Ana Canãs relembra início de carreira como cantora

"Nesse período, fui fazer tudo que era bico para sobreviver. Fui distribuir panfleto em farol, me vestir de princesa em festa infantil, vender coxinha e café. Não tinha grana para nada. Aí um amigo meu me liga e fala: 'você sabe cantar?'"

💥️Ela diz que, até então, nunca havia pensado na música como profissão. "Nunca passou pela minha cabeça. Eu estava f*dida de grana, passando quase fome, e aí eu disse: 'Não sei, mas se eu aprender, vou conseguir comer'", relembrou.

Ela conta como se preparou. "Ele levou um CD para mim e disse que era pra eu aprender as músicas. Eram da Billie Holiday, foi um divisor de águas na minha existência. Como alguém traduz a vida cantando? Falei que queria fazer aquilo até morrer."

"Eu tinha 20 anos. Decorei as músicas, gastei meus últimos R$ 28 num vestido preto, fui para o bar, entrei numa fila que tinha 30 cantoras, e fui escolhida para ser a cantora do lugar. A música me salvou", declarou.

💥️Ana diz que não troca a experiência de cantar na noite por uma faculdade de música. "Estudar é importante, mas no bar, eu via tudo. Os homens casados levavam amantes, o mesmo cara com mulheres diferentes. Era a vida real. E, para ser cantor, há que se entender a vida."

Estudo sexual na pandemia: "Fiz o que homens fazem, roletei mesmo"

Ana falou da experiência curiosa que viveu durante a pandemia: um experimento sexual para "fazer tudo o que os homens fazem".

"Se nós, mulheres, fazemos, somos julgadas. Mas roletei mesmo. Pensei: 'Ah essa semana, vou sair e transar com quatro caras. E foi interessante", disse. "Peguei de tudo, menos bolsonarista."

Queria usufruir de todos os privilégios que os homens, especialmente os héteros, brancos e cis têm na nossa sociedade 💥️Ana Canãs

💥️A conclusão do estudo: sentiu um "vazio profundo". "Transei, transei, transei, Fiz tudo que tinha direito com várias pessoas. Estava sem cantar, sem sair, sem ver meus amigos, o jeito que eu dei foi esse, fazer 'esse estudo' e movimentar minha libido".

A cantora fez ainda uma revelação. "Me apaixonei no fim do estudo, pelo último. Mas ele era casado, aí saí fora. Nunca tinha sido amante nem saído com cara casado. Foi uma experiência dolorosa, fiquei numa situação em que me afastei de tudo que aprendi no feminisimo, tirei forças do fundo da alma e saí. Foi doloroso".

Abuso e bullying na adolescência: 'Fiquei bulímica'

Na conversa, a cantora contou ter sido assediada sexualmente e sofrido bullying quando era adolescente.

💥️"Sofri um assédio dentro da família e fiquei bulímica depois", disse. "Levei 20 anos para poder externar isso numa música, até que um dia resolvi escrever."

A cantora contou ainda sobre ter sido alvo de bullying "violento" na escola por namorar uma garota. "Um professor de geografia, na hora de fazer a chamada, me chamava de Ana Paula Sapatão. Fiquei traumatizada."

"Fazia teatro, saía com meninas. Já era meio fora da curva", contou. Em casa, felizmente, nunca sofreu nenhum problema. "Minha família sempre foi muito massa com isso".

"Virei a Amy Winehouse brasileira"

Ana lembrou que, no passado, enfrentou problemas com alcoolismo e chegou a ser chamada de Amy Winehouse brasileira.

A cantora contou que o pai era alcóolatra. "Ele morreu por isso. Era a pessoa da minha família a quem eu era mais ligada. Ele era uma pessoa muito sensível. A gente tinha uma relação muito profunda. Sabe quando você se conecta pelo olho? Não precisa falar nada."

Foi depois da morte do pai, há 17 anos, quando tinha 25, que começou a beber "desenfreadamente". Até então, não ingeria álcool. "Fui uma adolescente muito careta. No dia seguinte da morte, comprei um engradado de cerveja e bebi sozinha. Só fui entender dez anos depois que estava entendendo o luto dessa forma."

Foi um momento complexo. Tinha assinado contrato com a gravadora, estava vivendo um sonho para quem canta, de ter projeção nacional, e estava vivendo um processo de autossabotagem pela perda do meu pai 💥️Ana Canãs

"Fazia show muito louca, bêbada, caía no palco. Saiu na mídia. Comecei a ficar com uma fama de Amy Winehouse brasileira", contou.

Ana ressaltou, então, a importância do cantor Ney Matogrosso no processo de parar de beber.

"Ele me chamou e perguntou se eu ia mesmo seguir esse caminho. Voltei para casa aos prantos. Ele disse para eu não fazer isso porque ainda tinha um lindo caminho pela frente."

"Nordestino não tem medo do afeto"

Relaxa e deixa a vida fluir

Alcoolismo, bulimia e assédio são base para músicas

9 perguntas e 1/2 de amor

Em quadro do vídeocast cheio de risadas e pautas de relacionamentos, Ana conta que aprendeu a não ter muitas regras ao se relacionar, além de discutir a diferença sobre erotismo e pornografia, e contar que acha egoísmo brochante.

Assista à íntegra do Desculpa Alguma Coisa com Ana Cañas:

💥️O programa Desculpa Alguma Coisa vai ao ar às quartas, às 20h, no Canal YSOKE, no YouTube de Universa e em plataformas de áudio.

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