Estreia do Londrina marca o primeiro jogo da torcida Tubautistas no estádio; assista
A estreia do Londrina em 2023 marcou também o primeiro jogo da torcida Tubautistas no Estádio do Café. Eles acompanharam a vitória do Tubarão sobre o Azuriz, por 1 a 0, na abertura do Campeonato Paranaense.
O grupo se reuniu no espaço destinado especialmente para pessoas diagnosticadas com autismo, no setor coberto do estádio. Ao todo foram 18 torcedores, nove deles com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para oferecer mais conforto, foram disponibilizados fones para abafar sons e ruídos.
A Tubautistas foi criada no fim do ano passado pelo torcedor Matheus Dantas. Ele foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) em 2022, aos 27 anos, e decidiu formar a torcida para trazer inclusão e visibilidade ao tema do autismo.
– É a realização de um sonho. Quando a Tubautistas surgiu, a ideia era essa, de ter um espaço separado, para que pais com filhos autistas, pessoas dentro do espectro pudessem se reunir para assistir ao jogo de uma maneira mais tranquila. É especial, toca a gente. Quando a gente fala sobre incluir, precisa respeitar as limitações. Não é jogar o autista no meio da torcida. É incluir, porém respeitando as dificuldades e as diferenças. É o que esse espaço permite – disse Dantas.
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Junto com a Tubautistas estava o juiz Luís Ricardo Fulgoni, que foi diagnosticado como autista também de forma mais tardia, em 2023. Ele comemorou a iniciativa de ter um espaço destinado para pessoas com TEA no estádio.
– Eu sou autista, tenho meu filho que é autista também. A gente se sente representado. Muitas vezes, durante a vida, a gente se sente tão sozinho por ser diferente das outras pessoas, por se comportar de maneira diferente, por ter necessidades diferentes das outras pessoas. Quando a gente se sente incluído, se sente abraçado, a gente vem e participa – disse o juiz.
– O esporte é feito para juntar as pessoas, para aproximar as pessoas. O autista tem justamente essa dificuldade de estar perto, de estar junto, de socializar. Quando você abre essa porta e permite que o autista chegue, participe da vida social em geral, é algo que o esporte está cumprindo seu papel – completou Fulgoni.
1 de 2 Torcida Tubautistas no Estádio do Café — Foto: Divulgação/TubautistasTorcida Tubautistas no Estádio do Café — Foto: Divulgação/Tubautistas
O espaço no Estádio do Café foi escolhido por ficar em uma área mais tranquila, com facilidade para acesso e saída. As cadeiras serão sinalizadas com um adesivo, indicando a prioridade para pessoas com autismo e seus familiares.
💥️O Estádio do Café também terá uma sala sensorial, que deve começar a ser utilizada a partir de quarta-feira, no jogo Londrina x Cascavel. A iniciativa é da Fundação de Esportes de Londrina, responsável pelo estádio, junto com o Londrina e a SM Sports (gestora do clube).
Outros estádios do país também possuem áreas específicas para autistas. No Couto Pereira, do Coritiba, e na Neo Química Arena, do Corinthians, foram instaladas salas sensoriais adequadas especialmente para pessoas com TEA e outras necessidades. No estádio dos Aflitos, do Náutico, não há uma sala, mas na arquibancada há um espaço demarcado.
Além disso, a Copa do Mundo do Catar também teve três estádios com salas sensoriais.
2 de 2 Faixa do Tubautistas no Estádio do Café — Foto: Marcelino Barbosa/RPCFaixa do Tubautistas no Estádio do Café — Foto: Marcelino Barbosa/RPC
A pessoa diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta dificuldades na comunicação e nas interações sociais, alguns comportamentos ditos repetitivos, e o chamado hiperfoco em um assunto ou objeto e alterações sensoriais, entre outros pontos.
Um estudo de 2023, nos Estados Unidos, mostra que um a cada 30 crianças tem autismo. No Brasil, ainda não há um levantamento oficial, mas a estimativa é que cerca de 2 milhões de pessoas têm autismo. Segundo dados do Sistema de Informações Ambulatoriais, do Ministério da Saúde, em 2023 foram realizados 9,6 milhões de atendimentos em ambulatórios a pessoas com autismo no país.
O tema esteve presente no Censo do IBGE, realizado em 2022, o que possibilitará um quadro mais exato. No Paraná, o governo solicitou também um mapeamento do transtorno do espectro autista no estado.
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