Russos rumam a Hong Kong com maços de notas nas mãos para conseguirem comprar o novo iPhone (e escapar às sanções) - Executive D

Desde o lançamento do iPhone 16 em setembro, uma presença inusitada tem sido notada nas lojas Apple de Hong Kong: compradores russos com grandes quantias em dinheiro vivo nas mãos, ansiosos por adquirir o mais recente modelo do smartphone, à porta dos estabelecimentos que o vendem. Com a procura a ultrapassar a oferta na Rússia, em parte devido a sanções e restrições de importação, russos deslocam-se ao território asiático, aproveitando a isenção de imposto sobre vendas, para comprar e revender o iPhone no seu país com margem de lucro significativa.

De recordar que muitos russos estão dispostos a pagar até 12% acima do preço de venda local para conseguir os novos iPhones diretamente com compradores em Hong Kong, relata Nick Alexenkov, um comprador russo que declarou à CNN  Internacional a sua intenção de “comprar o máximo de dispositivos possível”. Esta procura está ligada às dificuldades de acesso aos produtos Apple na Rússia, onde a gigante americana pausou todas as vendas em março de 2022, como resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, limitando a oferta de novos modelos no mercado russo. Além disso, sanções ocidentais a Moscovo criaram obstáculos à exportação de tecnologias, forçando o mercado russo a recorrer ao que é conhecido como importação “paralela” ou “cinzenta”, em que produtos são importados sem autorização formal da marca.

💥️Alta procura impulsiona preços e estratégias de importação alternativa

Na Rússia, o novo iPhone 16 pode ser encontrado nas cadeias MTS e M.Video-Eldorado, que recorreram a fornecedores externos para garantir stocks, segundo a Reuters. No entanto, o preço praticado no mercado russo é muito superior ao norte-americano, com alguns modelos a custarem até 70% mais do que nos Estados Unidos devido às restrições de importação. A M.Video, por exemplo, oferece o iPhone Pro Max de 1 terabyte por cerca de 249.999 rublos (aproximadamente 2.710 dólares), enquanto na Rússia anúncios de particulares no site de classificados Avito chegam a listar o mesmo modelo por até 254.000 rublos (2.742 dólares).

Alexenkov, que prioriza o modelo Pro Max de 1 terabyte — particularmente popular entre os consumidores russos — espera lucrar até 25% sobre cada aparelho. Apesar de pagar cerca de 2.000 dólares (250 dólares acima do preço de venda de Hong Kong) por cada dispositivo, ele acredita que poderá obter retornos significativos mesmo vendendo-os abaixo dos preços praticados pelas principais lojas na Rússia.

💥️Comércio floresce em Hong Kong com compradores russos a negociar diretamente

Nas movimentadas zonas comerciais de Tsim Sha Tsui e do Central, em Hong Kong, as negociações têm sido frequentes. No exterior da Apple Store no centro comercial IFC, quatro homens russos foram vistos a abordar clientes que acabavam de adquirir o novo modelo, propondo valores ligeiramente acima do preço de venda oficial. Estes compradores, que geralmente falam pouco inglês, recorrem a tradutores improvisados, como filhos ou acompanhantes que dominam a língua local, facilitando as transações.

Um vendedor de Hong Kong, que comprou dois iPhones Pro Max de 1 terabyte e tentava revendê-los, queixou-se inicialmente de que o valor oferecido pelos compradores russos — cerca de 2.027 dólares cada — era insuficiente. Contudo, a oferta foi ajustada para 2.040 dólares, resultando num acordo. Questionado sobre o risco financeiro das aquisições em massa, um dos compradores explicou que há uma base de consumidores abastados na Rússia disposta a pagar valores elevados pelos últimos modelos e cores do iPhone.

💥️Parceria com países sem sanções: uma rota alternativa de produtos Apple

De acordo com a Reuters, a procura por bens tecnológicos ocidentais permanece elevada na Rússia, e a dificuldade de acesso a estes produtos no país levou empresas russas a procurar alternativas em mercados onde não existem restrições, como Turquia, Cazaquistão, China, Índia e Emirados Árabes Unidos. O esquema de importação paralela, autorizado pelo governo russo em 2022, permite que produtos como iPhones e outros gadgets sejam comercializados no país sem o consentimento do fabricante.

Apesar das tentativas do Kremlin de promover produtos tecnológicos domésticos, os consumidores russos continuam a preferir marcas ocidentais. Recentemente, o governo russo instruiu funcionários a evitarem o uso de iPhones, alegando que os dispositivos estavam comprometidos por software de vigilância desenvolvido por serviços de inteligência ocidentais. A Apple, por sua vez, rejeitou essas acusações.

💥️Apple suspende vendas na Rússia, mas o mercado negro responde à procura

A decisão da Apple de interromper as vendas e serviços na Rússia afetou não apenas o acesso a produtos, mas também serviços como o Apple Pay, que foram suspensos em resposta ao conflito ucraniano. Desde então, pequenas empresas e comerciantes independentes surgiram para atender à procura interna, abastecendo o mercado russo com produtos ocidentais por vias alternativas. Um exemplo citado pela Reuters inclui uma empresa administrada por um cidadão holandês residente na Rússia, que fornece artigos de marcas populares como Nike, Lego e Reebok.

Este cenário demonstra como o mercado russo se adaptou às novas circunstâncias, contando com comerciantes empreendedores e rotas de importação indireta para manter o abastecimento de produtos ocidentais. Em Hong Kong, a atividade dos compradores russos é um exemplo de como sanções e restrições no comércio internacional levam ao florescimento de alternativas, mesmo que informais, para satisfazer a procura por bens de luxo e tecnologia.

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