Esforços de empresas para humanizar o ambiente de trabalho ainda falham no aspecto psicológico
O colunista Ronald Bozza fala sobre saúde mental e os desafios das empresas nesse sentido (Imagem: Elisa Ventur/Unsplash)
A 💥️saúde mental no ambiente de 💥️trabalho é uma das maiores preocupações nos dias atuais.
Não por acaso, universidades, sindicatos patronais e de trabalhadores e órgãos governamentais realizam diversos eventos para debater o tema e encontrar soluções para reduzir os casos de afastamento por depressão e até mesmo suicídio.
Um exemplo foi o seminário realizado em maio deste ano pela Universidade de Campinas (Unicamp) em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) intitulado “Sofrimento Mental e Morte entre Trabalhadores – Transtornos Mentais e Suicídios Relacionados ao Trabalho”.
Na ocasião, foram apresentados dados a respeito da gravidade da situação. Eles mostram que, em 2023, a saúde mental foi a responsável pelo afastamento de 576 mil pessoas de suas funções produtivas. O número é 26% maior do que o registrado em 2023.
Os afastamentos por depressão, por exemplo, saltaram de 213 mil para 285 mil no mesmo período de comparação. E o problema pode ser bem maior, pois acredita-se que haja um alto percentual de subnotificação, além do que, muitos trabalham informalmente e não são devidamente monitorados pelo sistema.
É um tema antigo, mas cujo debate costuma vir à tona somente quando algo muito grave acontece. Em agosto deste ano, o estagiário de um grande escritório de advocacia de São Paulo tentou suicídio ao pular do sétimo andar do edifício onde fica sediada a empresa. Apesar da altura, ele sobreviveu porque um toldo amaciou o impacto da queda.
Depois da ocorrência começa o embate. Empregados falam que a atitude está relacionada à forte pressão no ambiente de trabalho, e a empresa se defende, explicando que existe em sua política toda uma preocupação com o bem-estar dos funcionários.
O fato é que não são todas as empresas que estão preparadas para fazer do próprio ambiente de trabalho um exemplo de boa convivência e cooperação.
Por mais que o 💥️ESG (Ambiental, Social e Governança) tenha sido bastante noticiado nos últimos anos, a verdade é que o conceito ainda é mal compreendido pelas corporações. E nessa falta de compreensão, quem mais fica para trás é o “S” de social, que compõem a sigla.
Ao implantar o ESG, algumas companhias deixam seus 💥️RHs um tanto à margem do processo.
As equipes montadas para a tarefa focam muito em governança corporativa e em meio-ambiente, sobrando para o departamento de recursos humanos a preocupação com planos de benefícios (vale-alimentação, convênio médico, etc.), como se apenas isso se configurasse em uma política de relações e bem-estar no trabalho.
Claro que benefícios representam uma parte do que pode ser feito dentro de uma política de 💥️sustentabilidade, mas por si só estão longe do que realmente se trata o conceito.
Vamos pensar: o colaborador tem um bom convênio médico, vale-refeição, um bom salário, mas é constantemente humilhado pelo chefe. Ele tenderá a ter problemas como ansiedade, depressão e vai começar a usar um de seus benefícios, o convênio médico, mais vezes do que deveria, aumentando o custo do plano de saúde.
Pior, um ambiente de trabalho psicologicamente insalubre gera ✅turnover, absenteísmo, presenteísmo, queda da produtividade, ações trabalhistas na Justiça e tantos outros problemas para a empresa, inclusive de imagem, que só uma verdadeira política ESG consegue evitar.
O problema envolvendo a saúde mental no ambiente de trabalho é grave e exige ações urgentes.
Os dados estatísticos e os acontecimentos noticiados na grande mídia tornam notória a necessidade de mudança na cultura organizacional das 💥️empresas.
Não que elas devam parar de buscar melhores resultados, mas sim criar formas de fazer essa busca sem o uso de métodos que transformem o colaborador em um simples objeto, uma máquina cuja única tarefa é gerar lucro.
É preciso que cada empresa faça um diagnóstico de suas necessidades e implante uma política ESG verdadeira, que atenda aos três pilares que compõem a sigla.
💥️✅Ronald Bozza é sócio da BR Rating e da Bozza Soluções Estratégicas em Recursos Humanos, membro independente do Comitê de Pessoas e ESG e da Comissão de Pessoas do IBGC.
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