O que significa ser intersexo, como a influenciadora Karen Bachini?
Até os dois meses de vida intrauterina, a genitália e as gônadas (glândulas sexuais) são idênticas. A partir da oitava semana de gestação, se o feto possuir testículo, ele produzirá hormônio masculino, e consequentemente desenvolverá pênis, uretra e bolsa escrotal.
Mas, se esse feto não produzir o hormônio masculino ou esse hormônio não agir como deveria, ele nascerá com a genitália incompleta. Então, desta forma, ele é identificado, na medicina, com "Anomalia da diferenciação sexual 46 XY".
💥️Por não serem exclusivamente masculinas ou femininas, essas pessoas são consideradas intersexuais. Elas podem ter, por exemplo, pênis e útero. Pesquisas apontam que há cerca de 1,7% pessoas intersexuais no mundo. Seria o mesmo número de pessoas ruivas no mundo.
O que fazer?
💥️A orientação do CFM (Conselho Federal de Medicina) para pessoas com essa condição é que se reúna uma equipe multidisciplinar em torno da família — psicólogo, geneticista, endocrinologista e cirurgião — para uma investigação logo nos primeiros dias de vida, "com vistas a uma definição adequada do gênero e tratamento em tempo hábil". Até essa definição, a criança não pode ser registrada. Por isso, a urgência.
Essa investigação inclui uma bateria de exames como os de imagem, para ver se a pessoa tem ou não útero, e o cariótipo, que é a leitura dos cromossomos (XX para mulher e XY para homem). Após os exames, recomenda-se a cirurgia reparadora.
Intervenção não é consenso
💥️Não é consenso que se faça intervenções nesses casos. Há pais e médicos que defendem que se deixe a pessoa intersexual escolher o que ela quer para seu corpo, e brigam contra qualquer tipo de tratamento.
A ONU aponta que os abusos dos direitos humanos contra pessoas intersexuais incluem:
- infanticídio;
- intervenções médicas forçadas e coercivas;
- discriminação na educação, esporte, emprego e outros serviços;
- falta de acesso à justiça e remédios.
💥️Em 2015, a própria organização se pronunciou em defesa das pessoas intersexuais e considerou intervenções e tratamentos médicos forçados, como hormonioterapias ou terapias de conversão, uma grave violação dos direitos humanos. Elas seriam consideradas análogas à tortura e aos maus-tratos.
✅*Com reportagem de Luiza Souto, publicada em 27/06/2019
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