Pré-Mercado: Uma semana recheada de reuniões dos bancos centrais

A política monetária dos bancos centrais: o cavalo de Troia do século 21 | Troia (2004)

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Os mercados de ações da Ásia e da Oceania subiram nesta segunda-feira (13), depois que Wall Street atingiu uma nova alta no final da última semana e a China prometeu estímulos para sustentar o crescimento econômico. Xangai, Tóquio, Hong Kong e Sydney avançaram às vésperas da reunião de política monetária do Federal Reserve, dos EUA, nesta semana (quarta-feira), na qual a inflação mais alta divulgada na última sexta-feira (10) pode influenciar uma decisão sobre o ritmo para reverter os estímulos monetários.

Contudo, teremos muitos outros bancos centrais fazendo reuniões de política monetária em várias partes do mundo, como o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra e o Banco do Japão, entre outros – para os emergentes, vale acompanhar Rússia, Turquia e México. Em semana importante para o mercado de câmbio global, os futuros americanos amanhecem com uma ligeira alta, acompanhada pelos mercados europeus. No Brasil, inserido nesta dinâmica global, destaque para a ata da última reunião do Copom.

A ver…

O mercado ainda digere os dados de inflação da última sexta-feira (10), em que o IPCA de novembro registrou alta de 0,95% no mês, abaixo da mediana das expectativas (1,10%) e do valor do mês de outubro (1,25%). No ano, a inflação acumula 9,26% e, nos últimos 12 meses, 10,74%.
Apesar da variação ter sido a maior para o mês de novembro desde 2015, a desaceleração fez com que os investidores passassem a acreditar em um BC menos agressivo na próxima reunião do Copom, marcada para setembro.

Para isso, será importante acompanharmos a ata do Copom, a ser divulgada amanhã (14) e que pode corrigir o tom do comunicado da última carta, que soou mais hawkish do que o mercado esperava. Não apenas isso, mas o Relatório Trimestral de Inflação, o volume de serviços e o IBC-Br também serão importantes para termos uma maior sensibilidade quanto à atividade.

Por fim, na reta final dos trabalhos do Congresso, a Comissão Mista de Orçamento deve concluir a votação dos 16 relatórios setoriais ao Orçamento de 2022, enquanto acompanhamos a sessão do Congresso Nacional para analisar vetos presidenciais e votar mudanças na PEC dos Precatórios.

A reunião do Federal Reserve, nesta terça e quarta-feira, é o centro das atenções do mercado nesta semana, com o presidente Jerome Powell já sugerindo em uma audiência no Congresso que pode ser apropriado acelerar o ritmo de redução das compras de ativos – Powell já havia abandonado o termo transitório. Os investidores também observarão os gráficos de pontos para 2022 e 2023, bem como procurarão entender como a ômicron influenciou os fatores de risco nas equações de taxas e reduções da autoridade.

Na última sexta-feira, o índice de preços ao consumidor dos EUA, que mede as variações de preços em uma cesta de bens, subiu 6,8% em novembro, o maior crescimento desde a década de 80. O dado abre espaço para um aperto monetário mais rápido do que o esperado pelo mercado anteriormente, de modo a tentar controlar as parcelas mais estruturais dessa inflação, como o aumento dos salários.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, cancelou as festas de Natal na sequência de medidas para conter os casos da ômicron, que avançam no Reino Unido. As políticas governamentais globais em resposta à variante, em especial na Europa, lidaram com um choque de demanda mais do que com um choque de oferta – os negócios permanecem abertos, mas os clientes enfrentam obstáculos adicionais para gastar dinheiro com esses negócios.

Nesta semana, em meio ao turbilhão de reuniões de políticas monetárias, muitos investidores acompanharão as novidades na Zona do Euro e na inflação. Sobre o Banco da Inglaterra, especificamente, os mercados ainda não esperam que a autoridade monetária se mova devido às incertezas econômicas criadas pela ômicron – por enquanto, as medidas do governo parecem bastar.

A semana é importante, mas a segunda-feira parece bastante esvaziada na agenda econômica, o que tem possibilitado a alta desta manhã. O relatório mensal da Opep é relevante no exterior, enquanto por aqui, na agenda doméstica, as atenções se voltam para a Câmara, que pode votar novo marco legal das ferrovias, bem como para os dados da Balança Comercial semanal.

Nos EUA, o Congresso está pressionando para aprovar vários projetos de lei ainda em dezembro, incluindo o projeto de quase US$ 2 trilhões de gastos sociais e de mudança climática, a segunda metade da agenda doméstica do presidente Joe Biden. A ideia é matar esse assunto antes do início da campanha para as eleições de meio de mandato de 2022.

O Congresso também enfrenta um prazo para aumentar o limite da dívida antes de 15 de dezembro, depois que legisladores aprovaram uma medida provisória de gastos que financiará as operações do governo até 18 de fevereiro. O jogo dos democratas tem sido de tentar amarrar tudo em um só acordo com os republicanos.

A Câmara já aprovou o plano Build Back Better de quase US$ 2 trilhões de Biden em novembro, e todos os 50 democratas devem concordar em aprová-lo no Senado. Mas a batalha não será trivial, até mesmo porque outro problema é a inflação, que também pressiona o presidente Biden com esses planos de gastos. Mais gastos podem servir de motor à economia, mas também jogam gasolina sobre o fogo inflacionário.

Um abraço,
Jojo Wachsmann

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