Congresso derruba veto de Bolsonaro à Lei Padre Júlio Lancelotti; entenda legislação

O Congresso Nacional derrubou nesta sexta-feira (16) o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao projeto conhecido como Lei Padre Júlio Lancelloti.

A proposta, aprovada pelo Congresso no mês passado, proíbe em área pública a chamada "arquitetura hostil", isto é, construções cujos objetivos são afastar pessoas do espaço público e dificultar o acesso de grupos como idosos, crianças ou pessoas em situação de rua. O texto não abrange estruturas particulares ().

Ao analisar o projeto, Bolsonaro vetou a proposta. Argumentou que o veto buscou preservar "a liberdade de governança da política urbana".

O veto foi analisado em sessão conjunta formada por deputados e senadores.

Durante a votação dos senadores, 60 parlamentares votaram pela derrubada do veto, e 4, pela manutenção.

Como os vetos só são mantidos se houver consenso entre Câmara e Senado – e o Senado optou pela derrubada –, sequer foi necessária a análise do tema pelos deputados. E, com isso, 💥voltam a valer as regras previstas no projeto.

Padre Julio Lancelloti — Foto: Profissão Repórter 1 de 1 Padre Julio Lancelloti — Foto: Profissão Repórter

Padre Julio Lancelloti — Foto: Profissão Repórter

O projeto leva o apelido de "Lei Padre Júlio Lancellotti" porque, no ano passado, o padre viralizou nas redes sociais ao protagonizar uma cena em que tentava quebrar pedras instaladas pela prefeitura de São Paulo embaixo de um viaduto.

A proposta altera o Estatuto da Cidade para proibir "o emprego de materiais, estruturas equipamentos e técnicas construtivas hostis que tenham como objetivo ou resultado o afastamento de pessoas em situação de rua, idosos, jovens e outros segmentos da população."

O texto também inclui como diretriz geral da política urbana a promoção de conforto, abrigo, descanso, bem-estar e acessibilidade na fruição dos espaços livres de uso público, de seu mobiliário e de suas interfaces com os espaços de uso privado."

Relator na Câmara, o deputado Joseildo Ramos (PT-BA) afirmou que a pandemia da Covid-19 agravou o distanciamento entre os espaços públicos e pessoas em situação de rua.

Paralelamente, segundo o parlamentar, passou a ser mais evidente a adoção de métodos e materiais para afastar as pessoas dos espaços públicos – técnicas que, o deputado ressalta, resultam em "segregação social".

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