Quero ir para um asilo. Como lidar com pedidos de quem tem demência
'Quero ir para um asilo'. Como lidar com pedidos de quem tem demência
Marina Rossi
Em 2012, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou o testamento vital, um documento no qual é possível determinar os procedimentos médicos aos quais a pessoa deseja ou não ser submetida. Para isso, é preciso que a pessoa tenha mais de 18 anos, esteja lúcida e não tenha entrado ainda na fase crítica da doença —ou antes mesmo de ter alguma doença grave. Luciana Dadalto, advogada e pesquisadora especializada em testamento vital, explica que embora não exista nenhuma lei que regulamente esse testamento, de 2012 para cá já foram despachadas decisões de juízes que fizeram prevalecer a regulamentação do CFM. Ela orienta que o documento seja registrado em cartório, embora isso não seja obrigatório. "E não precisa de um diagnóstico prévio, basta reconhecer a própria finitude". Além disso, é importante que a pessoa busque um médico de confiança que oriente a pessoa a tomar decisões sobre temas que ela não conhece, como, por exemplo, ser ou não submetida a uma traqueostomia, ou em quais condições aceitaria ser entubada. Por fim, é fundamental entregar o documento para alguém de confiança. A médica Sabrina Corrêa explica, no entanto, que é possível respeitar os desejos do paciente mesmo quando ele não deixou um testamento vital. E ainda que ele não esteja mais lúcido. "O papel da família, mais do que representar o paciente, é ser a voz dele. São os familiares que vão contar quem é aquela pessoa para que a gente possa tomar as melhores decisões a partir dos valores dela", diz. Para isso, há algumas pistas. "Às vezes, um filho diz 'meu pai sempre foi muito independente', ou 'minha mãe sempre quis morar sozinha'. Essas são informações valiosas para nos guiar", explica a médica. "O fato de um paciente não ter mais lucidez não significa que ele não deva ser escutado". Ela reforça que é preciso entender os valores de cada paciente independentemente dos seus valores pessoais. "Às vezes, a gente olha para um paciente e acha que a situação dele não representa mais qualidade de vida. No entanto, essa é a nossa opinião", diz. "Para muitas pessoas, viver, mesmo em condições de dependência, é um valor. E isso precisa ser respeitado".Testamento vital
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