Agenda ambiental deve estar no centro das discussões sobre investimentos entre Brasil e EUA
Lula e Biden na Casa Branca — Foto: Jonathan Ernst/Reuters
No começo de fevereiro, em um comunicado assinado em conjunto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o líder americano informou o interesse em colaborar financeiramente com o Fundo Amazônia, em um valor estimado em US$ 50 milhões (R$ 262 milhões), segundo apuração do blog da Julia Duailibi.
Mas esse não deve ser o único aporte do tipo. As expectativas de especialistas ligados ao setor de sustentabilidade são de que a agenda ambiental deve nortear diversos investimentos feitos pela maior economia do mundo no Brasil nos próximos anos de governo.
O assessor especial do governo Joe Biden para o clima, John Kerry, chegou a Brasília na manhã deste domingo (26) para cumprir uma série de compromissos com autoridades brasileiras.
De acordo com a embaixada dos Estados Unidos no Brasil, a visita de John Kerry tem como objetivo discutir dois assuntos centrais: questões climáticas e combate ao desmatamento.
De acordo com pesquisa desenvolvida pela Amcham Brasil, o comércio entre Brasil e Estados Unidos cresceu 25,8% no ano passado, atingindo a marca de US$ 88,7 bilhões (cerca de R$ 464 bilhões).
Em 2023, a tendência é que os negócios entre os dois países permaneçam estáveis, com valores próximos aos observados em 2022. Não fosse a perspectiva de um crescimento econômico mais fraco em todo o mundo, essa relação comercial poderia bater novos recordes neste ano, afirma a entidade.
A pesquisa ainda apontou os setores que mais devem contribuir positivamente para a manutenção dos negócios entre Brasil e Estados Unidos: as iniciativas conjuntas nas áreas de meio ambiente e, em menor escala, as cadeias de suprimento, uma vez que o mundo ainda sofre com problemas de oferta trazidos pela pandemia e pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Segundo a Amcham, "os esforços para a migração para uma economia de baixo carbono tendem a incentivar o comércio de bens e investimentos mais sustentáveis" entre os dois países.
Além da contribuição americana ao Fundo Amazônia e possíveis novas doações no futuro, a entidade acredita que outras medidas que podem ser adotadas em uma parceria entre as nações são:
Abrão Neto, CEO da Amcham, pontua que o Brasil e os Estados Unidos são líderes mundiais na pauta ambiental, além de serem países com ativos ambientais "super ricos e importantes". Por esse motivo, ele considera que "a agenda ambiental aproxima os dois", em um momento em que os líderes de ambas as nações priorizam a pauta.
"Se houver parceria entre esses dois países, haverá benefícios ambientais evidentes para todo o mundo. Será uma sinalização para toda a economia global de que os investimentos seguirão essa linha (da agenda ambiental)", afirma Neto.
O executivo destaca, no entanto, que tudo isso demanda investimentos muito grandes, para o desenvolvimento e implementação de novas tecnologias, novas matrizes energéticas e outros projetos ambientais — gerando muitas oportunidades entre os dois países.
De acordo com Neto, o Brasil tem uma ampla gama de possibilidades para investidores que busquem empresas ou ativos ligados à agenda ambiental. Gerenciamento de resíduos, biocombustíveis e iniciativas contra o desmatamento são alguns exemplos, mas uma das principais indústrias — das que mais oferecem oportunidades — é a de transição energética, em uma busca por energia renovável.
Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil, afirma que o Brasil tem uma capacidade de produção de energia renovável muito expressiva, e que inclusive é maior do que a própria necessidade do país.
Nesse sentido, o Brasil pode ocupar um lugar de destaque no mercado global de energia renovável, uma vez que outros países, principalmente os desenvolvidos, estão em busca de fontes de energia mais limpas. Além dos Estados Unidos, Clarissa destaca o Japão e países europeus, como a Alemanha — que, para além da questão ambiental, também investem em formas de reduzir sua dependência da energia vinda do leste europeu.
Com todo o potencial de investimento no Brasil com as empresas que ofereçam energia renovável, a executiva também pontua que há diversas oportunidades no campo da infraestrutura para que os campos de energia consigam operar e oferecer o produto para todo o mundo. Opção atrativa para a maior economia do planeta.
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