Dead Space Remake: jogo se justifica e garante imersão do início ao fim

Dead Space Remake é uma releitura do clássico jogo que mistura ação e aventura com survival-horror, chegando em 2023 para PlayStation 5 (PS5), Xbox Series X/S e PC. O título, lançado originalmente em 14 de outubro de 2008, no caso para PlayStation 3 (PS3) e Xbox 360, sendo um dos grandes nomes do estilo, e com temática espacial como diferencial frente a outros títulos semelhantes. O game coloca você na Ishimura, estação espacial que está sendo atacada por Necromorfos, criaturas que, para serem derrotadas, exigem uma certa estratégia por parte do jogador.

Entre as principais novidades do remake estão a câmera em take único durante todo o tempo, o novo sistema de desmembramento e a nave totalmente interconectada, que exige uma exploração bem mais profunda que no game original. O 💥️TechTudo testou Dead Space Remake diretamente da sede da Eletronic Arts em São Francisco, California, e também conversou com a equipe de desenvolvimento do Motive Studio. Confira as novidades e primeiras impressões a seguir.

🎮 Dead Space Remake ganha novo trailer de gameplay; veja gráficos e combate

Dead Space Remake: testamos a releitura do clássico, que prende do início ao fim — Foto: Divulgação/EA 2 de 12 Dead Space Remake: testamos a releitura do clássico, que prende do início ao fim — Foto: Divulgação/EA

Dead Space Remake: testamos a releitura do clássico, que prende do início ao fim — Foto: Divulgação/EA

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Mudanças profundas, mas sem perder a essência

Dead Space foi um sucesso em 2008 por conta de sua proposta, com uma tensão característica do survival-horror junto a exploração e quebra-cabeças, além da necessidade de enfrentar Necromorfos pelos corredores da Ishimura. O sistema de desmembramento, que tornou o combate mais tático em relação a outros jogos de tiro, também foi um dos destaques, trazendo uma gameplay que exige bastante inteligência do usuário.

Segundo os desenvolvedores do Motive Studio que conversaram com o TechTudo, Philippe Ducharme e David Robillard, a ideia era continuar fiel ao Dead Space original, mas sem deixar de trazer melhorias importantes para a a jogabilidade: “A primeira coisa que decidimos foi honrar o legado. Portanto, com isso em mente, não é mais uma questão do que mudar ou refazer, mas sim ‘como fazer essa experiência única ainda melhor?’”.

Ideia era mudar pontos importantes, mas sem desrespeitar o legado; ainda assim, game traz novidades profundas na gameplay — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand 3 de 12 Ideia era mudar pontos importantes, mas sem desrespeitar o legado; ainda assim, game traz novidades profundas na gameplay — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Ideia era mudar pontos importantes, mas sem desrespeitar o legado; ainda assim, game traz novidades profundas na gameplay — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Para mexer nos pontos necessários, a equipe buscou trazer um aspecto importante: a nostalgia. Segundo eles, a memória afetiva dos usuários não está relacionada necessariamente com o que era o jogo, e sim a uma versão romantizada do game.

4 de 12 Em Dead Space Remake, há um feedback visual de como acontece o desmembramento; a perna já atingida do Necromorfo, nesse caso, tem menos carne — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Em Dead Space Remake, há um feedback visual de como acontece o desmembramento; a perna já atingida do Necromorfo, nesse caso, tem menos carne — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Durante a gameplay, foi possível perceber a importância de um comentário feito por Phillippe: “A Ishimura é literalmente uma casa mal-assombrada que você está visitando”. A estética futuristica está lá, assim como os adversários alienígenas (ou não tanto). Apesar disso, a essência é essa: uma história de terror. A ideia de torná-la uma espécie de mundo aberto exigiu alguns cuidados da equipe de desenvolvimento, como a contratação do diretor de intensidade.

