É cedo projetar impacto do tombo do petróleo na Petrobras, mas cenário preocupa
As ações da Petrobras fecharam em queda de 29,7% nesta segunda-feira (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)
Enquanto a 💥️Petrobras (💥️PETR4) avalia com cautela os eventuais impactos estruturais de uma queda abrupta do preço do 💥️petróleo no mercado de óleo e gás, analistas veem cenário desafiador para a petroleira estatal, caso os preços de sua principal commodity se mantenham em patamares inferiores ao previsto em seu plano de negócios.
As ações da petroleira fecharam com recuo de 29,7%, o maior declínio percentual diário para um fechamento, a 16,05 reais, mínima desde junho de 2018, na esteira do tombo do petróleo no exterior, onde as cotações chegaram a cair mais de 30% nesta segunda-feira.
Tal desempenho representou uma perda de cerca de 91 bilhões de reais no valor de mercado da petrolífera de controle estatal.
“A Petrobras avalia que ainda é prematuro fazer projeções sobre eventuais impactos estruturais no mercado de óleo e gás associados à recente e abrupta variação nos preços do petróleo, dado que ainda não está claro nem a intensidade ou mesmo a persistência do choque nos preços”, disse a estatal em nota, após questionamento da Reuters.
O 💥️petróleo Brent fechou em queda de 24,1%, a 34,36 dólares o barril, após a 💥️Arábia Saudita ter sinalizado que elevará a produção para ganhar participação no mercado, bem como cortado preços oficiais de venda de petróleo.
A guerra aberta pela Arábia Saudita no front da produção de petróleo contra a Rússia chegou em um momento no qual o mercado ainda se mostra fragilizado pela rápida disseminação da epidemia do novo coronavírus pelo mundo e promovendo fortes ajustes poucas semanas após renovarem máximas.
Cenário de incertezas
Assim como a Petrobras, especialistas do mercado avaliaram ser necessário aguardar desdobramentos internacionais para entender se o petróleo irá permanecer em um patamar mais baixo. No entanto, reconhecem que o atual cenário representa um desafio para a petroleira, que vem se recuperando de uma profunda crise financeira.
“É difícil prever isso em um dia só, mas evidentemente o que acontece em momentos como esses é & caso persista patamar menor de preços& vai gerar uma revisão das estratégias, dos planos de negócios de todas as empresas, inclusive da própria Petrobras. Todo mundo vai ter que revisar portfólio”, afirmou o ex-diretor da agência reguladora ANP Helder Queiroz.
No atual plano de negócios da Petrobras, a petroleira considera preços de 50 dólares por barril entre 2023 e 2024 e 45 dólares no longo prazo.
Queiroz, que também é professor da UFRJ, destacou ainda que um preço mais baixo do petróleo poderá prejudicar o bilionário plano de venda de ativos da petroleira estatal. “Os compradores vão pensar duas vezes antes de comprar alguma coisa”, afirmou.
No atual plano de negócios da Petrobras, a petroleira considera preços de 50 dólares por barril entre 2023 e 2024 e 45 dólares no longo prazo (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)
Rivaldo Moreira Neto, presidente da consultoria Gas Energy, ressaltou que o cenário desta segunda-feira encontra uma Petrobras diferente do que encontraria há dois anos, pois a empresa teve uma mudança de gestão nos últimos anos e vem recuperando a credibilidade.
“A Petrobras conseguiria hoje, com muito mais capacidade, sobreviver a um período de preços de petróleo mais baixos, justamente porque hoje ela é muito mais saudável”, afirmou.
No entanto, Moreira Neto frisou que, se os preços permanecerem em um patamar de 30 dólares/barril, a Petrobras precisará ser “extremamente seletiva com novos projetos e muito cuidadosa com custos”.
“Em um primeiro momento esse choque traz todo mundo para mesa para entender os cenários, mas só passa a trazer decisões estruturantes se esse cenário de preços começa a amadurecer e indicar que permanece. Em um primeiro momento, é muito mais choque de incertezas do que de decisões”, afirmou.
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro Infraestrutura (CBIE), ponderou ainda que a petroleira ainda “está longe” de ter resolvido seus problemas financeiros.
“Ainda tem dívida muito elevada. Por isso, tem que continuar a cortar custos, investir no que tem retorno, disciplina de capital, preços alinhados internacionalmente e desinvestimento. É uma empresa que está longe de ser saudável, mas está no caminho”, afirmou.
“A combinação de dólar alto e Brent em queda é ruim para a empresa. A dívida explode e a receita muito dolarizada sofre um tombo. Mas ainda é cedo para falar em mudança de rumos. Tem que ver qual vai ser o novo patamar de preço.”
Preços nos Postos
A forte retração do petróleo no mercado internacional, no entanto, levará à redução de preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobras, disse uma fonte da empresa com conhecimento do assunto, sem detalhar.
“Claro que teremos redução de preços (da gasolina e do diesel)”, disse a fonte, que falou sob a condição de anonimato.
A forte retração do petróleo no mercado internacional, no entanto, levará à redução de preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobras (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)
Impactos do corte de preços sobre a estatal foram minimizados pela fonte, que disse que a Petrobras fez “muito dever de casa” e está “resiliente” para um cenário de preços menores.
A Petrobras afirmou, por meio de comunicado, que “segue com seu plano estratégico que prepara a companhia para atuar com resiliência em cenários de preços baixos”.
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