Aula de Janaína Paschoal na USP tem polêmicas e fila para fotos

Janaína Paschoal na Assembleia de SP: agora, de volta à USP - Alesp

"Ter uma professora como a Janaína Paschoal, sem sabermos se está vacinada, sabendo que foi uma das articuladoras do impeachment de Dilma, é contra o que os alunos desejam", afirma o estudante Erick Araujo, 23, diretor do XI de Agosto.

💥️Temas polêmicos

"A professora Helena me pediu para não entrar em polêmicas", provocou Janaína Paschoal. "Disse que é fácil: só tenho que apresentar a parte geral do Código Penal. Vou tentar."

E tentou. Ao tratar de um princípio do Direito Penal —da fragmentariedade—, usou o aborto como exemplo e, antes que alguma discussão se acirrasse, avisou: "Não vou entrar na polêmica se tem que ser legalizado ou não". "O Código Penal protege a vida intrauterina, mas não em todas as situações. Se uma mulher engravidou de um estupro, está autorizado o aborto em lei. Isso é em decorrência da fragmentariedade do direito penal", explicou.

Mas, depois, esqueceu de tentar. Disse que tem opiniões "radicais" sobre determinados assuntos. Criticou, por exemplo, a mudança do Código Penal de 2009, que abrangeu o conceito de estupro — antes, o crime só era caracterizado quando havia penetração vaginal. "Isso é péssimo para a vítima de um crime grave, colocada no mesmo bolo de outros casos; e também para o acusado, que deverá lidar com as consequências de ser tachado como estuprador", disse.

"Uma jornalista me perguntou como saber se está sendo abusada no ônibus. Se você precisa explicar para a pessoa, talvez ela não esteja se sentindo abusada", afirmou. "A vítima deve ter voz. Infantilizamos a mulher quando tutelamos demais."

Comentou o caso de assédio sexual no BBB 23. Disse ter se assustado com declarações de policiais afirmando que a investigação seguiria sem ouvir a vítima, a influencer mexicana Dania Mendez.

Criticou a criação de novos tipos penais como feminicídio e transfobia. "Não importa se a pessoa é branca, trans, hétero. Todo homicídio deve ser esclarecido", disse. "Daqui a pouco vão dizer que gordofobia é crime. E olha que fui vítima disso a vida inteira."

Por fim, deu um conselho aos alunos. "Vocês serão convidados a se alinhar aos extremos. Fujam de extremos, seja do punitivismo ou da criminologia crítica."

💥️Fila para fotos

No intervalo, alunos fizeram fila para tirar selfies com a ex-deputada. Uma aluna comentou que, apesar de achar a advogada uma boa professora, ela não merece o tratamento de 'popstar'. "Não precisa disso tudo. Tem outros professores bons e ninguém fica dando essa moral, tirando fotos", comentou com as amigas.

Um aluno que conversou com💥️ Universa disse que a aula foi boa, interessante e didática. "Ela se preocupou em fazer a gente entender o assunto. Apesar de ter entrado em assuntos delicados, mas que fazem parte do direito penal, deixou claro que tinha uma posição radical em comparação aos demais professores ou juristas."

Já a estudante Ana Karolina Ribeiro Virgulino, 21, se sentiu desconfortável, apesar da "excelente didática", com as opiniões da professora sobre temas como aborto, violência sexual e transfobia. "Todos estavam ansiosos para saber como seria a aula dela. Percebi que o pessoal não gostou das opiniões controversas sobre alguns temas", disse.

Outra aluna afirmou que a condução da discussão de temas polêmicos foi desastrosa. "Entendo que a faculdade não possa expulsar uma professora pelo posicionamento político dela, de extrema-direita. Mas trazer esses pensamentos para a aula é uma atitude infeliz", afirmou. Segundo a universitária, alunos mantiveram-se calados porque não se sentiram à vontade para manifestar opinião contrária à da professora.

O abaixo-assinado dos alunos protocolado em fevereiro vai ser analisado pela Congregação da Faculdade, a instância deliberativa máxima do curso de Direito. A próxima reunião será no dia 31 de março.

💥️Professora não descarta volta à política

Em entrevista a 💥️Universa logo após a aula, Janaína disse ter se surpreendido com a calmaria e os pedidos de fotos, pois estava preparada para protestos. "Se Deus me deu esse presente, só posso agradecer."

A professora afirma que vai aproveitar a experiência como deputada em sala de aula para ensinar sobre a atuação do profissional do direito no Legislativo. "Talvez até abrir uma disciplina. Pode ser um nicho de trabalho. Seja a pessoa se candidatando ou trabalhando nas assessorias", explicou.

Ela não afasta a possibilidade de voltar para a política. "Saí mais madura. Você apanha o dia inteiro, 24 horas por dia. Mas cria casca. Vários partidos perguntaram se sairia para prefeita, mas não concorreria neste momento."

Sobre a comprovação da vacinação, exigência dos estudantes que assinaram o abaixo-assinado contra ela, a ex-deputada classifica como "um dado sensível", protegido por lei. "Quem está vacinado e confia na vacina não precisa temer."

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