Jogo dos 7 erros: como o São Bento passou de azarão a rebaixado no Campeonato Paulista
O rebaixamento no Campeonato Paulista pegou de surpresa até mesmo o mais pessimista dos torcedores do São Bento. Afinal, ao fim do primeiro terço do estadual, o Bentão estava invicto, tinha uma das melhores campanhas da competição e já havia somado oito dos 12 pontos projetados pelo técnico Paulo Roberto Santos como a “nota de corte” para garantir a equipe na elite estadual de 2024.
Desde então, porém, tudo desmoronou. Em oito jogos, o São Bento somou apenas dois pontos. Menor ainda foi o número de gols (ou melhor, gol, no singular, já que foi apenas um).
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O São Bento foi rebaixado pela terceira vez no Paulistão desde 2023 — Foto: Pedro Zacchi/Ag. Mirassol
Apesar da queda brusca no desempenho, a equipe chegou à última rodada dependendo apenas de si mesma para se manter na primeira divisão. A queda só viria com uma combinação de resultados bastante improvável. Mas ela veio e, de fato, o Azulão sorocabano terá de juntar os cacos e recomeçar do zero no ano que vem.
O ge listou alguns dos motivos que resultaram em uma campanha melancólica, na qual o São Bento terminou com dez pontos e na penúltima colocação do Campeonato Paulista. 💥️Veja abaixo:
Em 12 jogos, o São Bento marcou apenas cinco gols neste Paulistão. É bem verdade que o ataque do Bentão nem foi o pior da competição (que foi o da Inter de Limeira, com quatro gols), mas a baixa produtividade custou caro a uma equipe que, mesmo com a derrota na última rodada, teria se mantido na primeira divisão caso ela acontecesse por apenas um gol de diferença.
Com três gols, Marcos Nunes foi o artilheiro da equipe e um dos poucos jogadores a conseguirem algum destaque. Rubens marcou um e o outro foi contra, do zagueiro Marcondes, do Água Santa. O pênalti perdido por Marlon no empate com o Mirassol – em um dos dois jogos que o São Bento contou com um jogador a mais em grande parte do jogo, mas não conseguiu vencer – também fez falta no fim.
2 de 5 O pênalti perdido por Marlon contra o Mirassol custou caro ao São Bento — Foto: Rebeca Reis/Ag. PaulistãoO pênalti perdido por Marlon contra o Mirassol custou caro ao São Bento — Foto: Rebeca Reis/Ag. Paulistão
O setor de criação de jogadas também foi pouco efetivo ao longo do Paulistão. Na maioria das vezes, a equipe atuou com três volantes (embora Carlos Jatobá tivesse mais liberdade, ele nunca foi um meia de fato) e ficou aquém na hora de municiar os atacantes.
Fernandinho chegou a atuar mais recuado e, por fim, Renan Mota, que começou a competição machucado, foi o responsável pela criação. Dos 12 jogos, no entanto, ele começou apenas quatro como titular e não teve atuações de destaque. Vale lembrar que o Bentão iniciou o ano com um jogador dessas características, o canhoto Murilo Rangel, que acabou dispensado após a pré-temporada.
Ousadia, definitivamente, é uma palavra que não fez parte do vocabulário do São Bento ao longo do Paulistão 2023. Com poucas variações de jogadas, a equipe tornou-se previsível e sem força ofensiva para incomodar os adversários. Foram raros os jogos em que o Bentão foi superior ao adversário nos 90 minutos.
Em termos de variações táticas, em momentos cruciais, como no jogo decisivo, contra o Bragantino, no qual um ponto ou até mesmo uma derrota por uma margem menor de gols poderia ter salvado o clube, Paulo Roberto Santos optou por um esquema com três zagueiros. O resultado, aliás, poderia ter sido até pior, já que o goleiro Zé Carlos ainda defendeu um pênalti do Massa Bruta.
3 de 5 O futebol apresentado pelo São Bento neste Paulistão esteve longe de encher os olhos — Foto: Ag. PaulistãoO futebol apresentado pelo São Bento neste Paulistão esteve longe de encher os olhos — Foto: Ag. Paulistão
Ao atingir rapidamente a marca de oito pontos, o São Bento parece ter desligado a chavinha que mantinha a equipe em atividade. A queda após a quarta rodada foi vertiginosa. O mau desempenho dos adversários da chave (Ferroviária, que também acabou rebaixada, e Ituano, que se livrou da queda e acabou se classificando às quartas de final), porém, dava a falsa impressão de que o Azulão estava fora de perigo.
Na coletiva após o empate com a Portuguesa (em um jogo sofrível e que poderia ter livrado a equipe do rebaixamento com antecedência), o técnico Paulo Roberto Santos praticamente ignorou a luta contra o descenso e focou na classificação à próxima fase, frisando, inclusive, que a equipe não havia figurado no Z-2 em momento algum até então. Ocorre que o time entrou na zona da degola justamente quando não poderia.
Passada as quatro primeiras rodadas, o São Bento somava oito pontos e tinha dois terços do Paulistão para disputar. A meta era chegar aos 12, mas de maneira impressionante, em oito partidas, o clube somou apenas dois pontos. Pior ainda: marcou um único gol e acumulou impressionantes seis derrotas.
Até mesmo a Ferroviária, que terminou na lanterna e também chegou a acumular uma marca de oito jogos sem vencer, marcou mais gols em meio à má sequência. Após a derrota para o Bragantino, Paulo Roberto Santos reconheceu que “as coisas desandaram dentro de campo” e pediu desculpas ao torcedor.
4 de 5 Após a quarta rodada, o São Bento não venceu um jogo sequer no Paulistão — Foto: Neto Bonvino/EC São BentoApós a quarta rodada, o São Bento não venceu um jogo sequer no Paulistão — Foto: Neto Bonvino/EC São Bento
Em seis jogos como visitante neste Paulistão, o São Bento não venceu nenhum: foram três empates e três derrotas, com apenas um gol marcado e cinco sofridos. Dos empates, apenas um pode ser considerado positivo, que foi na estreia, diante do Palmeiras.
Os demais foram contra Água Santa e Portuguesa e podem ser encarados como resultados ruins. Contra o Netuno, o Bentão atuou desde o fim do primeiro tempo com um jogador a mais. Já diante da Portuguesa, que era a lanterna e havia vencido apenas uma vez no torneio, uma vitória teria garantido com antecedência a permanência na Série A1.
O São Bento foi figurinha carimbada no Paulistão entre 2015 e 2023, período em que viveu momentos marcantes, como a classificação às quartas de final em 2016 e vitórias sobre Corinthians, São Paulo e Santos.
A queda em 2023, porém, colocou fim a um capítulo de solidez do clube – que à época estava na Série B do Campeonato Brasileiro. O São Bento ainda teria a felicidade de passar apenas um ano na Série A2 e retornar ao Paulistão em 2023, mas não aproveitou a oportunidade e voltou a ser rebaixado.
O cenário se repetiu desta vez, já que o Azulão havia acabado de retornar da A2 e, mais uma vez, fez um bate-volta em retorno ao segundo nível estadual. Tantas quedas em um curto período de tempo levaram à perda da identidade com o Paulistão.
Hoje, diferentemente de outros clubes do interior com raízes na competição, o São Bento não é um clube característico do Paulistão. E vai precisar remar muito se quiser voltar a ser.
5 de 5 Em 2023, o São Bento fez péssima campanha e também caiu no Paulistão — Foto: Ari Ferreira/Red Bull BragantinoEm 2023, o São Bento fez péssima campanha e também caiu no Paulistão — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino
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