Viajante visita todos os países do mundo sem voar durante 10 anos
De Nossa
03/08/2023 04h00
Tecnicamente, o feito foi conquistado pelo viajante em 23 de maio, quando ele colocou os pés no último país que faltava em sua lista: as Maldivas. No entanto, ele comemorou o fim de sua jornada na última quinta (27), ao finalmente chegar de volta à Dinamarca.
"Obrigado pelo seu apoio inabalável, que me tornou a primeira pessoa a visitar cada país do mundo completamente sem voar", agradeceu em uma mensagem compartilhada em seu Instagram. "Mais de 100 pessoas apareceram para me dar boas-vindas neste dia histórico: família, amigos, fãs e seguidores. Que recepção!".
Pedersen se disse ainda "impressionado com os presentes, abraços, aplausos e o amor" que recebeu na chegada ao porto de Aarhus, alcançado a bordo do navio de carga MV Milan Maersk durante um percurso de 33 dias da Malásia (para onde voltou depois de conhecer as Maldivas), passando por Sri Lanka, e então de volta à sua terra natal.
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"Há um sentido histórico em voltar para casa de navio — as pessoas podem ver o horizonte, se levantar e acenar enquanto desço a passarela. E essa parece ser a forma apropriada de completar o projeto", contou o viajante de 44 anos e embaixador da boa vontade da Cruz Vermelha Dinamarquesa à CNN Travel.
"Da minha cabine, eu olhei pela escotilha na Malásia e percebi que todos os dias a paisagem mudaria gradualmente até que finalmente se tornaria a Dinamarca. Mesmo que eu quebrasse a minha perna naquele ponto, eu chegaria em casa. Não haveria mais cobras, cães selvagens, malária ou vistos a conseguir — eu só tinha que evitar cair no mar!", comemorou.
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💥️Uma década de perrengues e aventuras
Quando Thor partiu em 10 de outubro de 2013, ele tinha apenas algumas regras: passar pelo menos 24 horas em cada país, resistir voltar para casa antes de completar o percurso e tentar gastar apenas US$ 20 (R$ 96) por dia.
Ele também se comprometeu a narrar seus passos em seu blog, Once Upon a Saga, e nas redes sociais. Ele não sabia, contudo, quanta história teria para contar, já que enfrentou uma série de desafios ao longo do caminho como levar quatro meses para conseguir um visto — e uma carona — até a Guiné Equatorial ou mudar sua rota na fronteira com a Mongólia para a chegada até o Paquistão percorrendo mais de 12 mil km extras por diversos países para entrar no território paquistanês antes que seu visto expirasse.
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Ele ainda passou por atrasos semelhantes na documentação de entrada em Síria, Irã, Nauru e Angola — Thor esperava demorar quatro anos para visitar os 203 países (195 reconhecidos pela ONU e outros oito parcialmente reconhecidos) e acabou viajando mais do que o dobro. Especialmente porque, no meio do caminho, ainda houve uma pandemia, que severamente prejudicou seu percurso ao obrigá-lo a permanecer por dois anos em Hong Kong após o fechamento das fronteiras.
"Eu olho para trás para Hong Kong e é um pouco paradoxal. Foi a pior época da minha vida e a melhor fase da minha vida, de alguma forma. Eu tive que lidar com a situação — foi uma luta tão intensa para resolver se eu deveria abandonar esse projeto faltando nove países para completá-lo", contou à publicação.
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O dinamarquês ainda sobreviveu a um caso severo de malária cerebral em Gana, uma tempestade intensa de quatro dias no cruzamento do Atlântico da Islândia ao Canadá, passagens por zonas de conflitos e perrengues com navios quebrados que o fizeram mudar de planos algumas vezes. Houve, contudo, alegrias: ele pediu sua então namorada (hoje esposa) Le em casamento no meio da viagem, no topo do Monte Quênia em 2016.
💥️Um amor na estrada
Durante seu período forçado em Hong Kong, Thor se viu obrigado a conseguir um visto de trabalho e autorização de residência para se manter no país enquanto seus planos estavam interrompidos. Foi nesta época em que ele casou com Le remotamente, através de um serviço virtual americano, já que ela permanecia na Dinamarca.
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O arranjo permitiu que Le, agora casada, se tornasse também residente do país e visitasse o marido pelo maior período desde a partida dele da Dinamarca, já que as fronteiras seguiam fechadas para turistas, mas não para moradores.
"Passamos 100 dias juntos, o que foi maravilhoso. Ela pode conhecer meus amigos e entender minha vida. Amamos fazer trilhas em Hong Kong e completamos a trilha MacLehose — que tem 100 km de comprimento a mais da metade da elevação do Monte Everest — lado a lado, de uma só vez", contou ao veículo americano.
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Em 5 de janeiro, ele retomou a viagem, passando por Palau, Austrália, Nova Zelândia, Samoa e Tonga — onde ele só conseguiu entrar após receber um e-mail do próprio Primeiro-Ministro autorizando sua chegada durante o estado de emergência da covid-19. Dali, ele partiu para Vanuatu, onde Le o reencontrou para que se casassem presencialmente, em uma praia paradisíaca.
"Foi lindo. Os funcionários [do resort onde estava hospedado] foram tão doce e estavam empolgados. Eles tornaram tudo realmente especial", relembrou.
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💥️O fim da jornada
Depois de tantas emoções, Thor ainda passou por Fiji, Singapura, Malásia, Sri Lanka e Maldivas, entre idas e vindas. No total, ele viajou por 3.576 dias, passou por 37 navios cargueiros, 158 trens, 351 ônibus, 219 táxis, 33 barcos e 43 riquixás, cruzando cerca de 359 mil km — o equivalente a nove voltas no planeta Terra — sem contar a volta para casa.
No entanto, ele ainda não sabe dizer quais são seus próximos passos agora que está em casa, apenas entende que passará por um enorme ajuste.
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"Ainda não processei que esse projeto acabou. Dizem que se você quer incorporar um novo hábito em sua vida, deve repeti-lo por 30 dias. Eu venho fazendo isso a mais de 3.500 dias. Então, é realmente quem eu sou agora".
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