 Ex-presidente Lula durante agenda em São Paulo nesta quinta-feira (27) — Foto: Mariana Aldano/TV GloboEx-presidente Lula durante agenda em São Paulo nesta quinta-feira (27) — Foto: Mariana Aldano/TV Globo
Após a entrevista à Rádio Clube, Lula foi à produtora da campanha, na vila Madalena, em São Paulo ().
O segundo turno da eleição está marcado para o próximo domingo (30).
As pesquisas eleitorais têm mostrado o petista à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.
Levantamento do instituto Ipec divulgado na última segunda-feira (24), por exemplo, mostrou Lula com 50% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro apareceu com 43%.
No primeiro turno, Lula recebeu 57 milhões de votos (48,4%) e ficou à frente de Bolsonaro, que recebeu 51 milhões de votos (43,2%).
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