Aumento de tensões e conflito étnico no norte do Kosovo deixam Europa em alerta

Sérvios locais bloqueiam a estrada perto da vila de Rudare, ao norte da parte dominada pelos sérvios da cidade etnicamente dividida de Mitrovica, Kosovo, dezembro de 2022 — Foto: AP Photo/Bojan Slavkovic 1 de 1 Sérvios locais bloqueiam a estrada perto da vila de Rudare, ao norte da parte dominada pelos sérvios da cidade etnicamente dividida de Mitrovica, Kosovo, dezembro de 2022 — Foto: AP Photo/Bojan Slavkovic

Sérvios locais bloqueiam a estrada perto da vila de Rudare, ao norte da parte dominada pelos sérvios da cidade etnicamente dividida de Mitrovica, Kosovo, dezembro de 2022 — Foto: AP Photo/Bojan Slavkovic

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, lançou um apelo na segunda-feira (12) para que a Sérvia e o Kosovo trabalhem para diminuir as tensões no norte kosovar, após o terceiro dia consecutivo de protestos violentos de membros da maioria de nacionalidade sérvia nessa região.

O estopim dos protestos foi a prisão de um ex-policial de origem sérvia no último sábado (10). Ele havia tomado parte em um pedido de demissão coletiva de policiais sérvios no mês passado, após o governo kosovar anunciar que exigiria que os sérvios trocassem as placas de identificação de veículos datadas de antes da guerra de 1998-1999, que resultou na independência do Kosovo, por placas kosovares.

Caminhões e outros veículos pesados bloqueiam várias das principais estradas que levam a dois postos de fronteira com a Sérvia, ambos fechados para o tráfego. Tiros foram disparados a partir de barricadas e um policial kosovar-albanês foi ferido.

Uma granada de efeito moral foi lançada contra uma patrulha da missão de paz da ONU, mas ninguém ficou ferido.

O Kosovo planejava realizar eleições no próximo domingo em quatro cidades de maioria sérvia nas quais os prefeitos renunciaram, mas o presidente Vjosa Osmani adiou as votações para abril, alegando questões de segurança.

Policiais armados com fuzis patrulhavam e faziam guarda em frente a um escritório eleitoral onde, na semana passada, manifestantes sérvios quebraram janelas e atacaram membros da guarda local.

A Sérvia aumentou o nível de prontidão de suas Forças Armadas e avisou que não aceitará passivamente caso os sérvios no Kosovo sejam atacados.

O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, defendeu o envio de tropas para o norte do Kosovo, aumentando os temores de um ressurgimento do conflito ocorrido final dos anos 1990, que deixou mais de 10 mil mortos e um milhão de desabrigados.

"Sei que os dois lados desejam o alívio das tensões e peço enfaticamente a ambos que o façam", disse Borrell, em uma conferência de ministros do Exterior dos países de UE. "Eles têm de retomar o diálogo e superar essa tendência de combater nas ruas."

A Rússia pediu uma resolução diplomática para o conflito e pediu esforços "de natureza pacífica" de ambos os lados para pôr fim às tensões. "Defendemos garantias de que os direitos dos sérvios sejam assegurados", disse o porta-voz do Kremlin, Dmirty Peskov.

O ministério russo do Exterior também se pronunciou a favor dos sérvios. "Continuaremos a ajudar Belgrado a defender seus interesses nacionais legítimos no que diz respeito ao Kosovo", afirmou a porta-voz da pasta, Maria Zakharova.

Ela ressaltou que Moscou está "alarmada" com a situação e acusou o governo em Pristina de "provocações" e de "reprimir os sérvios no Kosovo".

Rússia e Sérvia possuem laços históricos. Belgrado é um dos últimos aliados de Moscou na Europa, após o presidente russo, Vladimir Putin, ter ordenado suas tropas a invadirem a Ucrânia, em fevereiro.

O Kosovo, um território de maioria étnica albanesa, declarou sua independência da Sérvia em 2008, mas Belgrado não a reconhece e incentiva a maioria étnica sérvia no norte kosovar a resistir à autoridade de Pristina.

Mais de 100 países reconhecem a independência do Kosovo, incluindo os Estados Unidos e a maioria das nações ocidentais, além da ONU. No entanto, Rússia, China e cinco Estados-membros da UE apoiam Belgrado.

Esse impasse mantém as tensões em alta e evita que a região dos Bálcãs possa atingir uma estabilidade plena, após a dissolução da antiga Iugoslávia nos anos 1990 e os conflitos sangrentos que vieram em seguida.

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