O jogador pode transitar livremente (e conforme for desbloqueando as diferentes áreas), sendo necessário repetir alguns locais durante a gameplay. Para garantir o ritmo, a ideia foi oferecer diferentes sensações mesmo ao voltar no mapa, trazendo tensão e incerteza a cada vez que o protagonista Isaac passa pelas salas e corredores. Dessa forma, não são apenas inimigos que voltam a aparecer de forma aleatória, mas também sons, efeitos de luz, peças caindo, entre outros detalhes que aumentam a fixação do jogador (e garantem alguns sustos ao longo da jogatina).

5 de 12 Totalmente interconectada, a Ishimura, nave mal-assombrada do jogo, é considerada 'personagem a parte' pela equipe de devs — Foto: Divulgação/EA

Totalmente interconectada, a Ishimura, nave mal-assombrada do jogo, é considerada 'personagem a parte' pela equipe de devs — Foto: Divulgação/EA

Na prática, isso é traduzido em uma imersão profunda ao concluir as missões do jogo. Rangidos no teto, pedaços de metal caindo, luzes piscando e, em alguns momentos, inimigos surgindo das partes internas das paredes, assustando na medida certa e exigindo ainda mais ficar na pele de Isaac. ““E é sobre imersão. O áudio, a música… tudo envolveu trazer você para dentro do jogo. Você não está jogando com o Isaac, você é o Isaac”, concluiu David.

O protagonista, que é um engenheiro, também está mais “proativo” no título, diferente da sua versão original, definida pela equipe como um “faz-tudo de luxo”. Agora, além de cumprir as missões, Isaac tem voz própria (ausente em 2008) e responde e dá sugestões. Segundo Phillippe e David, isso garante uma aproximação do personagem a uma narrativa forte.

6 de 12 Isaac agora tem voz (Gunner Wright) e participa das tomadas de decisão no jogo, diferente do primeiro — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Isaac agora tem voz (Gunner Wright) e participa das tomadas de decisão no jogo, diferente do primeiro — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Também é possível ouvir a respiração do protagonista, assim como seus batimentos cardíacos. Isso ajuda a manter o jogador imerso e dá uma ideia da tensão causada pelo ambiente. “Relacionado a isso, é possível ouvir a exaustão e o estresse de Isaac; seu coração batendo… reforça o isolamento, a imersão e o fato de que você está bem f***** (risos) e precisa resolver tudo”, garantem os devs.

Há outras novidades que não apareceram em 2008, como novos elementos da história, que conta mais sobre o que aconteceu e também aprofunda o desenvolvimento de alguns personagens. Um ponto interessante é a gravidade zero, que permite transitar pela Ishimura de uma forma diferente, mas bem difícil de controlar (antes, o usuário podia fixar os pés no teto, por exemplo, ou andar pelas paredes, e agora Isaac 'voa' e o jogador decide quando 'pousar'). Da mesma forma, a possibilidade de realizar upgrades na armadura de Isaac e em suas armas também merecem destaque.

Mudança na gravidade zero é interessante; jogador agora 'voa' pelos corredores e descide quando fixar os pés no chão — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand 7 de 12 Mudança na gravidade zero é interessante; jogador agora 'voa' pelos corredores e descide quando fixar os pés no chão — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Mudança na gravidade zero é interessante; jogador agora 'voa' pelos corredores e descide quando fixar os pés no chão — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Tem onde melhorar

Apesar da impressão positiva, alguns pontos deixaram a desejar. O primeiro deles é o mapa, um pouco confuso de visualizar. Para explorar a nave, vale mais a pena tentar decorar os caminhos do que depender do mapa quando estiver perdido. Mesmo com a proposta de manter a intensidade, a busca pelos objetivos por áreas já exploradas acaba rendendo algum respiro na tensão.

