IPO da Mitre: pule fora, recomendam 3 analistas (simples assim)
Inflacionada: ação da Mitre está cara para o seu tamanho (Imagem: Divulgação/Facebook/Mitre Realty)
A 💥️Mitre Realty tenta convencer os investidores de que pode gerar muita riqueza para quem participar de seu 💥️IPO (oferta pública inicial de 💥️ações, na sigla em inglês). Mas, no que depender das primeiras manifestações de analistas, o melhor que você pode fazer é ficar de fora. (veja o prospecto da operação no final da matéria)
É raro encontrar unanimidade no mercado, mas essa é a recomendação expressa de três relatórios divulgados nos últimos dias, com letras maiúsculas e em negrito, ou destacadas em vermelho.
Para quem tem dúvidas sobre a clareza dos alertas, basta ler algumas passagens. “Nossa recomendação é de que você fique de fora desse IPO”, afirma a 💥️Capital Research. “A nossa recomendação é: fique fora do IPO da Mitre”, diz a Nord Research. “Sugerimos aos nossos assinantes que não participem do IPO da Mitre”, pontua a 💥️Empiricus Research.
No geral, os textos elogiam a atual estrutura financeira da Mitre e seu posicionamento de mercado, mas levantam sérias dúvidas sobre a capacidade da 💥️construtora de entregar tudo o que prometeu no prospecto do IPO.
Problemas
A primeira ressalva dos analistas é operacional. Após a abertura de capital, a Mitre pretende lançar R$ 1,5 bilhão por ano em Valor Geral de Vendas (VGV) no próximo triênio. O problema é a magnitude desse salto. Os relatórios lembram que a construtora tem bons números, mas numa escala bem menor.
Para se ter uma ideia, a Capital Research lembra que isso é muito mais do que a Mitre lançou entre 2016 e 2018 somados: R$ 637 milhões. É, também, quase o triplo dos R$ 600 milhões que lançou no ano passado.
Retomada: venda de imóveis voltou a crescer (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)
“Vemos um risco muito grande de execução no salto pretendido para o R$ 1,5 bilhão, já que a construtora teria que expandir a sua capacidade produtiva em praticamente 25% ao ano (isso em cima dos lançamentos totais de 2023, de longe o maior patamar da história da companhia)”, resume a Capital.
Na prática, crescer tanto pode significar problemas tão variados, quanto não cumprir os cronogramas de obras (e pagar multas aos clientes por isso), entregar produtos de qualidade inferior para cumprir o prazo e ver as dívidas com fornecedores descarrilar.
Outra questão é mais técnica, porém, bastante compreensível. O prospecto destaca que a Mitre possui o maior ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido, na sigla em inglês) do setor, com 53% no acumulado de nove meses de 2023, ante uma mediana de apenas 5,4% (o valor que divide ao meio as empresas analisadas).
Matemática
Mas há um detalhe nessa conta que muda tudo – e os analistas sabem. O patrimônio líquido da companhia é pequeno (R$ 60 milhões). Logo, dividir o lucro por um número pequeno, encontrando um quociente elevado, não é um grande mérito.
“Vale destacar que o indicador é influenciado, também, pelo baixo patrimônio líquido da companhia — e note que, com a capitalização referente a esta oferta, o patrimônio vai aumentar, jogando assim a rentabilidade para baixo”, lembra a Nord Research.
Even: ação de uma das favoritas do setor está mais barata que a da Mitre (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)
Por fim, para tristeza dos coordenadores do IPO, a Mitre não é a primeira construtora a chegar à bolsa. Há rivais com que pode ser comparada, e que não a deixam bem na foto. É a famosa comparação de múltiplos. O mais básico é o P/L (relação Preço/Lucro).
A Capital observa que, mesmo se as ações forem vendidas pelo menor preço proposto (R$ 14,30), o P/L seria de 17,8 vezes. No preço médio de R$ 16,80, a proporção sobe para 20,9 vezes. E, se o IPO for um sucesso e as ações saírem pelo preço máximo sugerido (R$ 19,30), o indicador bate em 24 vezes.
Quero ser grande
Para se ter uma ideia, a 💥️Even 💥️(EVEN3), a favorita da Capital no setor de 💥️construção civil, é negociada atualmente por 17 vezes. “Mesmo no piso da faixa de preço indicativa, a margem de segurança é pequena, tendo em vista outras opções na bolsa, como a Even, nossa top pick do setor”, afirma a casa de análise.
Traduzindo, a empresa quer se equiparar a gigantes do mercado, com um histórico bem estabelecido de execução e geração de valor.
A situação é resumida pela Empiricus Research da seguinte forma: “vemos a Mitre pedindo um preço de ‘gente grande’ (valor de mercado de R$ 1,7 bilhão na faixa média de preço). Mas, em nossa opinião, o preço pedido pela empresa torna o investimento pouco convidativo frente aos riscos de execução do grande salto de volume de lançamentos que a companhia pretende realizar.”
E arremata: “a Mitre pode até se tornar o próximo Neymar, mas já pede o preço do craque do Barcelona, não o do Neymar ‘de 11 anos’ do Santos. Portanto, temos que ser cautelosos, pois podemos terminar com um Jean Chera na carteira.”
💥️Confira o prospecto:
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