Produtores aproveitam alta do café para acelerar vendas de 2023
Na maior cooperativa de arábica do Brasil, a Cooxupe, os membros venderam 20% da colheita prevista para 2023 a um preço médio 5% maior do que o obtido na safra atual (Imagem: Pixabay)
Os cafeicultores brasileiros estão acelerando as vendas da produção do ano que vem já que uma nova safra recorde da commodity está a caminho, ameaçando deprimir os preços.
Alguns produtores individuais e grandes cooperativas têm utilizado o rali nos contratos futuros desde meados de maio & alimentada em parte pela preocupação com os danos causados pelas geadas & como uma chance de garantir melhores preços para a produção de 2023.
“Eu tenho vendido mais nessas altas do que costumo fazer, já que vejo apenas algumas oportunidades para melhores preços à frente”, disse o produtor Acácio José Dianin, de 52 anos, em entrevista.
No início de maio, o café arábica era negociado no menor nível em 14 anos na ICE Futures em Nova York, em meio a sinais de amplas ofertas globais. Desde então, os preços subiram até 29%, uma vez que o real mais forte erodiu os incentivos à exportação e a geada ameaçou as principais regiões produtoras do país.
Dianin disse que vendeu 40% de sua safra esperada no próximo ano, cerca de 10 pontos percentuais a mais do que usualmente faz, a um preço cerca de 10% acima do que ele obteve até agora para a produção deste ano, em média. Ele espera colher 12.000 sacas no ano que vem de suas fazendas na região do Cerrado de Minas Gerais, o dobro do volume esperado para este ano.
Na maior cooperativa de arábica do Brasil, a Cooxupe, os membros venderam 20% da colheita prevista para 2023 a um preço médio 5% maior do que o obtido na safra atual.
“Os agricultores só vendem quando os preços atingem o pico à medida que estão mais capitalizados”, disse Lúcio Dias, diretor comercial da cooperativa de Minas Gerais, em entrevista. “Quase dois terços do total de café que vendemos este ano foram nos ralis de maio-julho.”
Em termos percentuais, as vendas da cooperativa em 2023 estão perto dos 25% vendidos até o momento para a safra atual. “Não tenho certeza se as vendas de 2023 estão um pouco atrasadas ou se 2023 está mais avançado”, disse Luiz Fernando dos Reis, gerente comercial da Cooxupe.
A empresa de consultoria Safras & Mercado disse que as vendas de 2023 ultrapassaram os anos anteriores graças ao recente rali. Em 10 de julho, 34% da safra esperada de 2023 havia sido vendida, em comparação com 31% há um ano e a média de cinco anos de 29%, disse.
“Antes de maio, as vendas estavam iguais ou atrás do mesmo período dos anos anteriores”, disse Gil Barabach, analista da Safras, por telefone.
Outra grande cooperativa de arábica, a Minasul, vendeu cerca de 10% de sua produção prevista para 2023 em dois dias de rali, disse José Marcos Magalhães, diretor da Minasul, em entrevista. Há três anos, 2% dos membros da cooperativa usavam o mercado de futuros. Agora, o número é de 20%, já que os produtores buscaram se proteger, disse Magalhães.
“O rali provavelmente impulsionou mais vendas para 2023 do que 2023”, disse Nelson Salvaterra, corretor da Coffee New Selection, por telefone. “A demanda pelo café do Brasil no mercado físico ainda está da mão para boca”, disse ele. O desconto dos grãos brasileiros em relação aos preços futuros de Nova York diminuiu, tornando o produto nacional mais caro do que dos concorrentes, disse Salvaterra.
Os agricultores vão procurar mais oportunidades de venda, em meio a preocupações com a qualidade na safra deste ano, enquanto a recente geada pode prejudicar a produtividade no próximo ano. A geada pode não ser significativa por si só, mas, quando acrescentada à baixa qualidade deste ano, pode dar algum suporte ao preço, disse Dianin.
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