O perigo mora ao lado: mercado pune emergentes em fraqueza fiscal e “aguarda” Brasil
Provável aumento de juro nos EUA em 2023 pode pressionar moedas (Pixabay)
Depois do 💥️Federal Reserve pautar sua política monetária até o final de 2023 e praticamente ditar o rumo a ser tomado por todos bancos centrais ao redor do mundo, contaminados por extrema cautela, dependência de dados e comunicação intensa com os mercados, alguns mercados emergentes não demonstram sinais de alívio.
Apesar de o Brasil ainda estar fora deste grupo, a punição do mercado para a fragilidade fiscal de “irmãos” emergentes serve como mais um alerta para a urgência da reforma da Previdência.
O peso argentino encontra-se próximo de sua mínima histórica, com depreciação da lira turca ao menor patamar do ano novamente e o rand sul-africano voltando ao patamar observado em dezembro último.
“Onde estariam estas divisas em um mundo no qual o 💥️Fed ainda realizará aperto monetário, eu pergunto?”, questionou Joumanna Bercetche, comentarista da 💥️CNBC. Neste sentido, um maior juro nos EUA atrai dólares de volta para casa, penalizando mercados emergentes.
A postura cautelosa do Federal Reserve propulsou fluxo aos mercados emergentes, porém os investidores agora avaliam que não todas essas economias são iguais, avalia Bercetche. “De fato, as moedas que sofreram neste ano não são somente de países com altas dívidas cotadas em dólar, mas sim àqueles enfrentando as condições de crescimento mais arrefecedor”.
Argentina preocupa
Como exemplo, a Argentina está nas profundezas de uma recessão, com contração do PIB de nada menos que 6,2% no último trimestre de 2018, a medida que o presidente Maurício Macri enfrenta altos níveis de inflação e pressão do FMI para implementar medidas de austeridade. Tudo isso em ano de eleições.
A Turquia também sofre: contração de 3% no nível final de produto de 2018, inflação de 20% e recuo de 30% da lira frente ao dólar. Mesmo por conta das eleições locais, a volatilidade deve continuar em Ancara.
Trajetória sustentável
Robin Brooks, economista-chefe do International Finance, “os mercados deverão vivenciar uma mudança no modelo de crescimento: saída de um modelo dependente de crédito para um mais sustentável”.
Neste panorama, Brooks adiciona que a Turquia não é um fato isolado, a medida que os investidores se tornam cada vez mais preocupados em relação a capacidade de financimento de países dependentes de dívida ou crédito.
De olho na Turquia
2018 foi um ano incomum, com apertos nas condições financeiras, desaceleração na China, choque externo advindo do comércio internacional e instabilidade nos mercados financeiros.
Com otimismo sobre guerra comercial entre Pequim e Washington, postura cautelosa do Fed e recuperação da economia chinesa via PMI, alguns podem falar que o pior já passou. Mas se, o pior já passou e os países endividados não realizaram a lição de casa, como ocorrerá quando tudo melhorar? “Turquia é um bom teste”, conclui Bercetche.
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