Inspirada em indígenas, ela faz doces para quem tem intolerância alimentar
Eliane conseguiu transformar o que seria uma desvantagem, digamos assim, o fato de ter uma intolerância alimentar, em algo positivo, que foi a criação de uma empresa destinada a atender pessoas como ela. A empreendedora criou uma solução para o que muitos considerariam um problema, uma limitação.
"Isso veio, inclusive, de uma frustração desde a minha infância. A criança, no Brasil, vai a uma festa pensando no brigadeiro, né? E eu não podia comer porque eu sou intolerante à lactose desde o berço. E o que acontecia? Eu comia o brigadeiro escondido e depois passava muito mal. Então, eu queria criar uma inclusão. Há espaço para todo mundo", afirma.
💥️Como tudo começou
Ela diz que a ideia de abrir uma confeitaria especializada em Genebra teve como ponto de partida muita pesquisa no Brasil e nos Estados Unidos, antes de ela se decidir, finalmente, pela Suíça.
"Começou basicamente de uma constatação de que o produto saudável ainda era visto como alternativo e hippie. Eu percebi logo que com essas mudanças no mundo o tempo todo, ele deixou de ser hippie e se tornou a norma. Uma preocupação cada vez maior com a saúde. No Brasil, eu não vi um caminho por uma questão de impostos, de muita inconstância no momento. Nos EUA, eu vi que a concorrência seria muito grande e ávida. E como eu tenho um vínculo com a Suíça desde a adolescência, achei que era o lugar que me daria essa segurança necessária para um novo projeto."
Eliane conta que, entre os produtos com mais saída, estão o polvilho com sabor (de páprica, manjericão, gruyères), que, em breve, ganhará novas versões:
"Vamos lançar novos sabores, o tomate-pizza, o de chocolate. As verrines saem muito bem. Temos também os minibrownies e as miniverrines para festas", explica.
Ainda há tortas, como a de paçoca, cheesecakes e os famosos bolos de pote brasileiro, que aqui na Suíça se chama verrine (de cheesecake, de banoffee, de tiramisu).
"Todos têm uma saída muito boa. Mas o que mais está crescendo nesse momento é o polvilho", conta.
Cozinha da confeitaria Tupi
Segundo ela, há também produtos brasileiros adaptados ao gosto local. "A gente vende o pão de queijo, que é de temporadas, mas pode ser encomendado sempre. Usamos o gruyères, que é um queijo sem lactose, muitos não sabem disso. Tem também a torta de paçoca, um grande sucesso".
Como foi o teste de receitas até o produto ideal
Eliane diz que a fase de criação e testes das receitas deu muito trabalho. À RFI, ela contou como foi esse período e quais os ingredientes que mais usa para fazer os produtos.
"A gente sabe que cada um tem um paladar, e a primeira mudança que a gente teve que fazer foi diminuir o açúcar, porque o paladar suíço não gosta de tão doce quanto o brasileiro. Provam-se dez tipos de farinhas diferenciadas até achar o produto ideal. Tanto que nós acabamos criando o mix Tupi, que é uma mistura de três farinhas. E a gente pretende, um dia, tentar botar esse mix no mercado".
Segundo ela, a aceitação dos produtos pela clientela local tem sido "excelente".
"Gostam muito da proposta do luxo saudável. Luxo no sentido de uma embalagem bonita, com muito capricho, muito cuidado. A receptividade, desde o começo, foi muito boa".
💥️Jornalista de formação e filha de dona de jornal
Formada em jornalismo, com mestrado em Ciências Políticas por Harvard, a brasileira vem de uma família ligada à imprensa.
"Eu sou filha - e acho que ele é saudoso pra muita gente — do Ary Carvalho, do Ary de Carvalho, como ele gostava, do jornal ✅O Dia, pioneiro de venda em banca, o primeiro ✅full color no Brasil. Eu acho que se eu não fosse filha dele, não estaria aqui hoje, porque eu tenho na veia esse empreendedorismo, essa vontade de vencer, de fazer a diferença. E, se Deus quiser, onde ele estiver, ele vai ter muito orgulho do sucesso da Tupi", disse.
O que você está lendo é [Inspirada em indígenas, ela faz doces para quem tem intolerância alimentar].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments