Nem monstros nem guardiãs: qual é a verdadeira função das famosas gárgulas de Notre-Dame? - Executive Digest
Victor, Hugo e Laverne encarnaram as gárgulas mais engraçadas da história, as protagonistas do filme de animação ‘Corcunda de Notre-Dame’, lançado em 1996, onde muitas pessoas aprenderam pela primeira vez o que eram aquelas figuras monstruosas & meio animais, meio humanas & que decoram as paredes de pedra da catedral.
Os nomes não foram escolhidos ao acaso: foram em homenagem de Victor Hugo, o autor do romance ‘Nossa Senhora de Paris’, que inspirou o filme, e a sua mulher- muito em breve, após cinco anos de encerramento devido ao incêndio que destruiu parte de Notre-Dame, vai poder admirar uma vez mais estas joias da arquitetura gótica.
Conhecidas como guardiãs da catedral, as gárgulas são muito mais do que simples decorações e o seu significado vai além da estética. Estas monstruosas criaturas de pedra desempenham um papel prático na arquitetura: com as suas longas gargantas, foram concebidas para canalizar a água da chuva para longe das paredes dos edifícios, evitando assim danos estruturais.
Na verdade, estes tubos receberam este nome a partir de uma fantástica criatura medieval: um dragão cuspidor de fogo que, no século VII, São Romano de Rouen subjugou e pregou a cabeça numa igreja para escoar água. O seu nome francês, gargouille, evoca o som que um líquido faz num tubo.
Além da sua função prática, as gárgulas da igreja cumpriam uma função a nível simbólico: como na Europa medieval poucos sabiam ler, os clérigos usavam estas figuras para representar visualmente os horrores do inferno, e assim encorajar as pessoas a irem à igreja.
Apesar do que se acredita, estas estátuas tão ligadas à imagem de Notre-Dame não fazem parte da sua construção original, concluída em 1345. Foram acrescentadas muito mais tarde, em meados do século XIX, durante um projecto de restauro que foi desenvolvido entre 1843 e 1864, liderado pelos arquitetos Eugène Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste Lassus.
Contudo, as gárgulas de Notre Dame-não foram projetadas para resistir ao passar dos séculos: A sua função e o material com que foram construídos, o calcário, tornaram-nos especialmente expostos ao desgaste, razão pela qual, hoje, apenas permanece de muitas delas apenas uma ténue memória.
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