As mentiras que colaram sobre pizza, feijoada e outras comidas que amamos

E novos estudos querem revelar as verdades — e os dissabores — por trás de muitos dos pratos que se tornaram populares em todo o mundo.

É o caso do status alcançado pela ✅cucina italiana em nível global — e que recentemente fez o governo do país propor a sua candidatura a patrimônio mundial da Unesco.

Acreditamos que muito do que comemos entre pastas e risotos vindo do país era "autêntico" e "cheio de história", retrato de uma cultura que soube, com ingredientes simples, elevar a comida ao seu melhor nível.

O investigador português João Pedro Gomes afirma que a ideia da "doçaria conventual" de Portugal é um mito criado.

Algumas dezenas de doces, segundo o que se convencionou acreditar, teriam sido criados por freiras e monges em seus conventos e monastérios.

Para engomar seus hábitos, dizia-se que os religiosos usavam claras de ovos e, assim, tinham enormes quantidades remanescentes de gema, que depois levaram para a cozinha para criar doces cujas receitas foram mantidas guardadas por séculos.

Gomes, que defendeu sua tese de doutorado na prestigiosa Universidade de Coimbra, afirma que não é bem assim: dentro e fora dos conventos, os doces eram muito semelhantes.

João Pedro Gomes

Tampouco eram secretos, já que as receitas eram trocadas e se influenciaram.

Como as origens das receitas historicamente foram poucos documentadas, a não ser através da oralidade ou, no máximo, de cadernos familiares, as histórias que se contam sobre elas estão repletas de mitos.

Algo que ganha mais e mais camadas com o passar dos anos, em uma ideia de conexão com as tradições centenárias — e que não existem.

O que os novos estudos indicam, entretanto, é que, por trás desses mitos, a culinária no mundo foi desenvolvida muito mais por necessidade e por casualidade do que por relatos românticos.

Na mesa, adoramos contar histórias — mesmo quando elas não são reais. O chef Andoni Luis Aduriz, do restaurante Mugaritz, no País Basco, defende que as narrativas são o nosso "sexto sabor".

Ouvir uma exposição bonita sobre um ingrediente ou uma técnica aguça o nosso apetite porque mexe justamente com nossa curiosidade, nos permite nos envolver com aquilo que comemos de outra maneira" 💥Andoni Luis Aduriz

"Historicamente, sempre gostamos de contos, de fábulas, de mitos. A civilização foi construída em cima deles", conclui. Ao que tudo indica, a gastronomia também.

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