HomeTiltArticleX fecha escritório no Brasil: qual a consequência? Vai ser bloqueado?20/08/202429 Imagem: Reprodução/WikipediaA saída do X (antigo Twitter) do Brasil, anunciada no sábado (17), marca um novo capítulo nas relações entre as grandes plataformas e a Justiça brasileira. A decisão do bilionário Elon Musk foi atribuída às "ameaças e censura" por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que lidera investigações sobre o papel de Musk em campanhas de desinformação contra instituições brasileiras.Especialistas apontam que a retirada do X do Brasil não exime a plataforma de seguir a lei nacional —mas dificulta o processo.A falta de uma sede ou um representante legal complica a aplicação de sanções para garantir o cumprimento da decisões judiciais e pode afetar a moderação de conteúdo, a comunicação com imprensa e governo e o atendimento ao usuário.Juca KfouriO torcedor que se perde em seu fanatismoCasagrandeTite & Titinho são repetitivos nas respostasRaquel LandimBolsonaro pede voto em Nunes nas redesJosias de SouzaMarçal leva campanhas ao descontroleO jurista Francisco Brito Cruz, diretor executivo do InternetLab, explica que, mesmo sem representantes no Brasil, a plataforma ainda está sujeita ao Marco Civil da Internet."A obrigação da empresa é seguir a lei brasileira. Ela pode até continuar atuando apenas com advogados aqui, como faz o Telegram. Mas, se não seguir a lei brasileira, a plataforma poderá enfrentar sanções, como o bloqueio, pois o Judiciário tem o poder de enviar ordens às operadoras para que não permitam que sua infraestrutura seja utilizada para acessar o serviço por parte dos usuários brasileiros."A comparação com o Telegram é pertinente. No passado, o mensageiro enfrentou bloqueios temporários no Brasil devido ao não cumprimento de ordens judiciais, que exigiam cooperação com as autoridades brasileiras. O app de origem russa, com sede em Dubai, até aquele momento tinha como padrão ignorar qualquer pedido judicial que não envolvesse casos de terrorismo. Depois do bloqueio, passou a ter um representante aqui.Na época, o caso gerou um debate sobre a soberania nacional e a capacidade de fazer cumprir a lei, o que pode acontecer novamente e levar Moraes a solicitar bloqueios semelhantes ao X. Para isso, precisaria apelar às operadoras de telecomunicações —como aconteceu com o Telegram.Para o pesquisador de direito e tecnologia do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade) Rio, João Victor Archegas, a escolha por retirar representante físico do país deteriora a relação entre o X e o Judiciário brasileiro (veja o histórico). E essa queda de braço pode culminar com o bloqueio permanente da rede social."A relação já era turbulenta e extremamente complexa. O X vinha se recusando, por exemplo, a cumprir certas ordens ou, então, cumpria essas ordens e, depois, Elon Musk vinha a público dizendo que essas ordens violavam o ordenamento jurídico brasileiro", lembra. "Será que essa plataforma pode continuar oferecendo seus serviços no Brasil se não estiver se submetendo à legislação brasileira como deveria? Eventualmente, podemos chegar até a uma discussão sobre se o X deve ou não ser bloqueado no Brasil. Podemos chegar a esse extremo."Continua após a publicidadeHistórico de bloqueiosO Brasil tem histórico de bloquear apps que não dialogam com as autoridades nos seus termos. Antes do Telegram, rolou em 2006 com o YouTube e em 2014 com o polêmico Secret.Entre 2015 e 2016, juízes ordenaram o bloqueio do WhatsApp no Brasil em pelo menos quatro ocasiões. Em três delas, o bloqueio foi cumprido pelas operadoras e o aplicativo de mensagens mais usado no país ficou inacessível por horas.Ao anunciar o fim das operações no Brasil, o X disse que Moraes ameaçou sua representante legal de prisão, caso a empresa não cumprisse a ordem de bloquear perfis investigados por práticas de crime.O STF, que disse que não vai comentar o caso, estabeleceu multa diária é de R$ 20 mil à administradora da empresa, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição. A prisão seria decretada por desobediência judicial caso as medidas não fossem cumpridas.No passado, outros executivos já chegaram a ser presos pelo mesmo motivo. Em 2012, a Polícia Federal deteve o diretor-geral do Google no Brasil, Fábio Coelho, por cerca de 21 horas. A ordem de prisão partiu do juiz Flávio Saad Perón, da 35ª Zona Eleitoral de Campo Grande, após a empresa se recusar a apagar um vídeo do YouTube que acusava um político mato-grossense de crimes.Continua após a publicidadeNewsletter Um boletim com as novidades e lançamentos da semana e um papo sobre novas tecnologias. Toda sexta.Quero receberE em 2016, policiais federais prenderam o vice-presidente do Facebook na América Latina, o argentino Diego Dzodan, em São Paulo. O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo juiz Marcel Montalvão, de Lagarto (SE), após o WhatsApp, que pertence ao Facebook, se recusar a compartilhar dados criptografados de um suspeito de tráfico de drogas. (Com Estadão Conteúdo e reportagem de Lucas Carvalho)O que você está lendo é [X fecha escritório no Brasil: qual a consequência? 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