Cecília Olliveira: STF valoriza vida da mulher, mas ainda temos que evoluir

Colaboração para o YSOKE, em São Paulo

Nós comentamos aqui três casos, dois estupros e um feminicídio, e nesses três casos, a gente conseguiu ver o quanto a vida da mulher vale nada para essas pessoas. A gente ainda tem muito que evoluir como sociedade para que essas situações não se repitam.

Além do estupro, vítima de Daniel Alves tem trauma de julgamento público, diz Cecília

A jornalista também falou a respeito do caso envolvendo o jogador Daniel Alves e as pressões sofridas pela denunciante. Segundo o laudo da polícia espanhola, a mulher está com "transtorno pós-traumático elevado".

Não é difícil a gente compreender porque a vítima tem todo esse transtorno mental em relação a essa situação. Porque tem a questão da pressão pública, é uma grande figura, um jogador mundialmente conhecido, fica a pressão dos holofotes sobre ela.

Cecília também falou sobre o julgamento que a sociedade impõe às mulheres em casos como esses.

Tem também a questão de ela ter sua vida escrutinada e ser muito julgada. Infelizmente, não é raridade ver as pessoas culpando as mulheres. 'Ah, mas por que foi nessa boate? Por que bebeu? Por que falou com ele? Por que foi lá fazer isso?' Como se a vítima tivesse a culpa pelo crime que sofreu. Infelizmente a gente compreende toda essa questão em relação à pressão que essa denunciante sofre e os impactos que isso tem sobre a vida dela.

Vítima de estupro em BH é culpabilizada nas redes sociais, aponta jornalista

Cecília Olliveira falou também sobre o caso da mulher estuprada em Belo Horizonte depois de ter sido deixada por um motorista de aplicativo desacordada na rua. Segundo a jornalista, o que mais espanta é a repercussão do caso nas redes sociais.

O que me deixou ainda mais triste nessa situação foi que eu acompanhei a repercussão dessa matéria nas redes sociais e a quantidade de gente culpando a vítima, perguntando: 'Mas por que bebeu? Por que não prestou atenção em voltar para casa?'.

"Outras pessoas ainda dizendo: 'Mas o motorista não tinha nenhuma obrigação em relação a isso'. Quando a gente fala em obrigação em relação a isso, não quero dizer obrigação contratual, não estava sua descrição de trabalho. Mas é uma obrigação moral, você está vendo uma pessoa desacordada e simplesmente pega ela e deposita ali, no chão, na rua, às 3h da manhã?", questionou.

Fogo Cruzado: Em SP, polícia executa 'operação vingança' após morte de PM

A diretora do Instituto Fogo Cruzado ainda comentou sobre a operação da Rota no Guarujá que até o momento deixou 12 mortos (outros 2 óbitos foram registrados hoje, mas em Santos). Segundo ela, é possível identificar na atuação da polícia o que os especialistas chamam de "operação vingança".

Ou seja, [a operação] é fora daqueles parâmetros que deve se agir dentro da legalidade, observando um planejamento específico para que, inclusive, haja de fato impacto naquilo que Tarcísio chama atenção sobre a guerra às drogas.

Cecília ainda comparou as declarações do governador de São Paulo e da polícia com as dadas no Rio de Janeiro.

Isso tudo foi dito sobre a situação do Rio de Janeiro nos anos 1980 e 1990 e olha onde estamos e como estamos. O Rio de Janeiro não é parâmetro para eficácia em politica de segurança pública.

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