Os IPOs vão voltar em 2022, finalmente?
“O cenário eleitoral abala a confiança internacional”, destaca Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Verde (Imagem: Shutterstock)
2021 foi o ano do capital aberto, com seus 47 💥️IPOs (Oferta Pública Inicial, do inglês ✅initial public offering) realizados na 💥️B3. A título de comparação, em 2023, foram promovidas 28 ofertas de ações e, em 2023, apenas quatro.
Com isso, 2023 ocupa o segundo lugar no ✅ranking de maior número de listagens na Bolsa, somente atrás de 2007, que segue sendo o recordista com 64 IPOs. O destaque deste ano que termina foi o primeiro semestre, quando a conjugação de juros baixos (que impelem os investidores para a renda variável) com o otimismo com a reabertura da economia após o pior momento da pandemia de Covid-19 incentivaram as empresas a buscarem o mercado acionário.
No segundo semestre, contudo, a forte desvalorização da bolsa brasileira jogou um balde de água fria nos IPOs deste ano. De julho a novembro, o 💥️Ibovespa (💥️IBOV) fechou todos os meses em queda e, no acumulado do ano até o penúltimo mês, o recuo do principal índice de desempenho da B3 soma 14,37%.
Como se sabe, a Bolsa brasileira foi abatida por um verdadeiro fogo cruzado. De um lado, as ruidosas caneladas do presidente Jair Bolsonaro no STF, na Petrobras, no mercado, em políticos e nas vacinas contra a Covid-19 incendiaram o panorama doméstico e causaram fortes volatilidades na Bolsa.
Somem-se, a isso, a deterioração do cenário econômico, com a escalada da inflação, a estagnação do PIB e a necessidade de o Banco Central elevar os juros para conter a alta dos preços.
No front internacional, a freada da China, preocupada com sua própria inflação, e o surgimento da variante ômicron, mais contagiosa que sua antecessora, a delta, reavivaram os fantasmas da pandemia de coronavírus e de novos lockdowns.
Diante deste cenário, 💥️a maioria das ações estreantes no mercado financeiro registrou queda. Outras empresas simplesmente desistiram ou adiaram sua abertura de capital. Mas, afinal, esta fila de ofertas públicas vai andar em 2022? O próximo ano será mais um forte em relação aos IPOs?
Os IPOs vão voltar em 2022?
De acordo com o ✅head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga, a fila de IPOs que foram adiados este ano não deve andar em 2022. O gestor acredita que os principais aspectos que travarão as ofertas iniciais no próximo ano são a 💥️taxa de juros e as💥️ eleições de 2022.
Juros nas alturas
“Sem dúvida nenhuma, teremos uma taxa de juros elevada em 2022, possivelmente de dois dígitos. Quando a taxa é alta, a falta de atratividade por capital em renda variável — ou seja, na bolsa de valores — é maior”, explica Madruga.
Sem atratividade na 💥️Bolsa, fica mais difícil que as empresas encontrem interessados em injetar capital nos seus negócios, em troca de se tornarem sócios, por meio da compra de ações.
Entretanto, o especialista destaca que, em 2022, os juros não irão subir na mesma velocidade dos últimos meses. Isso porque, o pico de alta da inflação ocorreu no segundo semestre de 2023.
Corrida eleitoral
Outro ponto ressaltado pelo ✅head da Monte Bravo é a corrida eleitoral. Dependendo do setor em que atua, uma empresa pode sentir mais ou menos o impacto das eleições de outubro.
Madruga destaca que a corrida presidencial deixa os investidores globais com um pé atrás quanto a eventuais arroubos intervencionistas ou populistas. “As interferências governamentais em alguns setores da economia são detalhes muito importantes em relação à confiança internacional, não só no Brasil, mas nos países emergentes”, afirma.
“Trata-se de interferências bem relevantes, que não são novidade para o capital estrangeiro, mas em um ano eleitoral, em que provavelmente haja mudanças de governo e de política econômica, e com resultado e expectativa de PIB fraco, isso pode se agravar”, completa o head de renda variável.
Historicamente, muitos investidores estrangeiros entram na Bolsa brasileira pelos IPOs. Porém, com a confiança abalada pela instabilidade política, esse capital pode deixar de ser aplicado no país.
O gestor ainda lembra que, em 2023, a B3 registrou entrada líquida positiva de capital estrangeiro, porém um volume muito inferior do que o seu potencial permitiria. Em sua visão, o investidor internacional está migrando para grandes economias.
Os IPOs de 2022 terão bons preços?
💥️Condições de colocação
Para Bruno Madruga, as condições de colocação no próximo ano dependerão diretamente da taxa de juros e das expectativas do PIB brasileiro.
O head da Monte Bravo acredita que as empresas apostarão na captação de recurso através de outros veículos, como a emissão de crédito, debêntures, CRA e CRI.
💥️Preços dos IPOs
O executivo defende que as empresas que se destacarão nas ofertas públicas são as do setor de tecnologia. “Nos últimos anos, o mercado americano teve uma forte expansão do setor de tecnologia. Eu acho que isso é uma tendência global, e aqui no Brasil não deve ser diferente”, analisa.
Madruga ainda ressalta que hoje existem poucas empresas do seguimento tecnológico listadas na bolsa brasileira.
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