Serra de Sintra volta a produzir mel 147 anos depois



Em 1877, D. Fernando II fez um pedido ao Almoxarife do Parque da Pena e, por indicação do rei, foram instaladas colmeias no interior do parque, junto ao Jardim da Condessa. Nos dois ofícios do Almoxarife, datados de 11 e 24 de novembro desse século, ficou ainda definido que seria a Condessa d’Edla a indicar o local definitivo para estas colmeias.

Passados 147 anos, a Parques de Sintra recuperou a produção de Mel apenas da Serra de Sintra e lançou, na sexta-feira, 6 de dezembro, o Mel Condessa d’Edla, que pode ser adquirido nas lojas dos monumentos geridos pela Parques de Sintra ou na loja online, revela a empresa em comunicado.

Segundo a mesma fonte, a presença de colmeias na Serra de Sintra é antiga, remontando a muitos anos de prática apícola na região. O projeto que recupera esta ancestral tradição foi iniciado em junho de 2023, e envolveu a instalação de 11 apiários, distribuídos por vários locais de relevância ecológica e histórica. As localizações escolhidas foram a Tapada D. Fernando II, a Tapada do Saldanha, a Tapada de Monserrate e o perímetro Florestal da Serra de Sintra, totalizando 165 colmeias.

A produção de mel é uma atividade milenar, que envolve uma série de etapas que devem ser cuidadosamente executadas para garantir a qualidade e a pureza do produto final.

No projeto apícola da Parques de Sintra, esta prática é realizada “com um profundo respeito pela tradição e de acordo com as melhores práticas de sustentabilidade e de conservação da natureza. O mel produzido nestas tapadas florestais promove cadeias curtas e uma economia circular”.

A apicultura desempenha um papel crucial na manutenção dos ecossistemas naturais e na promoção da biodiversidade. De entre todos os insetos, as abelhas – selvagens ou melíferas & são os polinizadores mais importantes, contribuindo para a polinização de culturas agrícolas. Mas a contribuição das abelhas vai além da agricultura, uma vez que também polinizam uma grande variedade de plantas silvestres, das quais depende a saúde de habitats naturais ou semi-naturais.

Nos últimos anos, as abelhas têm enfrentando um declínio acentuado em várias partes do mundo, resultante de uma combinação de fatores, tais como o uso de pesticidas, a perda de habitat, as alterações climáticas e a presença de pragas e doenças (e.g. o ácaro Varroa destructor).

Em Portugal, os dados apontam para uma mortalidade das colmeias entre 20% a 30% por ano. A recente presença da vespa asiática em Portugal também tem afetado negativamente a sobrevivência das abelhas.

Assim, o incentivo à apicultura sustentável “é uma ferramenta fundamental para contribuir para a conservação das populações das abelhas e a manutenção de ecossistemas saudáveis”.

O projeto de apicultura da Parques de Sintra tem subjacentes princípios sustentáveis da apicultura, nomeadamente, o manuseamento responsável das colmeias, que garante a saúde e a produtividade das abelhas, a preservação dos habitats existentes nas áreas florestais e a minimização da utilização de pesticidas e herbicidas nas proximidades das colmeias.

Os principais benefícios ambientais deste projeto são a promoção da biodiversidade – a polinização promove a reprodução de espécies vegetais que, por sua vez, são alimento e abrigo para diversas espécies de fauna – e a melhoria da qualidade da água – muitas plantas polinizadas por abelhas desenvolvem sistemas radiculares mais robustos, que ajudam a prevenir erosão e a reduzir o escoamento superficial.

O projeto apícola da Parques de Sintra tem como principais objetivos a preservação e divulgação de uma atividade tradicional que encerra um elevado valor biológico e económico, e potenciar a polinização das plantas, em especial das espécies botânicas autóctones, contribuindo para a melhoria da sua diversidade genética e, consequentemente, da sua capacidade para resistir a doenças e stress climático.

A Parques de Sintra “procura, ainda, promover a biodiversidade, através da presença de colónias saudáveis de abelhas que contribuem para a conservação dos ecossistemas e da flora local, bem como fomentar a economia circular, através da produção de bens alimentares próxima do consumidor final, utilizando técnicas modernas para potenciar uma produção sustentada”, conclui a nota.

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