Funcionária que acusou mulher negra de furto no RJ admite que fez 'abordagem indevida'
A então fiscal de da Lojas Renner do Madureira Shopping, que acusou uma jovem negra de ter furtado uma blusa alegou, em depoimento à 💥️29ª DP (Madureira), que fez uma abordagem após notar um "movimento" feito pela secretária Awdrey Ribeiro Screiter, de 21 anos. Ela é investigada por calúnia.
A vigilante disse aos investigadores que "💥️desconfiou que se tratasse de uma peça da loja", após ela "colocar uma roupa dentro da bolsa".
No depoimento em que a 💥️TV Globo teve acesso, a vigilante de 51 anos afirmou que "💥️procedeu uma abordagem indevida". Ela relata que "falou à Awdrey pegar a blusa que tinha colocado no interior da sua bolsa". Porém, depois viu que "não se tratava de uma peça da marca Renner, mas sim de outra marca".
Ainda no termo declaratório, a segurança da loja negou que tenha empurrado a estudante para dentro da cabine, que tenha encostado em Awdrey ou jogado sua bolsa no chão no momento da abordagem.
1 de 1 Awdrey com a funcionária da loja, que segura seu casaco — Foto: ReproduçãoAwdrey com a funcionária da loja, que segura seu casaco — Foto: Reprodução
No depoimento, a acusada disse também "que assim que viu a blusa, percebeu que não era da loja e imediatamente pediu desculpas".
Ela salientou ainda que "não é procedimento da empresa fazer abordagens, mas em razão de uma interpretação equivocada, acabou agindo por impulso". A vigilante negou que tenha falado que "essa peça que a cliente teria furtado da loja".
Ainda no depoimento, a mulher disse também que tentou de desculpar com a estudante. Entretanto, ela "não aceitou" e "começou a gritar e criar tumulto, incitou os outros clientes a filmarem e a tirarem fotos". Ela afirmou também que a gerente "tentou contornar o problema, mas não conseguiu".
Awdrey Ribeiro diz que foi acusada pela uma funcionária das Lojas Renner, de furto no último sábado (12). A jovem voltou a delegacia de Madureira na manhã desta segunda-feira (14). Ela, a mãe, uma tia e a advogada estão na 29ª DP (Madureira) para pedir que a tipificação do caso seja mudada. Os investigadores do local teriam registrado como calúnia. Mesmo a defensora da família exigir o registro como racismo.
À TV Globo, a jovem desabafou após o episódio.
Awdrey acusa as Lojas Renner de injúria racial após ter sido abordada dentro do provador por uma funcionária que dizia que ela teria pego um casaco e colocado em uma bolsa que ela carregava, como se estivesse roubando.
"Estava com uma jaqueta dentro da bolsa e uma funcionária disse que eu estava com uma roupa da loja escondida e que eu queria furtar. Eu tomei um susto pelo que estava acontecendo. Eu fiquei com medo de ser acusada de roubar uma coisa que é minha, antiga. Fiquei muito constrangida, humilhada. Foi um episódio horroroso. Estou muito abalada, sentida, me sinto muito humilhada", contou a jovem.
Portadora de uma doença autoimune, Awdrey diz que a situação fez com que ela tivesse um abalo emocional. E isso está sendo visto na sua pele.
"Eu sofro de uma doença autoimune, a psoríase, que causa feridas na pele. Por conta do estresse, elas se agravaram; meu corpo está tomado por essas lesões, vermelhas e em carne viva. Está muito ruim", lembra a estudante.
No dia do fato, Awdrey estava com a mãe e a tia. Barbara Ribeiro lembrou que ainda tentou chamar a gerente e denunciar o caso. Em vão.
"A minha filha foi agredida dentro do provador da Renner. Foi coagida a mostrar tudo. A minha filha teve que provar que não tinha nada. Foi uma situação... sem palavras. Foi um sentimento de indignação. Fui falar com a gerente para resolver alguma coisa e eu vi que não iria dar. As pessoas começaram a falar que era racismo sim e foi aí que eu chamei a polícia. Eu não queria sair dali sem o meu respeito e o da minha filha. Foi uma coisa que acabaria com o nosso respeito. Por isso eu dei parte de racismo", desabafou Barbara.
A advogada Alexandra Gregório também estava no shopping e presenciou toda a cena. Ela se prontificou a ir até a delegacia e defender Awdrey. Entretanto, ela afirma que os investigadores da 29ª DP registraram o caso apenas como calúnia. Alexandra vai exigir a troca da tipificação do crime.
"O caso foi registrado como calúnia, mesmo eu insistindo para que fosse registrado como racismo e pedindo a prisão em flagrante da suspeita. Nada disso foi feito. Não é um caso de calúnia e sim de racismo. É preciso ser mudado a tipificação para mudarmos o racismo estrutural. Estamos pedido a tipificação correta para reparar esse horror que ela sofreu.
Em nota, a Renner informou que demitiu a funcionária.
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