Antes da ostentação, Qatar era um pobre país de pescadores de pérolas
Há evidências de que a exploração de pérolas no Golfo Pérsico vem desde a Antiguidade. Mas o Qatar é um país jovem. No fim do século 16, quando o Brasil já tinha mais de uma dúzia de cidades fundadas, havia apenas um assentamento na península que hoje constitui o Qatar.
Era uma vila pesqueira, que tinha, segundo um texto otomano da época, cerca de mil barcos. Sim, a pujante e riquíssima monarquia que sedia a primeira Copa no Oriente Médio nasceu em volta de pescadores que mergulhavam para caçar pérolas.
Nos anos 1860, o viajante britânico Gifford Palgrave testemunhou e registrou esse Qatar tão diferente do atual. O terreno, para ele, era nada mais do que "montes de lixo e cabanas de mineiros perto da boca da mina, rica e infalível"
✅Essa mina não é outra senão o mar, um vizinho não menos amistoso para os habitantes do Qatar do que sua terra seca é uma anfitriã mesquinha"
É um relato cru, mas poético. "Nesta baía estão os maiores e mais abundantes pesqueiros de pérolas do Golfo Pérsico. É do mar, e não da terra, que os nativos do Qatar tiram seu sustento, e é no mar que eles habitam, passando em suas águas metade do ano buscando pérolas e a outra metade na pesca ou no comércio."
✅Por isso, seus verdadeiros lares são os inúmeros barcos que guarnecem as plácidas águas ou ficam enfileirados em longas linhas negras na praia, enquanto pouco cuidado é tomado para ornamentar suas casas de terra"
Tudo por ela. Um material orgânico, produzido naturalmente na reação de ostras e mexilhões a corpos estranhos, que dá à luz esferas lisas de carbonato de cálcio, cujas variadas cores encantavam imperadores indianos e romanos.
💥️A caça às pérolas
O trabalho era extenuante e perigoso. Os mergulhadores vestiam uma roupa de algodão, um grampo de casco de tartaruga ou osso de ovelha no nariz e uma proteção de couro nas mãos e nos pés. E só.
Jogavam uma pedra amarrada a uma corda e mergulhavam a profundidades de até 14 metros. Ficavam debaixo d'água por até dois minutos e voltavam com uma cesta de tecido cheia de ostras. Voltavam para baixo e repetiam o procedimento. Seguiam na função noite adentro. Às vezes, era preciso coletar milhares de ostras até conseguir uma pérola.
de Nossa
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