FPF precisa se adaptar ao novo clima

Neste domingo eu deveria ter comentado para o Première o duelo entre Ituano e São Bernardo. E o faria, se uma tempestade, com direito a raios e trovões não tivesse inviabilizado a realização do jogo - remarcado pela Federação Paulista (FPF) para o próximo dia 22. O árbitro, Raphael Claus, experiente, de Copa do Mundo, nem precisou demorar muito na inspeção do gramado: era impossível jogar futebol ali. Seria algo natural, não fosse pela cada vez maior recorrência. No atual Paulistão, só aumenta o número de jogos ou adiados, ou paralisados, ou disputados em verdadeiras piscinas, colocando em risco a integridade física dos jogadores, e afogando irreversivelmente a qualidade e a validade esportiva do confronto. Está mais do que na hora de a Federação Paulista de Futebol entender que o clima mudou no planeta. Assim, é preciso se adaptar.

Eu mesmo, que obviamente não trabalho em todos os jogos do Paulistão já estive na transmissão de um jogo que precisou ser paralisado por causa de chuva e raios. Há duas semanas, São Bernardo x São Bento, interrompido aos 14 minutos do primeiro tempo e reiniciado 45 minutos depois. Neste último fim de semana, mesmo jogos que foram realizados perderam totalmente o sentido do melhor nível de competição. São Paulo e Santos jogaram debaixo de um temporal que interferiu no destino do jogo - o gol do Santos só aconteceu porque a bola parou numa poça antes do pênalti. No sábado, comentei Ferroviária x Botafogo-SP. No intervalo, depois de um primeiro tempo completamente aleatório por conta do estado impraticável do gramado, o atacante Osman comentou:

- O Botafogo jogou apenas uma partida, a da primeira rodada, com campo seco. Todos os outros do Paulista, a partir da segunda rodada, foram debaixo de chuva pesada.

O que se ganha com isso? Se a Federação Paulista tiver alguma preocupação com a qualidade de seu produto precisa mudar seu procedimento na elaboração das tabelas - e aí deve-se incluir a tradicional Copinha São Paulo de futebol júnior, também disputada invariavelmente debaixo de chuva forte - porque em janeiro, desde sempre, temos as chuvas de verão. A questão é: chover sempre chover nesta época. Mas sabemos todos (ou quase todos, tiremos daqui os negacionistas) que o clima mudou. As chuvas hoje, além de avançarem por fevereiro e parte de março, são muito mais intensas. Basta olhar o noticiário das cidades e ver o impressionante rastro de destruição que se vê pelo país nesta época.

Em paralelo, o sistema de previsão meteorológica mudou muito no Brasil. E para melhor, muito melhor. Hoje somos capazes de prever o que e onde vai acontecer em termos de chuva. Incluindo inclusive a previsão de quantos milímetros de água cairão naquele dia e naquele lugar. Dessa maneira, no momento em que os técnicos sentam para elaborar a tabela devem ter ao lado alguém da meteorologia, para que os jogos sejam marcados para um local ou hora em que a chuva seja " aceitável".

E aí é preciso se adaptar à natureza: é difícil, mas se em alguma cidade há previsão de tempestades para um período longo de dias, durante todo o dia, que se mude a sede do jogo, ou que se marque no local apenas quando o tempo melhorar. Ou que seja marcado para a cidade mais próxima que tenha estádio em condição. Não sei, não sou técnico em tabelas, não sou meteorologista. Mas sei que do jeito que está não pode continuar. Não é uma conciliação simples, dá trabalho. Mas, quem mandou poluir, desmatar, brincar com o clima do planeta?

O Campeonato Paulista é, de longe, o melhor dos Estaduais na questão técnica, da qualidade do jogo e dos times - assim como a Copinha é a competição, no mínimo, mais tradicional da base. Para que se mantenha assim, não dá para trocar o futebol pelo pólo aquático.

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