Ao planejar novos cortes, Opep pode estar ignorando seu maior adversário: Trump

Opep

Segundo o colunista Barani Krishnan Abdulaziz aparenta estar pronto para convencer os outros membros e aliados do cartel de que é preciso aprofundar os cortes de produção (Imagem:Reuters/Leonhard Foeger)

Por 💥️Barani Krishnan/ysoke.com

Em “O Plano Perfeito”, o renomado romancista Sidney Sheldon conta a história de um protagonista tão cego pela ambição que não consegue ver um adversário capaz de acabar com seus planos.

Talvez fosse interessante que o ministro do 

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Na semana passada, o 

No momento em que escrevo, não se sabe ainda se a Rússia apoiará essa última jogada saudita. Como ressaltei ontem, o auxílio de Moscou tem sido essencial para as iniciativas da Opep no sentido de elevar os preços do 

Abdulaziz trabalha para elevar os cortes em um terço, e seus planos parecem contar com um número considerável de apoiadores dentro da Opep (Imagem: REUTERS/Waleed Ali)

Independente do que a Rússia decidir, uma coisa parece certa: é bem provável que Trump não fique nada feliz com qualquer corte adicional da Opep, tal como aconteceu nos cortes passados do cartel.

E um Trump descontente com a Opep também pode causar problemas para o grupo, como já aconteceu antes.

💥️Arábia Saudita quer que a Aramco cause uma “boa impressão”

Apesar de Abdulaziz ter surpreendido o mercado com seu último movimento, não é segredo para ninguém por que ele fez isso. De acordo com a Reuters, sua intenção era causar uma “boa impressão” para a Aramco, petrolífera estatal do país, cuja oferta inicial de ações deve ter seu preço anunciado na quinta-feira, mesmo dia da reunião da Opep.

Embora o objetivo saudita fosse compreensivo, é preciso também não perder de vista o mais importante para Trump.

Apesar da proximidade do presidente norte-americano com a família real saudita, Trump se opõe à manipulação de mercado da Opep, pois o petróleo caro pode elevar os preços da gasolina nos EUA, o que, por sua vez, pode prejudicar a economia do país e possivelmente reduzir suas chances de reeleição em 2023.

💥️Mas por que Trump deveria se preocupar com a Aramco?

Nas palavras de John Kilduff, especialista em política do 

Os sauditas querem que a Aramco faça uma excelente oferta inicial de ações (Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov)

Kemp afirma ainda que Trump “arrisca perder mais votantes por causa de uma alta, e não de uma queda, nos preços dos combustíveis”.

Isso explica por que Trump gastou tanta energia brigando com a Opep às vésperas das eleições americanas de meio de mandato em novembro de 2018.

💥️Trump pode voltar a considerar isenções ao Irã…

No ano passado, Trump investiu primeiro contra a família real saudita, no intuito de fazê-la elevar a produção antes das eleições de meio de mandato, proporcionando algum alívio imediato graças ao 

💥️… Ou ele pode voltar a tuitar sobre o Donald Trump

O presidente dos EUA também pode continuar pressionando para baixo os preços do petróleo ao simplesmente prolongar sua interminável guerra comercial com a China (Imagem: REUTERS/Jonathan Ernst)

Não é possível saber quando Trump direcionará toda a sua atenção à briga contra a Opep, mas uma aposta segura seria quando os preços nas bombas de combustível chegarem perto de US$ 3 por galão. Há meses que a média nacional da gasolina não ultrapassa US$ 2,60, de acordo com a Associação Automotiva America, o que explica por que o mercado petrolífero continuou no radar do presidente por um bom tempo.

💥️Não nos esqueçamos do shale e da produção fora da Opep

E pode ser que Trump nem precise brigar tanto assim, principalmente se o rali no petróleo voltar a estimular outro grande pico de produção nos EUA, provocando a reversão do movimento de alta do mercado.

O shale, bastião da produção petrolífera norte-americana, pode ter desacelerado neste ano, mas continua ajudando o país a gerar o recorde mundial de 12,9 milhões de barris por dia.

Como sugeriu uma reportagem da Bloomberg na segunda-feira, a Opep está fazendo uma aposta ousada de que 2023 marcará o fim da era de ouro do shale, na medida em que os produtores norte-americanos não param de fazer cortes. Mas, como também ressalta a reportagem, a produção fora da Opep não para de crescer no Brasil e na Noruega, gerando novas dores de cabeça para o cartel.

Em suma, Abdulaziz e a Opep têm muitos adversários, sendo o principal deles Trump, que não pode passar despercebido pelo cartel.

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