Ricos do submersível acharam que vida é um jogo e morreram de verdade

Os ricos do submersível acharam que a vida é um jogo e morreram de verdade
Submersível Titan levava turistas até destroços do Titanic - Divulgação

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Natalia Timerman

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Mas morrer é de verdade para eles também. Ainda que eles provavelmente considerassem que estavam jogando, e o joystick que servia como controle do Titan — o controle de videogame servindo como leme — reforça essa impressão.

Eles dizem tanto sobre nós. Seu jeito de morrer. O nosso assombro diante da morte, e por que até hoje o Titanic nos interpela tanto, depois de mais de um século? Provavelmente não é apenas por conta do filme de James Cameron, que esteve nos destroços verdadeiros, por sinal.

Os destroços verdadeiros. Os poucos centímetros de submarino pelo qual poderiam olhá-los estão mais para espelho: dentro do corpo é tão escuro quanto o fundo do mar. Chegar perto da morte. Ter tudo, e nada ter. Chegar perto do nada, sentir a privação. Sentir. O valor da vida, e o valor que damos a ela. O valor do dinheiro, que substitui o da vida, e por isso se gasta tanto para resgatar cinco bilionários que mergulharam para a morte e quase nada para resgatar centenas de miseráveis que se agarravam à vida.

Meu filho de seis anos escutou a conversa e perguntou se estávamos falando de um filme. Acabou o ar. Acabou o ar deles, dos cinco bilionários que estavam brincando com os limites do próprio corpo, do fundo do mar, que estavam brincando com os limites do planeta, embora tenham sido informados dos riscos. Embora soubessem; talvez por isso.

Nós também estamos brincando com os limites do planeta, e nós também sabemos dos riscos. Escutemos os Titãs do palco: é preciso saber viver.

O que você está lendo é [Ricos do submersível acharam que vida é um jogo e morreram de verdade].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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