Gisele Bündchen: fala sobre Brady ecoa tendência sobre amor romântico

Gisele terminou com Tom Brady e desabafou em entrevista -

Há estudiosos que defendem que a sociedade não precisa mais do "amor romântico", que representa a forma de se relacionar de metáforas como as de "achar a metade da laranja" ou a "tampa da panela".

Esta busca por alguém que preencha o outro e seja companhia para todas as horas é reproduzida e até moldada com frequência nos contos de fadas e na literatura, cinema e televisão.

"Não precisamos do amor romântico em nossas vidas. Há muitas outras formas de amor capazes de suprir nossas necessidades. Em muitos países, o amor romântico é visto como a mais importante fonte de amor, e esse discurso é repetido com frequência no cinema e nas redes sociais. Mas essa não é a verdade e, infelizmente, muitas pessoas gastam tempo e energia demais procurando um parceiro romântico e acabam negligenciando outros tipos de relacionamento", disse à BBC a antropóloga Anna Machin, pesquisadora de Oxford que estuda há 20 anos as diferentes formas de amar.

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"A partir daí, surgem crenças equivocadas como: quem ama não sente tesão por mais ninguém; o amado deve ser a única fonte de interesse; todos devem encontrar um dia a 'pessoa certa'. Mas por mais encantamento que cause num primeiro momento, isso se torna opressivo, por se opor à nossa individualidade", disse ela.

O amor romântico não é apenas uma forma de amor, mas todo um conjunto psicológico -- ideais, crenças, atitudes e expectativas. Essas ideias coexistem no inconsciente das pessoas e dominam seus comportamentos, determinando como devem sentir e reagir. Ele não é construído na relação com a pessoa real, e sim sobre a idealização que se faz dela."
💥️Regina Navarro Lins

Crise?

Segundo a BBC, o Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido, por exemplo, mostra que o número de pessoas morando sozinhas deve crescer em mais de 10 milhões no país até 2039 e que apenas um em cada seis britânicos ainda acredita na ideia de que há "uma pessoa certa".

"Há um crescente reconhecimento de que, na verdade, o amor romântico não deve ser o objetivo final de nossas vidas", diz Machin.

Para ela, as mulheres puxam a fila de quem desacredita no amor romântico e busca outras parcerias e amores.

"O poliamor e outros tipos de relacionamentos não-monogâmicos têm ganhado mais espaço. Da mesma forma, os arromânticos, aqueles que não experimentam nenhum tipo de amor romântico, têm se sentido mais confortáveis para contar suas histórias", diz.

Propósito e 'vício' do amor

Machin defende que há razões práticas para o amor nos humanos: sobrevivência e a garantia da evolução, passando os genes de um indivíduo adiante.

Assim, o ser humano precisa passar seus genes adiante, ao mesmo tempo em que as mães precisam de uma rede de apoio para criar seus filhos. Nisso, se somam as construções sociais.

O amor também é um vício, sustentado por um conjunto de neuroquímicos como a ocitocina, a dopamina, a serotonina e a beta-endorfina, que nos fazem desejar estar com a pessoa que amamos. Popularmente dizemos que o amor é uma emoção, mas na realidade é algo muito mais complexo do que isso."

E a genética?

Anna Machin explicou que os genes estudados nas pesquisas estão associados às substâncias neuroquímicas que sustentam o amor.

"São os chamados genes receptores - os neuroquímicos no cérebro se prendem a esses receptores e causam sensações ou despertam comportamentos. A quantidade, a localização e a capacidade dos receptores de se conectarem com as substâncias químicas influenciam na forma como o ser humano sente o amor", explica ela. "Digamos que uma pessoa tenha um número muito alto de receptores de ocitocina no cérebro —ela vai experimentar uma sensação de amor muito mais forte do que alguém que tem um número menor".

Desta forma, os genes também influênciam a forma de amarmos e distribuirmos nosso afeto. A especialista explica em seu livro que os genes podem também tornar algumas pessoas mais empáticas, afetuosas fisicamente ou até mais apegadas aos seus entes amados.

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