Plano de sobrevivência do setor de gás inclui esterco bovino
Quando purificado, esse biometano, também conhecido como gás natural renovável (GNR), é quimicamente idêntico ao ingrediente principal do gás natural de base fóssil que sai da boca do fogão ou aquece a água do chuveiro (Imagem: Pixabay)
Polly é uma vaca malhada de 10 anos da raça holandesa, a mais velha de um rebanho de cerca de 300 animais na Fazenda Bar-Way em Deerfield, no estado americano de Massachusetts.
O grupo produz mais de 7.000 litros de leite por dia — e produz esterco suficiente para encher dois caminhões de lixo. A fazenda ganha dinheiro com o leite e o esterco.
Em 2014, a Bar-Way começou a trabalhar com a Vanguard Renewables para instalar um biodigestor que usa bactérias especiais para converter material orgânico — por exemplo, esterco bovino — em biogás, que é um combustível versátil.
Quando purificado, esse biometano, também conhecido como gás natural renovável (GNR), é quimicamente idêntico ao ingrediente principal do 💥️gás natural de base fóssil que sai da boca do fogão ou aquece a água do chuveiro.
“Meu avô me ensinou que, para ter sucesso, é preciso usar ao máximo cada ativo que você tem”, conta Peter Melnik, integrante da família que é dona da Fazenda Bar-Way há 101 anos. “Sem dúvida, trabalhar com agricultura familiar nos 💥️EUA é incrivelmente difícil”, acrescenta.
Trabalhar com gás natural também, pelo menos hoje em dia. Sob intensa pressão de investidores, clientes e ambientalistas, os projetos de três gasodutos interestaduais avaliados em US$ 10 bilhões foram cancelados, impedindo o acesso dos produtores da região das montanhas Apalaches a novos clientes no nordeste e sudeste dos EUA. Mais de 30 cidades proibiram a instalação de gás em novos edifícios desde julho de 2023.
“Chegou a ponto de exigir uma estratégia proativa de descarbonização”, diz Jigar Shah, cofundador da financiadora de energia limpa Generate Capital, uma das maiores controladoras de instalações de GNR no país. “Os produtores de gás natural agora acreditam que suas perspectivas de crescimento são mais limitadas — inclusive algumas pessoas afirmam que deveríamos estar planejando a obsolescência das distribuidoras de gás natural.”
É aí que o gás natural renovável pretende entrar. O esterco bovino normalmente é armazenado em enormes poças ao ar livre que emitem metano — gás causador do efeito estufa que é mais de 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono ao longo de 20 anos.
Sendo assim, o resíduo rural é o maior contribuidor individual das emissões totais de metano por atividade humana nos EUA.
O esterco bovino normalmente é armazenado em enormes poças ao ar livre que emitem metano — gás causador do efeito estufa que é mais de 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono ao longo de 20 anos (Imagem: JBS/Imprensa)
Tanto o biogás quanto o gás natural fóssil são compostos basicamente por metano. Embora queimem de forma mais limpa do que o ultrapoluente carvão, ainda emitem dióxido de carbono. Mas, segundo as empresas de gás, ao desviar esterco bovino para biodigestores no processo de produção de GNR, o efeito líquido é uma vitória para o clima.
A distribuidora Dominion Energy, gigante do estado da Virgínia, afirma que abastecer apenas 4% de seus clientes com biogás seria suficiente para compensar a emissão de todo o seu sistema de gás.
É o tipo de matemática que revolta Matt Vespa, advogado da Earthjustice, organização sem fins lucrativos que luta pelo clima nos tribunais. “Somente 4% do gás precisa ser renovável e, de repente, você tem 100% de energia limpa”, ironiza ele.
Isso “requer algumas hipóteses de má qualidade”, por exemplo, que todo o metano que vem dessas poças é inevitável na agropecuária em escala industrial. Existem muitas outras maneiras de resolver o problema sem estender a dependência de combustíveis poluentes, diz Vespa.
A Earthjustice não é a única organização climática a soar o alarme sobre o GNR. Mark Kresowik, vice-diretor da 💥️Sierra Club’s Beyond Coal, diz que o gás é uma distração cara que só vai retardar a transição da indústria de energia para longe dos hidrocarbonetos.
(O Sierra Club recebeu financiamento da Bloomberg Philanthropies, organização criada por Michael R. Bloomberg, fundador e proprietário da Bloomberg LP., controladora da Bloomberg News) “Este é o último suspiro da indústria do gás. Eles sabem que a eletrificação é superior ”, diz Kresowik. “Se você entrar nesse caminho sem saída, isso aumenta o custo para os consumidores no longo prazo.”
Dito isso, livrar-se do gás não será fácil. Essa fonte de energia desfrutou de um crescimento sem precedentes na última década, à medida que o boom na produção de óleo de xisto e gás fez os custos despencarem.
Hoje, o gás é responsável por cerca de um terço do consumo total de energia nos Estados Unidos e está projetado para aumentar para 40% este ano, mostram dados da U.S. Energy Information Administration.
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