Crianças plantam 10 mil árvores e criam refúgio para calor extremo

formigas-de-embaúba, que se propõe a verdejar escolas da área urbana de São Paulo, estimulando o ativismo das crianças e das comunidades dos entornos para o plantio de miniflorestas.

"A gente fez bolas de sementes e jogou na floresta para ficar com árvores bem grandes", conta Gabriel Matias da Silva, de 6 anos, enquanto gesticula esticando os braços para o alto tanto quanto consegue.

Gabriel é ativista mirim e estudante da Educação Infantil do Centro Educacional Unificado (CEU) Paraisópolis, centro de educação, cultura e lazer da Prefeitura de São Paulo na Zona Sul, que recebeu em outubro de 2022 uma minifloresta composta por mais de 800 mudas de cerca de cem espécies.

Comunidade escolar planta espécies da Mata Atlântica junto com a ONG formigas-de-embaúba, reflorestando escolas públicas de São Paulo.  - Formigas-de-embaúba/Zalika Produções - Formigas-de-embaúba/Zalika Produções Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, a ONG formigas-de-embaúba coordenou o plantio colaborativo de 11 miniflorestas em CEUs da cidade de São Paulo até o final de 2022, chegando a quase 10 mil árvores plantadas com o protagonismo de mais de 4 mil alunos no processo de restauração florestal.

"Este ano serão mais oito miniflorestas. Cada uma delas com cerca de 400 metros quadrados", conta Rafael Ribeiro, também fundador da formigas-de-embaúba.

"A gente planta numa metodologia bastante adensada, quer dizer, não é uma árvore aqui outra lá, como você costuma ver na cidade".

Ainda que o objetivo central do projeto não seja produzir alimentos, cada vez mais as miniflorestas mostram sua vocação de ofertar uma variedade composta por mandioca, milho, feijão, couve, batata-doce, tomate e abóbora, que contribuem com a adubação verde e com o crescimento da própria floresta - enquanto a batata-doce vigora, o capim não tem chance de sufocar mudas ainda muito jovens.

Além dos alunos assumirem o protagonismo nos plantios das miniflorestas, as lideranças escolares e comunitárias também participam.  - Formigas-de-embaúba/Julia Bastos - Formigas-de-embaúba/Julia Bastos uso das escolas no plano climático de Paris, por exemplo. Elas são parte da rede do que eles chamam de cooling places (locais de resfriamento), que eu traduzo com meus alunos como oásis urbanos.

💥️Denise Duarte, pesquisadora

Feito uma minifloresta humana, forma-se um grande círculo dos alunos do oitavo ano que ajudaram a plantar as mais de 800 árvores no CEU Paraisópolis em outubro do ano passado. Eles estão ali para modelar em argila e sementes os bonecos chamados "guardiões da floresta", que serão depois instalados em meio ao plantio, como forma de valorizar e rememorar o percurso de vivências trilhadas junto aos educadores em torno daquele reflorestamento.

"Eu plantei feijão, plantei um montão de coisas!", lembra um aluno.

Em outubro de 2022, foram plantadas no CEU Paraisópolis mais de 800 árvores de cem espécies diferentes. - Formigas-de-embaúba/Zalika Produções - Formigas-de-embaúba/Zalika Produções mapeamento das áreas urbanizadas no Brasil, divulgado em novembro de 2022 pelo MapBiomas, as áreas urbanizadas cresceram 3,2% ao ano entre 1985 e 2023.

O urucum faz parte das espécies que dão cor aos plantios. Em 2023 serão implementadas mais oito miniflorestas nas escolas públicas de São Paulo.  - Formigas-de-embaúba/ Maggiory Simões - Formigas-de-embaúba/ Maggiory Simões Cerca de 10 mil árvores já foram plantadas, incentivando o ativismo infantil e trazendo benefícios locais como ar mais puro, temperaturas mais amenas e alimentos saudáveis. - Formigas-de-embaúba/Zalika Produções - Formigas-de-embaúba/Zalika Produções Alunos do 8º ano do CEU Paraisópolis visitam a minifloresta plantada por eles mesmos em outubro de 2022. Após oito meses do plantio, feijões já foram colhidos, abóboras e tomates estão em plena maturação. - Sibélia Zanon - Sibélia Zanon Paris tem investido em florestas urbanas, inclusive nas escolas, com a intenção de se tornar a cidade mais verde da Europa, cidades americanas e canadenses já trabalham com um mapa que direciona as pessoas a chegarem a cooling places em momentos de calor extremo.

Trata-se, no entanto, de edifícios públicos como escolas, museus ou centros culturais equipados com ar-condicionado.

"Quando eu caio na estratégia do ar-condicionado como solução para o problema, eu demando mais energia, o que é um ciclo vicioso péssimo para a mudança do clima porque vai demandar mais geração", comenta Denise.

"Eu estou jogando o calor que eu retiro desses espaços para um ambiente urbano, contribuindo ainda com mais calor antropogênico para o aquecimento da cidade".

Considerando este cenário, Denise vê na iniciativa de florestar as escolas um grande potencial.

Imagina um evento extremo de onda de calor na cidade, como a gente vai ter cada vez com mais frequência. Em dias de calor extremo, a escola pode abrigar pessoas, ela pode abrir no final de semana, ela pode abrir no período noturno. Então, o fato de ter escola pela cidade inteira ajuda a democratizar essa rede de cooling places ou oásis urbanos para muito mais gente.

💥️Denise Duarte, pesquisadora

Márcio lembra que a floresta é de todos.

"A conexão entre nós e a floresta não é restrita ao povo indígena, isso é para todos os seres humanos. Como parte do nosso próprio corpo, essas plantas vão se tornar grandes árvores. Esse é o sagrado que o povo tem esquecido. Se esqueceram disso e perguntam o que é o sagrado, qual a forma do sagrado. A água é o sagrado. O sagrado é o que dá vida."

(Por Sibélia Zanon)

Notícias da Floresta é uma coluna que traz reportagens sobre sustentabilidade e meio ambiente produzidas pela agência de notícias Mongabay, publicadas semanalmente em Ecoa. Esta reportagem foi originalmente publicada no site da Mongabay Brasil.

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