Viajante acha chão de avião sujo de sangue e cocô em voo de 8 horas

Habib Battah tentando limpar sua mochila que se sujou com o sangue e as fezes e que transportava seus dois gatos - Reprodução/Twitter

De Nossa

10/07/2023 17h20

Ao perceber que a situação exigia limpeza, ele chamou a tripulação, mas, segundo Battah, não houve muita atenção no primeiro momento. Uma comissária apenas entregou a ele alguns lenços desinfetantes. "No meu francês ruim, disse a ela que cheirava como cocô. E os lenços começaram a voltar avermelhados. Usei mais de uma dúzia deles", descreveu.

Neste momento, uma comissária interveio, pediu a Battah que lavasse as mãos e lhe ofereceu luvas. Enquanto ele limpava, a mensagem da tripulação chegou ao piloto que se comunicou via rádio com a base da companhia em Paris e questionou o que havia entre os assentos 30 A e 30 B. A resposta: sangue.

I noticed a big stain across the whole carpet of the seats. It was wet to touch. At first the @airfrance attendant shrugged and gave me some wipes. In my broken French told her it smelled like merde (shit). Then the wipes came up blood red. I used over a dozen of them... (2 pic.twitter.com/tEg5hXX95f

-- Habib Battah (@habib_b) July 1, 2023

O passageiro sobreviveu ao sangramento, ainda segundo a CNN americana. Durante todo o imbróglio, Battah disse ter percebido que apenas um dos comissários se revoltou com sua situação e se desculpou, enquanto outros não reagiram. "É uma ameaça também para a tripulação. Eu perguntei qual era o protocolo deles para isso, mas não me responderam. Estou certo de que não há nenhum", opinou ao veículo.

Em seu Twitter, ele ainda fez um apelo aos órgãos competentes. "Espero que a Air France e a IATA [Associação Internacional de Transporte Aéreo] levam isso a sério e possam nos dizer se fomos expostos a qualquer resíduo médico ou biológico perigoso. O chefe de tripulação fez uma queixa notando que o passageiro doente viajou na quinta de Paris a Boston, então outro voo antes do nosso expôs passageiros ao sangue".

Durante o voo, o jornalista e sua esposa — que viajava com ele e os animais — receberam duas pequenas garrafas de água como recompensa, além de dois cobertores da classe executiva para colocarem no chão, com talco, para absorver o sangue. Como o voo estava lotado, eles não puderam ser removidos dos assentos.

I took out my backpack from under the seat and the strap was soaked in blood too. I got on my hands and knees and cleaned for half an hour. The @airfrance staff gave me gloves and more wipes. Then they casually noted a passenger had hemorrhaged on a flight before ours. (3 pic.twitter.com/yVW7n9w0MY

-- Habib Battah (@habib_b) July 1, 2023

"Tivemos que ficar sentados ali cheirando o sangue pelas sete horas seguintes. O cheiro de sangue podre é como de estrume. Tinha tirado meus sapatos no início do voo e tinha sangue nas minhas meias", relatou ainda à CNN. Três dias depois, Battah recebeu uma ligação da Air France que confirmou que, misturado ao sangue, havia fezes.

Em comunicado à rede americana, a companhia aérea informou que o passageiro doente voou em 29 de junho e foi tratado por equipe médica na chegada. "Como é procedimento neste tipo de situação, uma limpeza completa da área foi pedida e a fileira de assentos se tornou indisponível no voo da volta [de Boston a Paris]."

A aérea considerou o material encontrado por Battah como "traços residuais de sangue" e afirmou que a tripulação o auxiliou na limpeza de seus pertences oferecendo a ele "equipamento adequado". "Uma investigação interna foi aberta para entender as razões dessa situação. A Air France entende e lamenta a inconveniência causada", disse ainda a empresa, que ainda afirmou que "o risco de exposição a traços residuais de sangue no carpete é baixo, se não não-existente."

Here I am trying to get the blood off my luggage that it absorbed from the airplane carpet. The @airfrance staff crowded around, shocked because they claimed a cleaning crew had removed the seats after the sick passenger incident, but apparently not cleaned the floor. (4 pic.twitter.com/X59rYkvaAW

-- Habib Battah (@habib_b) July 1, 2023

O especialista em medicina de viagem da Fleet Street Clinic de Londres, Dr. Richard Dawood, discordou da afirmação ao veículo americano. "É uma situação muito anti-higiênica e não sabemos do que o passageiro estava sofrendo, ou se era infeccioso. Poderia ter sido sangue ou diarreia de uma infecção, ou de algo como colite, mas de toda forma, em um ambiente hospitalar isso seria tratado como contaminação biológica perigosa", frisou.

"Há diversos tipos de infecções virais transmitidas por sangue — hepatite B, C, HIV — mas a maioria delas exigegm o contato com a pele rompida ou com um ferimento penetrante. Todas essas coisas são de baixa incidência na população, então a posição de partida é que o risco é relativamente pequeno, e as chances de penetrar a pele intacta são incrivelmente pequenas. Mas este não é o ponto — não deveria ter acontecido."

Contudo, ele ressaltou que a diarreia oferecia mais riscos, principalmente porque foi permitido que Battah limpasse a área sem produtos adequados próximo à copa do avião, onde estão os alimentos. Este tipo de prática pode jogar no ar partículas das fezes sobre a comida. O jornalista crê que a companhia aérea lidou mal com o incidente e o expôs a riscos.

I really hope @airfrance @iata takes this seriously and can tell us if we were exposed to any hazardous medical/bio waste. Chief attendant filed a report, noting sick passenger traveled Thursday from Paris to Boston, so 1 other flight exposed passengers to blood before ours. (6 pic.twitter.com/5ZIKeQO7Tt

-- Habib Battah (@habib_b) July 1, 2023

"Eu trouxe aquele sangue para casa comigo", lembrou. "Nunca me pararam e disseram 'ei, não sabemos o que este paciente tinha de errado com ele'. Foi tão negligente". Ao contactá-lo três dias após o voo, a Air France ofereceu pagar pela limpeza de seus gatos, que estavam na mochila manchada de sangue, e sugeriu um voucher de US$ 500 (R$ 2.434,45). Ele rejeitou a proposta.

"Não acho que é certo, acredito que é um caso sério de contaminação biológica e deve ser investigado minuciosamente. Não quero ser silenciado com um troco. Nosso bilhete custou US$ 2.500 (R$ 12.172, 25) — um desconto de 20% vale ter ficado sentado em sangue e fezes? Acho que foi uma negligência brutal e alguém tem que ser responsabilizado."

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