Os controles também não agradaram tanto, trazendo uma física “dura” que segue o que era visto no Dead Space em 2008, sem a fluidez nos movimentos que um jogo atual costuma entregar. Isso também atrapalha um pouco a experiência da gravidade zero, novidade que poderia ser melhor explorada com movimentos mais suaves.

Dead Space Remake tem mecânica um pouco dura nos movimentos de Isaac — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand 8 de 12 Dead Space Remake tem mecânica um pouco dura nos movimentos de Isaac — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Dead Space Remake tem mecânica um pouco dura nos movimentos de Isaac — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Por fim, as animações de combate corpo a corpo, com pisões que finalizam os adversários, ficaram um pouco aquém, com cabeças explodindo sem um contato físico real entre Isaac e o Necromorfo, apenas uma certa proximidade. Vale lembrar que o jogo está inacabado, e ainda tem alguns meses de ajustes até o lançamento oficial, em 27 de janeiro de 2023.

Afinal: o remake se justifica?

Dead Space, em 2008, para PlayStation 3 (PS3), Xbox 360 e PC — Foto: Divulgação/EA 9 de 12 Dead Space, em 2008, para PlayStation 3 (PS3), Xbox 360 e PC — Foto: Divulgação/EA

Dead Space, em 2008, para PlayStation 3 (PS3), Xbox 360 e PC — Foto: Divulgação/EA

Em um momento da indústria gamer que muitas desenvolvedoras estão apostando em remakes e remasters de clássicos, uma pergunta importante deve ser feita: faz sentido investir tempo e dinheiro em um jogo que já existe? No caso do usuário, outro ponto: vale a pena pagar (mais caro) por esse game refeito?

No caso de Dead Space remake, é possível afirmar que se trata de outro jogo. As melhorias no combate e no visual são importantes, mas ganham muito mais se colocadas junto ao “mundo aberto” da Ishimura e ao take único da câmera que acompanha Isaac. Outros aspectos menores que somam na imersão também ajudam nessa justificativa.

Dead Space Remake, de 2023, para PlayStation 5 (PS5), Xbox Series X/S e PC — Foto: Divulgação/EA 10 de 12 Dead Space Remake, de 2023, para PlayStation 5 (PS5), Xbox Series X/S e PC — Foto: Divulgação/EA

Dead Space Remake, de 2023, para PlayStation 5 (PS5), Xbox Series X/S e PC — Foto: Divulgação/EA

11 de 12 Tensão do início ao fim é garantida com o remake; take único, nave interconectada e direção de intensidade são os 'culpados' — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Tensão do início ao fim é garantida com o remake; take único, nave interconectada e direção de intensidade são os 'culpados' — Foto: Reprodução/Yuri Hildebrand

Duas palavras definem a experiência ao jogar Dead Space Remake: imersão e intensidade. A equipe acertou ao trazer uma nave interconectada, assim como mandou bem nos aspectos de vídeo e áudio, como a respiração de Isaac, sua interação maior com outros personagens e o próprio ambiente, além da direção de intensidade em si.

O combate tático ganhou o reforço das tecnologias atuais de imagem, permitindo um feedback instantâneo de como o usuário está progredindo ao enfrentar os Necromorfos, assim como a narrativa um pouco mais de história para compor o clássico. Mas, o grande “cara” desse Remake é o take único, importante demais para entregar tanto imersão quanto intensidade.

Em plena 'era dos remakes', Dead Space (2023) se justifica na experiência repaginada — Foto: Divulgação/EA 12 de 12 Em plena 'era dos remakes', Dead Space (2023) se justifica na experiência repaginada — Foto: Divulgação/EA

Em plena 'era dos remakes', Dead Space (2023) se justifica na experiência repaginada — Foto: Divulgação/EA

Como concluíram David e Phillippe: "A expectativa é que alguns jogadores consigam passar por todo o jogo e dizer 'Não percebi que já está de noite! Comecei de manhã' (risos). Isso é o que esperamos que aconteça: que o tempo passe rápido (ao jogar)".

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