Águas do Rio completa um ano de concessão com ampliação da rede; especialista avalia promessas e desafios
Antes e depois de algumas instalações da Águas do Rio — Foto: Divulgação
Após um ano como concessionária responsável pelos serviços de saneamento e distribuição de água em 27 municípios do Estado do Rio de Janeiro, a Águas do Rio apresentou seus números para o período.
Depois de assumir as funções da Cedae, a nova concessionário ampliou sua rede de distribuição de água em 💥️160 km, o que representa três Avenidas Brasil de novas tubulações. Segundo a empresa, 💥️248 mil pessoas passaram a receber água encanada de qualidade no último ano.
Além de receber os números da empresa sobre o primeiro ano de concessão, o g1 ouviu um especialista que avaliou o panorama do período como positivo, mas disse que a realização de obras de infra-estrutura ainda é necessária ().
O mês de novembro de 2023 marcou o começo dos trabalhos da concessionária Águas do Rio. Com um investimento de aproximadamente💥️ R$ 15 bilhões, a Águas do Rio venceu dois blocos (1 e 4) do leilão da Cedae.
A empresa assinou o contrato de concessão com o Governo do estado em agosto do ano passado, quando o presidente 💥️Alexandre Bianchini prometeu a contratação de 6 mil profissionais diretos, sendo 3 mil deles vindos de comunidades. Após 12 meses, a empresa contratou 💥️8 mil profissionais. Desse total, 💥️4,5 mil são moradores de favelas.
Segundo a concessionária, o primeiro ano da Águas do Rio foi marcado pela recuperação do sistema de saneamento básico herdado, como estações de tratamento de água, elevatórias, a modernização e automação de equipamentos e a reativação de reservatórios.
💥️Veja alguns destaques desse primeiro ano de concessão:
Em muitas comunidades do Rio de Janeiro a água encanada ainda é um sonho. Milhares de moradores dessas favelas só tem acesso a água através de poço ou de ligação clandestina.
"Há anos que a gente tentava e não conseguia (a regularização). Você não sabe o tamanho da felicidade que é ter um hidrómetro e pagar certinho pelo que a gente usa", comentou uma moradora da Mangueira, na Zona Norte do Rio, feliz por ter sua situação regularizada.
2 de 4 Moradora da Mangueira, na Zona Norte do Rio, com água encanada depois de 17 anos dando um jeitinho pra ter água. — Foto: ReproduçãoMoradora da Mangueira, na Zona Norte do Rio, com água encanada depois de 17 anos dando um jeitinho pra ter água. — Foto: Reprodução
💥️Maria Jose da Silva Alves, moradora de Manguinhos, outra comunidade da Zona Norte, também comentou sobre o serviço da concessionária na favela. Segundo ela, foram 20 anos convivendo com "uma piscina de esgoto" na porta de casa. Só em Manguinhos, a Águas do Rio realizou a substituição de mais 100 metros da rede de esgoto.
Somente na parte da frente da casa dela, a concessionária drenou mais de 50 mil litros de esgoto represado. Ao todo, foram refeitas mais de 50 ligações de esgoto residencial na comunidade.
De acordo com a Águas do Rio, o contrato de concessão assinado com o Governo do Estado está em alinhamento com o Marco Legal do Saneamento e prevê o prazo de cinco anos para construir coleta em tempo seco em todas as comunidades cariocas que não possuem nenhum tipo de coleta.
Além disso, a empresa tem até 12 anos (2033) para a construção do sistema de esgotamento sanitário no modelo separador absoluto no restante da cidade. O modelo consiste em redes de esgoto separadas das galerias pluviais.
3 de 4 Águas do Rio fez 50 ligações de esgoto residencial na comunidade de Manguinhos, na Zona Norte do Rio — Foto: DivulgaçãoÁguas do Rio fez 50 ligações de esgoto residencial na comunidade de Manguinhos, na Zona Norte do Rio — Foto: Divulgação
Vale destacar que muitas comunidades do Rio já possuem redes de esgoto separadas das pluviais, porque passaram por obras de infraestrutura dentro de projetos como o Favela Bairro e o Morar Carioca.
Segundo a concessionária, nos próximos anos serão investidos 💥️R$ 19 bilhões em obras de infraestrutura para resultar em dois grandes marcos no saneamento. O primeiro deles aponta que 💥️99% da população terá acesso a água tratada. A segunda meta é garantir a universalização do esgoto em 12 anos.
Outra promessa da empresa para os próximos anos é a construção de um cinturão de proteção no entorno da Baía de Guanabara, com o objetivo de evitar que milhões de litros de esgoto sem tratamento sejam lançados no local.
Segundo a Águas do Rio, a operação vai custar cerca de 💥️R$ 2,7 bilhões e estará pronto em cinco anos.
Em entrevista ao g1, o professor 💥️Adacto Ottoni, do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Uerj, avaliou cada uma das promessas feitas pela Águas do Rio e comentou sobre a atuação da concessionária ao longo desse primeiro ano.
Na opinião de Ottoni, a chegada da Águas do Rio foi um grande avanço em relação aos últimos anos de serviços prestados pela Cedae.
"Me parece que a Águas do Rio confirmou que vai ter água potável para todas as favelas da cidade do Rio, sem que os moradores precisem pegar água de balde ou de poço. Isso é uma ótima notícia. Água potável é vida, é saúde para a população. Outra informação bastante promissora é que eles têm até 2033 para implantar o separador absoluto em toda área formal da cidade (fora das comunidades). Outra boa notícia", avaliou.
4 de 4 Instalação de rede de esgoto em Belford Roxo, na Baixada Fluminense — Foto: DivulgaçãoInstalação de rede de esgoto em Belford Roxo, na Baixada Fluminense — Foto: Divulgação
Apesar da boa avaliação, o professor Ottoni entende que as obras de infraestrutura, como a instalação da coleta de tempo seco nas favelas e de separador absoluto nas áreas formais da cidade, devem acontecer paralelamente ao monitoramento dos rios.
"À medida que você vai implantando a coleta de tempo seco nas favelas e o saneamento de separador absoluto nas áreas formais, é importante que se tenha o monitoramento dos rios para melhorar a qualidade da água. Essa é uma intervenção que deve ser cobrada ou da Águas do Rio ou do INEA, para comprovar se está resolvendo ou não. (...) Tem que haver uma melhora da qualidade do rio em toda essa região que está sendo atendida pelo sistema de esgotamento sanitário", define o especialista.
Atacto Ottoni também levantou dúvidas sobre a construção de um cinturão de proteção da Baia de Guanabara. Para o professor, essa estratégia não vai resolver o problema da poluição na Baia de Guanabara. Para o professor, a obra não vai resolver a causa do problema.
Para Ottoni, a melhor estratégia seria tentar impedir que o lixo e o esgoto entrassem nos rios que vão desaguar na baia.
"Se eles estão pensando em fazer o cinturão de proteção da Baia de Guanabara vinculado a coleta de tempo seco das comunidades, aí vai ser um absurdo pior ainda. Se for assim, você vai deixar tudo poluir o rio para depois tentar resolver o problema. O correto é não deixar o esgoto entrar no rio", explicou.
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