Reunião do G20 evidencia o isolamento da Rússia

Chanceler russo, Sergey Lavrov, durante chegada à Bali, na Indonésia — Foto: Ministério das Relações Exteriores da Rùssia/via REUTERS 1 de 2 Chanceler russo, Sergey Lavrov, durante chegada à Bali, na Indonésia — Foto: Ministério das Relações Exteriores da Rùssia/via REUTERS

Chanceler russo, Sergey Lavrov, durante chegada à Bali, na Indonésia — Foto: Ministério das Relações Exteriores da Rùssia/via REUTERS

Se a guerra que Putin empreende há 265 dias na Ucrânia domina a reunião de cúpula do G20, é inequívoco também o isolamento do presidente russo diante dos líderes que se encontram em Bali. Até os aliados tradicionais, como China e Índia, procuram manter distância da Rússia e advogam pelo cessar-fogo. Conforme advertiu o presidente Xi Jinping, numa repreensão velada ao país, mostraram-se contrários ao uso de alimentos e energia como instrumentos de guerra.

A elaboração da declaração final deste primeiro encontro das 20 maiores economias do mundo desde o início da invasão russa é complexa e esbarra em obstáculos. Os líderes se inspiraram numa declaração do premiê da Índia, Narendra Modi, que em setembro afirmou a Putin que “a era de hoje não é uma era de guerra”, para incluí-la no documento.

De acordo com um rascunho vazado à imprensa, a maioria dos membros condena com firmeza a invasão da Ucrânia e classifica como inadmissível o uso de armas nucleares, ou mesmo a ameaça de recorrer a elas, conforme vem repetindo Putin ao longo dos últimos oito meses. Tanto Xi quanto Modi divergem, no entanto, sobre as sanções do Ocidente aplicadas à Rússia.

Ao falar aos líderes, numa transmissão por vídeo, o presidente da Ucrânia fez questão de referir-se ao encontro como G19, excluindo propositalmente a Rússia, que é representada pelo chanceler Sergei Lavrov.

Fortalecido pela retirada russa de Kherson, Volodymyr Zelensky pressionou pelo cessar-fogo, desde que as tropas de Putin saiam definitivamente de seu território e que a soberania do país esteja garantida. “Estou convencido de que chegou a hora de interromper a guerra destrutiva russa”, afirmou.

Como era de se esperar, Lavrov culpa a frente do Ocidente pela guerra e classifica como irreais as condições da Ucrânia, a quem acusa de dificultar as negociações. “O Ocidente falhou em culpar a Rússia por não concordar com a declaração final”, ponderou o chanceler.

O documento, que Lavrov julga como politizado pelo Ocidente, será divulgado nesta quarta-feira, no fim do encontro do G20. Deverá trazer as preocupações com a segurança alimentar, já que Rússia e Ucrânia são importantes atores na exportação mundial de grãos.

Navio com a bandeira da Libéria carrega grãos após sair do porto da Ucrânia — Foto: Serhii Smolientsev/REUTERS 2 de 2 Navio com a bandeira da Libéria carrega grãos após sair do porto da Ucrânia — Foto: Serhii Smolientsev/REUTERS

Navio com a bandeira da Libéria carrega grãos após sair do porto da Ucrânia — Foto: Serhii Smolientsev/REUTERS

Em acordo firmado em julho, a Rússia concordou em liberar 20 milhões de toneladas de grãos que estavam bloqueadas em portos ucranianos no Mar Negro e comprometiam as exportações. O documento expira no sábado e terá de ser renovado. A Rússia alega estar em desvantagem, prejudicada pelas sanções impostas pelo Ocidente.

O encontro de cúpula do G20 evidencia o isolamento da Rússia, mas o país está longe de interromper sua ofensiva na Ucrânia, como demonstram os ataques de mísseis registrados em Kiev esta manhã, enquanto líderes mundiais divergiam sobre os termos de sua declaração final.

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