Brasil perderá ureia mais barata com a recusa da Petrobras em abastecer navios do Irã
Base de fertilizantes nitrogenados, petróleo também está no centro dos conflitos do Golfo Pérsico
Os três navios iranianos retidos em portos do Sul pela recusa da 💥️Petrobras (💥️PETR4) em abastecê-los vieram com ureia, numa quantidade de deveria perfazer, com novos desembarques nas próximas semanas, cerca de 600 mil toneladas de acordo avaliação do mercado. Não é uma quantidade expressiva dentro do volume que o Brasil importa deste insumo nitrogenado para fertilizantes e suplementos minerais para o gado, mas era o mais barato a chegar daqui para frente.
E justamente no período de maior consumo nos campos, a partir de setembro, com o plantio da safra 19/20.
Temerosa das sanções comerciais impostas pelo governo Donald Trump às empresas e nações que negociarem com os iranianos, alvo de sanções comerciais, a estatal brasileira pega rabeira no conflito daquela explosiva região. Inclusive com vários incidentes envolvendo navios petrolíferos e a Guarda Revolucionária do Irã no Estreito de Ormuz.
Enquanto as importações de ureia, que somam mais de 62% das matérias-primas para os fertilizantes e adubos que o País compra no exterior, postas em julho, estão entre US$ 275 a 295,00 a tonelada, custo-frete, do país do Golfo Pérsico está chegando a US$ 245,00, pela mais recente verificação da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil.
São cerca de 4 milhões de toneladas anuais importadas, segundo Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo, para quem a questão envolvendo a Petrobras não tem um alerta imediato. A dependência do Brasil aumentou depois que a Petrobras fechou duas fábricas, em Sergipe e Bahia.
No médio e longo prazo, sim, com o Irã agora “deixando de entregar ureia ao Brasil, naturalmente”, isso porque o produto fabricado do gás/petróleo iraniano certamente poderia chegar sempre mais barato que de outras fontes, como China e Rússia, por exemplo. A Bolívia começa a se mostrar uma rota interessante para os importadores.
E consequentemente subiria a oferta de ureia com valor mais baixo, com ganhos na ponta final.
Só a agricultura representa mais de 90% do consumo desse produto de origem fóssil.
Para a pecuária, a ureia do Irã é menor ainda, de acordo com a vice-presidente executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), Elizabeth Chagas. O setor usa apenas 500 mil toneladas/ano, supridas pela fábrica da Petrobras de Araucária (PR). E mais ainda agora, com o inverno indo para sua fase final, quando mais se usa o composto e, portanto, já foi comprado, segundo comenta
Contramão e conflito
Os navios pertencentes ao governo iraniano retidos – um quarto conseguiu zarpar – voltariam com milho brasileiro. Portanto, uma janela a menos agora para as vendas e uma janela a menos no futuro, da mesma maneira que o Irã não deverá arriscar trazer mais ureia.
O risco é ampliação do problema, já que o país dos aitolás vinha aumentando as importações de produtos brasileiros, dentro de um programa de intercâmbio do governo do PT que identificava países-alvos com grande potencial de compra.
Além do que, um conflito generalizado na região ajudará a sufocar o comércio em geral.
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