Ucrânia: Dados da guerra são vistos como oportunidade para a indústria militar - Negó
Já se passaram mais de 500 dias desde o início da guerra na Ucrânia e o fim parece estar longe de acontecer. Apesar das baixas humanas e destruição das cidades, a guerra está a gerar oportunidades às empresas, sobretudo da indústria militar. 💥️Os dados gerados no conflito são bens preciosos que as empresas querem ter acesso, desde como as batalhas se desenvolvem ou como as pessoas e máquinas se comportam debaixo de fogo.
Estes dados são considerados de valor incalculável para as empresas que desenvolvem armas de nova geração ou para o treino de sistemas que podem ser utilizados em futuros conflitos. Numa reportagem da Wired, 💥️Cameron Chell, CEO da empresas canadiana Draganfly, diz estar a utilizar 40 drones na Ucrânia em missões de procura e salvamento em edifícios bombardeados, na deteção de minas terrestres e outras ações militares.
Salienta que todos podem ter o mesmo motor de IA, mas o fator diferenciador agora é a qualidade dos dados que os sensores recolhem para alimentar o seu software. Já se considera que os dados são o novo petróleo, não apenas pelo valor atual, mas pela importância no futuro. 💥️Os dados de guerra são utilizados para alimentar o treino de produtos de inteligência artificial, tais como os modelos do ChatGPT são treinados com palavras.
A Wired refere que uma empresa que vende drones que podem identificar autonomamente tanques, vai necessitar primeiro de treinar o seu software com um conjunto de imagens, tais como tanques camuflados, cobertos com arbustos, enterrados na lama, etc. 💥️Os sistemas necessitam reconhecer as diferenças entre um tanque militar e um trator civil, que tipo de veículo, se este é aliado ou inimigo, entre outros fatores.
E a própria Draganfly precisou treinar os seus sistemas de deteção de minas para que as diferencie de uma simples formação de rochas. E💥️ atualmente, a Ucrânia é o único local do mundo onde os dados de guerra podem ser recolhidos.
Existem outras empresas no terreno, muitas delas a trabalhar em “pro bono” no que diz respeito à ajuda das pessoas e do país, mas em troca obtêm os preciosos dados. Há empresas a trabalhar nas zonas de conflito para refinarem os seus produtos militares para depois os venderem em outros cenários. Um dos exemplos é a BRINC que utiliza drones com capacidade de partir janelas para entrar em edifícios, utilizados nos Estados Unidos pelas forças policiais. 💥️Na Ucrânia estão a ser usados para detetar sobreviventes de edifícios destruídos por mísseis. Novos modelos dos seus drones foram afiados a partir do feedback de dados gerados na Ucrânia.
💥️Veja na galeria imagens de satélite sobre a destruição da guerra na Ucrânia
O artigo destaca como o governo ucraniano abriu braços às empresas tecnológicas americanas para ajudar na guerra no primeiro ano. 💥️Mas atualmente começa a reconhecer o valor dos próprios dados e como estes devem agora ficar nas suas mãos. Ministério da Transformação Digital salienta o valor dos dados e já deixou o aviso às empresas que esperam aceder aos mesmos sem custos, ou qualquer tipo de benefício mutuo de cooperação.
A Ucrânia quer agora utilizar os dados obtidos para o seu próprio sector da Defesa. O 💥️país espera que, depois da guerra terminar, as empresas ucranianas estejam bem posicionadas no mercado com soluções que talvez ninguém tenha. E com isso, espera desenvolver uma indústria militar doméstica. Em exemplo dado, o Parlamento ucraniano decidiu fazer vários cortes nas taxas para as fabricantes de drones para encorajar a indústria. A grande procura de drones para a guerra deu origem a mais de 300 empresas a fabricar os aparelhos no país.
Mas os drones a operar em missões militares na Ucrânia estão a recolher dados que podem depois ser convertidos para outras industrias ou mesmo outras guerras.
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