Rainha Charlotte: a história por trás do palácio ligado à loucura do rei

Corey Mylchreest como rei George 3º e India Amarteifio como rainha Charlotte na série da Netflix - Divulgação

Ana Claudia Paixão

Colaboração para Nossa

16/05/2023 04h00

Um endereço para que, em geral, os estrangeiros não ligavam muito é justamente o "principal" cenário da série da Netflix: o Palácio de Kew.

O palácio, os jardins e o chalé da rainha Charlotte ficam dentro do Kew Gardens, perto do rio Tâmisa e onde também fica o Jardim Botânico, fundado pela rainha.

A área de hoje é comparativamente reduzida em comparação à em que eles viveram, mas ainda é de tirar o fôlego.

💥️Desde a época dos Tudors...

A ligação entre o Palácio de Kew e a monarquia vem do período dos Tudors, segundo historiadores. O terreno era da família Dudley, foi comprado por John Dudley e restaurado para seu filho, Robert Dudley, 1º Conde de Leicester.

Para quem esqueceu, uma lembrança: Robert Dudley foi o amor da vida de Elizabeth 1ª, seu amigo de infância e principal confidente até sua morte.

Como a localização de Kew é perto do Palácio de Richmond (uma das principais residências da rainha durante o verão), era conveniente para os dois. Dizem que o prédio original foi construído segundo o modelo de uma casa onde os supostos amantes tinham ficado juntos, em 1563. Romântico!

Seja como for, em 1619, Kew foi demolido por Samuel Fortrey, que ergueu em seu lugar uma nova mansão em estilo holandês (o palácio também é conhecido como Casa Holandesa), conforme a moda da época.

💥️'A casa da rainha'

A partir de 1727, a rainha Caroline e o rei George 2º passaram a usar a casa, para "desafogar" a residência de verão em Richmond Lodge, onde os monarcas viviam com seus seis filhos. A rainha achou que Kew era perfeito para suas três filhas mais velhas. Logo o local ganhou o apelido de "Casa da Rainha".

Os jardins e o palácio passaram por remodelagens ao longo do tempo e, para George 3º, isso foi marcante porque seus pais, príncipe Frederick e princesa Augusta, estavam vivendo em Kew quando Frederick passou a supervisionar pessoalmente a reforma dos jardins. Desconfiam que por ter ficado exposto ao tempo úmido e frio, pegou um resfriado que, combinado com uma embolia pulmonar, foi fatal.

Mesmo viúva, a princesa Augusta continuou morando ali com seus filhos, e George 3º passou a infância em Kew, onde estudou e viveu até ascender ao trono. Não é surpresa que o Palácio tenha entrado definitivamente associado à loucura do rei George 3º porque também foi em Kew que o monarca buscou refúgio quando adoeceu.

Assim como na série "Rainha Charlotte", George adorava Kew justamente por ser um dos menores palácios da Inglaterra, o que o efetivamente transforma em uma casa mais aconchegante. O declínio da saúde mental do monarca é tipicamente dividido em três períodos de surtos.

É o "primeiro surto" que ganha maior destaque na narrativa da produção da Netflix, mas a série não inclui o fato de que nos outros períodos, ocasionalmente, o rei ficava agressivo e — para proteger Charlotte — eles ficavam próximos, porém separados.

George 3º vivia no andar de baixo e ela no superior do palácio. Os tratamentos — duros e ineficazes — são como os mostrados na série, sendo que ele chegou a ser colocado em uma camisa de força quando se recusou a cooperar.

Para quem curtiu a série, há mais ligações com o Palácio de Kew.

💥️'Corrida do bebê' e morte da rainha

Foi ali que a rainha Charlotte criou a "corrida de bebês", que está na série. A competição interna entre os filhos para produzirem herdeiros para Coroa realmente aconteceu e foi em Kew que seus filhos se casaram com as princesas escolhidas por ela, Adelaide de Saxe-Meiningen e Vitória de Saxe-Coburg, em julho de 1818.

Edward, duque de Kent, e sua duquesa Vitória venceram a "corrida de bebês" com o nascimento de sua filha, nove meses após o casamento (viria a ser a rainha Vitória).

Ninguém pode julgar que, com a associação de um tempo difícil, a família real tenha deixado de visitar Kew. Principalmente depois de 1818 quando a rainha Charlotte adoeceu durante uma viagem entre Londres e Windsor.

Ela decidiu passar alguns dias em Kew para se recuperar, mas sua saúde nunca melhorou. Ela morreu no palácio, em 17 novembro de 1818.

O site oficial diz que "a última lembrança duradoura para o povo de Kew foi a lenta procissão de seu caixão saindo do palácio, levando-a de volta a Windsor para o enterro".

A notícia da morte da rainha, inclusive, foi escondida do rei, que poderia sofrer algum novo surto.

Dois anos depois foi a vez de George 3º morrer. Assim, o Palácio de Kew foi caindo em desuso pela Família Real. Ele permaneceu aberto ao público até 1996, quando um grande projeto de restauração começou.

Com a obra pronta, foi ali que comemoraram o aniversário de 80 anos de Elizabeth 2ª, em 2006, quando foi reaberto como atração turística. Sem dúvida o interesse geral pelo endereço será renovado.

Os ingressos estão por volta dos R$ 45 e as visitas são diárias, entre 11h e 16h. Kew fica a 15 minutos de Londres e é possível ir de metrô ou de carro. Mais informações no site do palácio clicando aqui.

O que você está lendo é [Rainha Charlotte: a história por trás do palácio ligado à loucura do rei].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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