França volta a debater legalização de eutanásia e suicídio assistido
A França inicia nesta sexta-feira (9) uma série de debates cidadãos sobre o acompanhamento de pacientes em fim de vida, em especial o suicídio assistido e a eutanásia. O presidente Emmanuel Macron liderou a iniciativa, na qual 173 franceses sorteados irão discutir a necessidade de o país modificar, ou não, a atual legislação que proíbe as práticas.
O assunto está em todos os jornais e é a manchete de Le Figaro, que manifesta resistência ao tema. O jornal diz que “as dúvidas crescem” neste momento em que o assunto volta a ser questionado e, em editorial, o diário conservador defende que, em vez de “abrir” a possibilidade para a eutanásia, a França deveria se concentrar em melhorar a oferta de cuidados paliativos aos pacientes que necessitam.
Em diversas reportagens, o Figaro sugere que a evolução da legislação abre espaço para um aumento questionável das mortes, já que cada vez mais casos passam se enquadrar na lei que autoriza a prática. Foi o que aconteceu na Holanda, relata o jornal, onde “a cultura do abandono e da desesperança” teria se instalado depois que o país se tornou o primeiro do mundo a legalizar o instrumento, há 20 anos.
O progressista Libération, por outro lado, apresenta um ponto de vista bem diferente, favorável à medida. Ouvida pelo jornal, a Associação pelo Direito de Morrer Dignamente diz que essa “é a próxima liberdade a ser conquistada pelos franceses”.
Le Parisien, por sua vez, nota que os debates são protagonizados pelos cidadãos sorteados, mas a reflexão se instalou por todo o país, inclusive nas escolas, onde adolescentes e jovens participam de palestras sobre o assunto. A conclusão das consultas deve ocorrer em março e o governo francês pretende apresentar um projeto de lei sobre o tema até o fim de 2023.
A iniciativa é do presidente Emmanuel Macron, abertamente favorável à autorização da eutanásia. Durante a campanha para o segundo mandato, Macron prometeu reabrir o diálogo a respeito do assunto.
1 de 1 Presidente francês, Emmanuel Macron, durante evento do Dia da Bastilha em Paris — Foto: Sarah Meyssonnier/REUTERSPresidente francês, Emmanuel Macron, durante evento do Dia da Bastilha em Paris — Foto: Sarah Meyssonnier/REUTERS
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