Terapia tântrica: ela descobriu prazer e paga sessão a amigas

Samanta Baroni: "A terapia tântrica me despertou e levantou a minha autoestima" - Arte / Reprodução

"A terapia me despertou, levantou a minha autoestima e mostrou que eu era empoderada", diz a empresária. Ganhou confiança a ponto de se permitir ouvir verdades - ao fim da segunda sessão, perguntou ao marido se fora traída no período em que, na prática, estavam separados. Ele disse sim. Para o próprio espanto, não se abalou com a confirmação. Nem sentiu ciúmes.

Cura pelo toque

A terapia tântrica propõe-se a ajudar o paciente a lidar com dificuldades sexuais e emocionais. Para isso, utiliza técnicas de massagem (genitais, inclusive), respiração e meditação. Se, na psicanálise, procura-se a cura pela fala, na terapia tântrica o tratamento usa o toque. Os terapeutas tântricos costumam indicar as sessões para os ditos travados - aqueles que não têm o hábito de se tocar e não conhecem os caminhos do prazer.

Era justamente o caso de Samanta. Ela se inscreveu em sessões semanais e, ao fim de algumas, perdeu a vergonha. O orgasmo inaugural veio como consequência. "Me permiti tocar meu corpo. Livrei-me do preconceito. Foi libertador. Me senti mais leve, bonita e feliz", relata.

No processo, teve a ajuda de terapeutas diversos - entre eles, um que apelidou de "personal trainer de clitóris". Ao seguir à risca os "treinos" do personal, aumentou a lubrificação vaginal e aprendeu a sentir prazer. Voltou a dormir com o marido; o sexo, antes morno, tornou-se incendiário. A crise, outrora temida como irreversível, foi superada.

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"Quem nunca teve orgasmo no casamento pode começar a ter. Como a mulher vai explicar ao marido o jeito que gosta de transar se nem ela sabe? Por isso a terapia é importante", afirma a terapeuta tântrica Luciane Angelo. De acordo com ela, mulheres casadas - como Samanta - contam com uma vantagem adicional no tratamento: não se sentem pressionadas a fingir um orgasmo durante a sessão.

Samanta Baroni e o marido tornaram-se clientes assíduos das sessões de terapia tântrica. Motivados, investiram em novas experiências, como as visitas às casas de swing. Nunca participaram das trocas de casais; mas, excitados pelo ambiente, sempre transaram quando estiveram ali - com direito a muitos orgasmos de Samanta.

"Nosso casamento não é aberto", explica a empresária. Realizada com o marido, não sente necessidade de buscar novos parceiros. Mas não descarta a possibilidade de, no futuro, vir a envolver-se com outras pessoas. "Se surgir essa vontade, eu e meu marido conversaremos sobre isso", afirma. Sem dramas. Da mesma maneira como, desde que conheceu o tantra, não sente culpa ou acanhamento com a masturbação. "Acabo de passar um mês longe do meu marido, em Londres. Nesse período, é lógico que me permiti ter prazer sozinha e entendo que não estou fazendo nada de errado", afirma.

Sem final feliz

"Orgasmo é comunicação. A mulher consciente de seu prazer, com diálogo, carinho e parceiro aberto para vivenciar a sexualidade ao seu lado terá a vida sexual que sempre quis", afirma a ginecologista Isabela Correia, voluntária no Projeto Afrodite, ambulatório de sexualidade feminina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "Ela sabe o que quer e, se o marido não a faz gozar, consegue guiá-lo para que chegue ao clímax".

Apesar das narrativas estimulantes, a terapeuta Luciane Angelo afirma que, durante as sessões, não promete às pacientes um orgasmo. Isso só aumentaria a cobrança em torno de pessoas que estão há tempos sofrendo com a falta de prazer. "Somos pressionadas em todas as esferas da nossa vida. Não deve ser assim no tantra também. Quero que as mulheres saiam das sessões se conhecendo mais, entendendo seus limites e como superá-los", explica.

Este mesmo desejo levou Samara Baroni a financiar a terapia tântrica para as amigas. "Paguei uma sessão para uma que havia acabado de perder o marido. Agora ela faz uma sessão por mês, para ter orgasmo", conta. A empresária também deu sessões de presente para amigas que não conseguiam sentir prazer com o marido. "São mulheres que precisam de um terapeuta para gozar. Ficam mais completas assim", afirma.

A ideia de um "personal trainer de clitóris", um terapeuta que leve mulheres infelizes à loucura, pode soar um tanto erótica para muitos - mas Samara Baroni afirma que, ao contrário do que muitos imaginam, as práticas tântricas não envolvem o chamado "final feliz", ou seja, o desfecho em que terapeuta e paciente fazem sexo selvagem. "Meus terapeutas sempre me atendem de roupa e luvas", ela diz.

Seja como for, o fato é que saber que a mulher goza nas mãos de outro homem - ainda que de luvas - parece ameaçador para muitos. Também por isso, há, entre os terapeutas, algumas mulheres. Para a ginecologista Isabela Correia, trata-se de puro machismo. De todo modo, ela vê com otimismo a popularização dos métodos para levar mulheres ao orgasmo - e a disseminação de informações a respeito do tema. "Quanto mais conhecimento, mais autocrítica sobre sua vida sexual. É importante se permitir pensar se é possível sentir ainda mais prazer", afirma.

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