Conflitos, envelhecimento e transição energética podem trazer inflação ‘permanente’, diz BlackRock
BlackRock vê risco de inflação de longo-prazo por conta de conflitos, envelhecimento e transição energética (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)
Entre hoje e sexta-feira, são aguardadas as decisões monetárias de três dos principais Bancos Centrais do mundo.
A expectativa é que o 💥️Federal Reserve, 💥️Banco Central Europeu (BCE) e 💥️Banco da Inglaterra (BoE) optem por um aumento de 0,50 ponto-percentual nas respectivas taxas básicas de juros, sinalizando um arrefecimento no ritmo do aperto monetário.
O pivô para uma política menos agressiva se deve à leitura de que o pico da 💥️inflação principal para as economias desenvolvidas ficou para trás. Ainda assim, analistas preveem que o núcleo da inflação permanecerá consideravelmente acima das metas oficiais, ao menos, até metade do ano que vem.
Mas, de acordo com a 💥️BlackRock, a gestora com US$ 2,6 trilhões sob custódia, as projeções de parte dos agentes do mercado sobre o rumo inflacionário podem estar sendo exacerbadamente otimistas ao relegarem o impacto de 💥️três macrotendências que regerão a economia global nas próximas décadas.
Da Ucrânia a Taiwan, uma nova ordem geopolítica
A 💥️guerra da Ucrânia precipitou a entrada em uma nova ordem internacional, mais semelhante aos anos da 💥️Guerra Fria, em que blocos fragmentados de países passam a preponderar sobre um senso de cooperação globalizado.
Para a gestora de ativos, o novo desenho geopolítico deve avançar em detrimento da eficiência econômica, com a repriorização do fornecimento local de bens e serviços podendo se provar mais custoso para as companhias do que as atuais cadeias de valor transnacionais.
Nesse sentido, o caso da 💥️Ucrânia é pedagógico. As sanções econômicas colocadas pelo Ocidente sobre a matéria-prima e os combustíveis russos desencadearam a busca por uma economia nacional mais forte, com base na autossuficiência energética. Até este momento, essa tendência tem gerado escassez de oferta e um aumento vertiginoso dos preços de combustíveis.
Um ponto de maior atenção para a gestora é a tendência, traçada no último Congresso do Partido Comunista, de que a 💥️China também passe a focar mais nos seus objetivos de autossuficiência energética, tecnológica e alimentar do que no crescimento econômico com forte componente exportador.
Adicionalmente, o risco de que a China incorra militarmente contra Taiwan, como parte desse novo desenho geopolítico, e o aumento da competição estratégica entre o país e os EUA podem ter impactos perenes na oferta & e, portanto, na inflação — de produtos de alta tecnologia agregada.
O fomento das tensões em 2022 colocaram o índice BGRI da BlackRock, que mede o risco geopolítico sobre o mercado de capitais, na maior escalada em quatro anos.
Envelhecimento nas principais economias
A migração para um perfil demográfico mais envelhecido não é mais uma característica exclusiva economias como 💥️EUA, 💥️Europa ou 💥️Japão.
Países emergentes como 💥️Brasil e💥️ China passam a lidar com a queda da natalidade e da fecundidade, ao passo que avanços sociais reduzem também a mortalidade.
Essa confluência de fatores tem diminuído o tamanho da população economicamente ativa nas diversas economias, com efeitos diretos na produtividade dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Além da questão estrutural da produtividade, que toca na pressão inflacionária, a 💥️BlackRock também vê a tendência de envelhecimento como um fator de aumento do gasto público dos governos em seguridade social e outras políticas de bem-estar.
A queda da participação de trabalho é pronunciada com a chegada da pandemia de 💥️covid-19, que pode ter retirado permanentemente um número recorde de pessoas da força de trabalho.
A transição energética
Ao mesmo tempo que significa uma nova e ampla frente de investimentos, a transição para formas de energia mais limpas representa forças inflacionárias no médio-prazo.
Isso, porque as tecnologias para a utilização barata dessas fontes ainda não estão evidentes. Na perspectiva da 💥️BlackRock, “a transição deverá trazer restrições na produção, já que envolveria uma imensa realocação de recursos”.
Qualquer cenário em que a transição energética prevaleça, todavia, dependerá do uso de fontes não renováveis, como petróleo e gás natural.
No racional da gestora, se a energia não renovável de alto carbono cair mais rápido do que a adição de alternativas mais limpas à matriz global, maiores são as chances de uma escassez, com resultados disruptivos e inflacionários para a economia de todo o planeta.
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