‘PRF deveria mudar o nome para Polícia Estacionária Federal’, diz cientista político
Decisão de proibir operações da PRF queima imagem do órgão federal de fiscalização, que tem impacto irrelevante no resultado das urnas (Imagem: Facebook/PRF.SP)
A decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, de proibir que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realize, até o fim do segundo turno das eleições neste domingo (30), qualquer tipo de operação relacionada ao transporte público, gratuito ou não, de eleitores arranha a imagem do próprio órgão federal.
É o que avalia o cientista político Alberto Carlos Almeida. “A Polícia Rodoviária Federal deveria mudar o nome para Polícia Estacionária Federal”, ironizou.
Ele, que também é diretor do Instituto Brasilis, avalia que o desempenho da PRF nas estradas federais é “péssimo” e deixa má impressão. “Os carros ficam estacionados o tempo inteiro. É muito difícil ver um carro da polícia rodoviária rodando”, emenda.
Almeida faz um comparativo com outros lugares, inclusive em 💥️São Paulo. “É totalmente diferente nas estradas estaduais de São Paulo, onde a polícia roda, efetivamente, pegando flagrantes de desrespeito ao trânsito. Isso que é importante fazer. Agora, a federal não roda não”, completa.
A Polícia Rodoviária Federal deveria mudar de nome para Polícia Estacionária Federal, sempre que se passa em seus postos os carros estão parados, não rodam em busca de flagrantes de desrespeito às leis de trânsito. Hoje decidiram se mexer no NE para aumentar a abstenção. Absurdo— Alberto Carlos Almeida (@albertocalmeida) October 30, 2022
“Então, a nossa polícia [rodoviária federal] é ‘inefetiva’. E agora está cumprindo um verdadeiro ‘papelão’, que vai queimar a imagem dela, inocuamente”, emenda o cientista político.
Impacto irrelevante
Isso porque, Almeida avalia que o impacto de eventuais “barreiras” da PRF relacionadas ao transporte é “irrelevante” no resultado das 💥️urnas. “O impacto do que a PRF vem fazendo, principalmente no Nordeste, não muda o resultado da eleição”, ressalta.
O cientista político explica que a diferença entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) será da ordem de milhões de votos. “Essas barreiras que a PF faz podem ter um impacto de milhares de votos, não vai modificar o resultado da eleição. Não tem esse condão”, emenda.
A declaração também foi compartilhada pelo 💥️Twitter.
A Polícia Estacionária Federal apenas vai piorar sua imagem de polícia ineficaz no combate aos acidentes rodoviários, pois não vai alterar o resultado final que será a vitória de Lula— Alberto Carlos Almeida (@albertocalmeida) October 30, 2022
Aliás, na rede social, o diretor do Instituto Brasilis, que também é autor de livros sobre o tema eleições, se posicionou ainda mais incisivamente sobre essa reflexão. Confira:
Nunca imaginei ver tanta gente supostamente racional preocupada com blitz da PRF ou engarrafamentos longos a fim de aumentar a abstenção. Certamente não se debruçaram sobre a vantagem de 6 milhões de votos do primeiro turno. É triste ver a abordagem irracional da política— Alberto Carlos Almeida (@albertocalmeida) October 30, 2022
PT denuncia descumprimento
Apesar da decisão, diversas denúncias foram recebidas pela campanha de Lula, de que agentes da PRF estariam realizando operações para evitar o trânsito de ônibus e, com isso, aumentar a 💥️abstenção de eleitores, principalmente no Nordeste, segundo a coligação do candidato petista.
A campanha de Lula informou ter acionado o TSE contra um suposto descumprimento da ordem de Moraes pelo diretor-geral da PRF, inspetor Silvinei Vasques. Segundo reportagens, Vasques teria publicado, e depois apagado, mensagem nas redes sociais pedindo voto no atual presidente e candidato à reeleição.
Como consequência, ele foi intimado a parar as operações de fiscalização que pudessem atrapalhar o transporte de eleitores.
“A coligação recebeu diversas denúncias, principalmente no Nordeste, de que agentes da PRF estão realizando operações para evitar o trânsito de ônibus e, com isso, aumentar a abstenção de eleitores”, informou a coligação em nota, acrescentando que a ação pede multa de R$ 500 mil por hora de descumprimento da decisão judicial.
✅*Com Reuters
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